Hospital América de Mauá alerta a população sobre os
sintomas e riscos da doença
A
Hanseníase, também conhecida como Mal de Hansen e historicamente como Lepra, é
uma doença infecciosa crônica causada por um microorganismo (bactéria) chamado Mycobacterium
leprae. Ela é transmitida de pessoa para pessoa, principalmente no convívio
com doentes sem tratamento. “A bactéria é transmitida pelas vias
respiratórias (pelo ar), e não por objetos utilizados pelo paciente. Estima-se
que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M.
leprae. Portanto, a maior parte das pessoas que entra em contato com a
bactéria não irá desenvolver a doença. É sabido que a susceptibilidade ao M.
leprae possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com
hanseníase possuem maior chance de adoecer. A doença acomete principalmente os
nervos superficiais da pele e os troncos dos nervos periféricos (localizados na
face, pescoço, braços, pernas), mas também pode afetar os olhos e órgãos
internos (mucosas, testículos, ossos, baço, fígado etc.). Se não tratada logo
no início, a doença quase sempre evolui, torna-se transmissível e pode atingir
pessoas de qualquer sexo ou idade, inclusive crianças e idosos. Essa evolução
ocorre, em geral, de forma lenta e progressiva, podendo levar a incapacidades
físicas”, explica Dra. Thaiz Santos Ochôa, dermatologista, prestadora de
serviços no Hospital América de Mauá.
A doença apresenta-se de várias formas na
pele, podendo parecer como diversas outras doenças de pele mais comuns, o que
pode dificultar o seu diagnóstico e atrasar o tratamento. A hanseníase ainda se
configura como um grave problema de saúde pública em muitos países, inclusive
no Brasil. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil e a Índia são
os dois países mais endêmicos do mundo, sendo notificados, pois o Brasil apresentava
no ano de 2009 15,4% (37.610 casos) dos doentes existentes no mundo, enquanto
na Índia o índice era de 54,7% (133.717casos), o que torna a hanseníase uma
doença de notificação obrigatória. “A OMS registra anualmente aproximadamente
250 mil casos novos de hanseníase no mundo, o que mostra a persistência da
transmissão da infecção nas últimas 3 décadas; ou seja, mesmo com tratamento já
estabelecido e fornecido gratuitamente pelos órgãos públicos, a hanseníase não
foi eliminada. No Brasil, as regiões Norte e Centro-oeste apresentaram os
maiores índices de notificações de novos casos de hanseníase no ano de 2012”,
esclarece Dra. Thaiz.
No dia 27 de janeiro
comemora-se o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (janeiro Roxo).
A data, celebrada sempre no último domingo do mês, reforça o compromisso em
controlar a hanseníase, oferecer o diagnóstico da doença e seu
tratamento correto, bem como difundir informações e desfazer o preconceito.
Durante todo o mês, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), por
intermédio do Departamento de Hanseníase e a Sociedade Brasileira de
Hansenologia (SBH), promovem campanhas e ações educativas para a
população.
Os principais sinais e
sintomas da hanseníase são: “Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas, acastanhadas
ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou ao tato, podendo
ou não ser dolorosa; formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que
evoluem para dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; pápulas
e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas; diminuição ou queda de pelos no
corpo ou no local da lesão, podendo acometer os pelos das sobrancelhas
(madarose); pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor
no local; diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados,
principalmente nos olhos, mãos e pés; entupimento, feridas e ressecamento do
nariz; ressecamento e sensação de areia nos olhos”, pontua a especialista.
No
início da doença, a lesão de pele pode ser única, mais clara do que a pele ao
redor (mancha), não é elevada (sem alteração de relevo), apresenta bordas mal
delimitadas, e é seca (“não pega poeira” – uma vez que não ocorre sudorese na
respectiva área). Há perda da sensibilidade (hipoestesia ou anestesia) térmica
e/ou dolorosa, mas a tátil (capacidade de sentir o toque) geralmente é
preservada. “Para direcionar o tratamento da doença, o paciente, no
momento do diagnóstico, é colocado numa tabela de classificação, que possuem
dois polos: de um lado os pacientes com mais imunidade e que, na maioria das
vezes, possuem menos lesões; no lado aposto pacientes com baixa imunidade à
bactéria e que possuem mais lesões. O diagnóstico da hanseníase deve ser
baseado, essencialmente, no quadro clínico do paciente. Quando disponíveis, de
qualidade e confiáveis, os exames subsidiários (baciloscopia e biópsia de pele)
podem ser feitos. O teste de sensibilidade também pode ser realizado pelo
médico”, ressalta Ochôa.
O
tratamento da hanseníase é realizado através da medicação, poliquimioterapia,
que, dependendo da sua classificação no momento do diagnóstico, pode ter a
duração de 6 meses a 1 ano. O tratamento é supervisionado pelos agentes de
saúde e possuem doses supervisionadas, de acordo com o Ministério da Saúde. “É
imprescindível avaliar a integridade da função neural no momento do
diagnóstico, na ocorrência de estados reacionais (durante o tratamento) e na
alta por cura (término da medicação). O grau de incapacidade física é uma
medida que indica a existência de perda da sensibilidade protetora e/ou
deformidade visível em consequência de lesão no nervo. A prevenção de
incapacidades em hanseníase inclui um conjunto de medidas visando evitar a
ocorrência de danos físicos, emocionais e socioeconômicos. A principal forma de
prevenir as deficiências e as incapacidades físicas é o diagnóstico precoce. O
objetivo geral da prevenção é proporcionar ao paciente, durante o tratamento e
após alta, a manutenção ou melhora de sua condição física, socioeconômica e
emocional. Considerada a doença mais antiga da humanidade, a hanseníase tem
cura, mas ainda é um grave problema de saúde pública”, finaliza.
Dra. Thaiz Santos
Ochôa - Dermatologista - CRM 121.336 - Prestadora de Serviços no Hospital
América de Mauá | Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.