O Serviço de Proteção ao Crédito, o
SPC Brasil, e a Confederação Nacional de Dirigentes fez uma pesquisa inédita
sobre os hábitos e percepções da mobilidade urbana no dia a dia dos
brasileiros. De acordo com o levantamento, caso houvesse uma boa alternativa de
transporte coletivo, seis em cada dez motoristas deixariam de usar os veículos
particulares para trajetos diários. Ou seja, 60% dos 1.500 consumidores
entrevistados, de todas as capitais, mudariam a opção de transporte caso
tivessem opções melhores. Quem dá mais detalhes é economista-chefe do SPC
Brasil, Marcela Kawauti.
“Este dado mostra, claramente, que o
fato de a gente ter uma mobilidade urbana ainda insuficiente, faz com que mais
e mais pessoas usem o carro. E se tivesse uma alternativa de qualidade boa,
eles deixariam de usar. E aí a gente tem vários impactos. O trânsito,
principalmente. Por conta desta preferência a gente tem um trânsito muito
grande. Na nossa estimativa, o brasileiro passa, em média, um mês e sete dias
no trânsito ao longo do ano.”
Segundo a pesquisa, 35% dos cidadãos
se locomovem de transporte público porque ele é mais barato do que os demais
tipos de transporte e 28% contam apenas com esse meio de locomoção disponível.
Apenas 17% foram mais resistentes e manteriam o hábito de se locomover apenas
com os veículos próprios. É o que explica Marcela Kawauti.
“Foram só 17%, um percentual muito
menor do que aqueles que disseram que talvez trocassem o carro se tivessem um
transporte público de qualidade. Quando a gente fala de tipo de transporte mais
usado no dia a dia, na maior parte dos casos o ônibus foi o mais citado. Para
ir ao trabalho ele é usado por 53% das pessoas, a escola ou faculdade, ele é
usado por 28% das pessoas, enfim, ele é o mais citado.”
Para aquelas pessoas que preferem se
deslocar de carro, surgem no topo da lista de vantagens o conforto (42%), a
comodidade (37%) e a rapidez para se chegar ao destino (32%).
A Confederação Nacional de Dirigentes
defende que um sistema de transporte planejado, integrado e de qualidade, seria
capaz de proporcionar menos emissão de poluentes, reduzir o número de acidentes
no trânsito e também traria benefícios para a economia e para o bolso do
consumidor.
A pesquisa foi feita em parceria com o
Sebrae e IBOPE e a margem de erro é de no máximo 3,0 pontos percentuais para um
intervalo de confiança de 95%.
OUTRAS INICIATIVAS RELACIONADAS A
MOBILIDADE URBANA:
O Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor, o Idec, lançou um aplicativo para celular, chamado MoveCidade, que
serve para verificar como está o funcionamento dos meios de transporte e gerar
dados para cobrar melhorias das concessionárias e dos governos. A ferramenta já
foi lançada em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Já o Instituto Clima e Sociedade
(ICS), organização não governamental (ONG) dedicada ao combate às causas das
mudanças climáticas, fez um estudo que mostra que os brasileiros têm
consciência da importância de mudar as escolhas de transporte e também de
priorizar a energia limpa.
Segundo a pesquisa, 86% das pessoas disseram
que votariam em um candidato que propusesse a recuperação de calçadas e praças,
facilitando, assim, a locomoção a pé pela cidade. Um total de 85% escolheriam
um candidato que propusesse a renovação da frota de ônibus e 84% dariam o voto
a quem recuperasse de ciclovias e ciclofaixas.
O Instituto de Políticas de Transporte
e Desenvolvimento (ITDP), que é uma ONG com sede em Nova York, também acredita
que os habitantes das grandes cidades sofrem com serviços precários. Dados da
ONG apontam que a rede de transportes cobre apenas 19% da população de São
Paulo e 30% da população do Rio de Janeiro.
Cintia Moreira
Fonte: Agência
do Rádio Mais