Especialista
explica os efeitos negativos que o excesso de tarefas pode causar nas pessoas e
aponta caminhos para reverter a situação.
No mundo
corporativo atual, ser multitarefa e estar sempre atarefado tornou-se sinônimo
de produtividade. No entanto, uma nova visão vem ganhando força: a de que estar
ocupado não significa, necessariamente, ser produtivo. O excesso de tarefas
pode aumentar o estresse e comprometer a saúde mental e emocional. De acordo
com a especialista em felicidade, saúde mental e bem-estar Renata Rivetti,
entender a diferença entre estar ocupado e ser produtivo é essencial para
empresas e indivíduos que buscam eficiência e equilíbrio.
“A pseudo-produtividade
é um fenômeno cada vez mais comum. As pessoas estão sempre ocupadas, mas
entregando pouco resultado significativo. Passamos horas em reuniões
improdutivas, lidamos com excesso de comunicação e retrabalho e, no final do
dia, há pouca ou nenhuma entrega de valor. Precisamos parar de medir
produtividade apenas pelo tempo dedicado e focar na qualidade do trabalho
realizado”, afirma Rivetti.
Cenário de estresse e saúde mental
Dados recentes
reforçam a gravidade desse problema. Segundo a pesquisa Ipsos, 62% da população
mundial afirma já ter se sentido estressada, e 60% das pessoas indicaram que
esse estresse afetou suas rotinas diárias pelo menos uma vez. No Brasil, a
situação é ainda mais alarmante: o país é o quarto mais estressado do mundo e,
de acordo com a OMS, lidera o ranking mundial de ansiedade, sendo também o
segundo em casos de burnout e o quinto em depressão.
A saúde mental
também se consolidou como uma preocupação crescente no Brasil: 54% dos
brasileiros apontaram o tema como o maior problema de saúde atual, segundo a
Ipsos, marcando um aumento significativo em relação aos 18% registrados em
2018. A sobrecarga no trabalho é uma das principais causas desse cenário.
Rivetti explica que “a pressão constante para estar ocupado está nos levando à
exaustão. Precisamos repensar a forma como trabalhamos e priorizar o bem-estar
para garantir eficiência e sustentabilidade a longo prazo”.
Como sair do modo ocupado e atingir a
produtividade real
Renata propõe
algumas práticas essenciais para reduzir a sobrecarga e aumentar a
produtividade de forma sustentável. Ela defende a necessidade de reuniões mais
curtas e objetivas, com pré-trabalho e pautas claras, além de blocos de
hiperfoco na agenda para garantir momentos sem distrações, permitindo maior
concentração em tarefas estratégicas.
"Precisamos
organizar o tempo de forma inteligente, trabalhando com foco e evitando
desperdícios", afirma Rivetti. O uso de inteligência artificial também é
destacado como uma forma de automatizar tarefas repetitivas, liberando os
profissionais para se dedicarem a atividades mais criativas e estratégicas.
Outro ponto
crucial é a priorização consciente das tarefas, utilizando ferramentas como a
Matriz Eisenhower para distinguir o que é urgente e importante. "Se tudo é
prioridade, nada é prioridade", alerta a especialista. Renata também
reforça a importância de incluir pausas programadas na rotina para evitar
exaustão e defende a adoção do trabalho assíncrono, que permite maior
flexibilidade e menos ansiedade ao evitar a necessidade de respostas imediatas.
O Impacto do bem-estar nas empresas
A pesquisa
"Cabeça de Dono", realizada pelo Itaú Empresas, em parceria com o
Instituto Locomotiva, aponta que 52% dos empreendedores brasileiros já
enfrentaram problemas de saúde relacionados ao trabalho. E mais: 62% afirmaram
desejar mais tempo com a família, reforçando a necessidade de um equilíbrio
entre vida pessoal e profissional.
“Reduzir o
estresse e a sobrecarga deveria ser prioridade em qualquer organização. Ao
fazer isso, não apenas promovemos saúde e bem-estar, mas também aumentamos a
eficiência e os resultados. Trabalhar melhor, e não mais, é o verdadeiro
caminho para a produtividade sustentável”, conclui Rivetti.
Renata Rivetti - fundadora da Reconnect Happiness At Work, parceira exclusiva da 4 Day Week Global, liderando o piloto da semana de 4 dias no Brasil. Formada em administração pela FGV-EAESP, é pós-graduada em psicologia positiva pela PUC-RS, com especialização em estudos da Felicidade na Happiness Studies Academy, além de ter diversas certificações em bem-estar e saúde mental no trabalho em Harvard, Penn, entre outras. Também é palestrante e professora do MBA Isec Lisboa de Felicidade Organizacional.
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