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sábado, 2 de novembro de 2024

Você é Ocupado ou Produtivo? Como diferenciar e combater o estresse da pseudo-produtividade

Especialista explica os efeitos negativos que o excesso de tarefas pode causar nas pessoas e aponta caminhos para reverter a situação.

 

No mundo corporativo atual, ser multitarefa e estar sempre atarefado tornou-se sinônimo de produtividade. No entanto, uma nova visão vem ganhando força: a de que estar ocupado não significa, necessariamente, ser produtivo. O excesso de tarefas pode aumentar o estresse e comprometer a saúde mental e emocional. De acordo com a especialista em felicidade, saúde mental e bem-estar Renata Rivetti, entender a diferença entre estar ocupado e ser produtivo é essencial para empresas e indivíduos que buscam eficiência e equilíbrio.

“A pseudo-produtividade é um fenômeno cada vez mais comum. As pessoas estão sempre ocupadas, mas entregando pouco resultado significativo. Passamos horas em reuniões improdutivas, lidamos com excesso de comunicação e retrabalho e, no final do dia, há pouca ou nenhuma entrega de valor. Precisamos parar de medir produtividade apenas pelo tempo dedicado e focar na qualidade do trabalho realizado”, afirma Rivetti.


Cenário de estresse e saúde mental

Dados recentes reforçam a gravidade desse problema. Segundo a pesquisa Ipsos, 62% da população mundial afirma já ter se sentido estressada, e 60% das pessoas indicaram que esse estresse afetou suas rotinas diárias pelo menos uma vez. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: o país é o quarto mais estressado do mundo e, de acordo com a OMS, lidera o ranking mundial de ansiedade, sendo também o segundo em casos de burnout e o quinto em depressão.

A saúde mental também se consolidou como uma preocupação crescente no Brasil: 54% dos brasileiros apontaram o tema como o maior problema de saúde atual, segundo a Ipsos, marcando um aumento significativo em relação aos 18% registrados em 2018. A sobrecarga no trabalho é uma das principais causas desse cenário. Rivetti explica que “a pressão constante para estar ocupado está nos levando à exaustão. Precisamos repensar a forma como trabalhamos e priorizar o bem-estar para garantir eficiência e sustentabilidade a longo prazo”.


Como sair do modo ocupado e atingir a produtividade real

Renata propõe algumas práticas essenciais para reduzir a sobrecarga e aumentar a produtividade de forma sustentável. Ela defende a necessidade de reuniões mais curtas e objetivas, com pré-trabalho e pautas claras, além de blocos de hiperfoco na agenda para garantir momentos sem distrações, permitindo maior concentração em tarefas estratégicas. 

"Precisamos organizar o tempo de forma inteligente, trabalhando com foco e evitando desperdícios", afirma Rivetti. O uso de inteligência artificial também é destacado como uma forma de automatizar tarefas repetitivas, liberando os profissionais para se dedicarem a atividades mais criativas e estratégicas.

Outro ponto crucial é a priorização consciente das tarefas, utilizando ferramentas como a Matriz Eisenhower para distinguir o que é urgente e importante. "Se tudo é prioridade, nada é prioridade", alerta a especialista. Renata também reforça a importância de incluir pausas programadas na rotina para evitar exaustão e defende a adoção do trabalho assíncrono, que permite maior flexibilidade e menos ansiedade ao evitar a necessidade de respostas imediatas.


O Impacto do bem-estar nas empresas

A pesquisa "Cabeça de Dono", realizada pelo Itaú Empresas, em parceria com o Instituto Locomotiva, aponta que 52% dos empreendedores brasileiros já enfrentaram problemas de saúde relacionados ao trabalho. E mais: 62% afirmaram desejar mais tempo com a família, reforçando a necessidade de um equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

“Reduzir o estresse e a sobrecarga deveria ser prioridade em qualquer organização. Ao fazer isso, não apenas promovemos saúde e bem-estar, mas também aumentamos a eficiência e os resultados. Trabalhar melhor, e não mais, é o verdadeiro caminho para a produtividade sustentável”, conclui Rivetti.

 


Renata Rivetti - fundadora da Reconnect Happiness At Work, parceira exclusiva da 4 Day Week Global, liderando o piloto da semana de 4 dias no Brasil. Formada em administração pela FGV-EAESP, é pós-graduada em psicologia positiva pela PUC-RS, com especialização em estudos da Felicidade na Happiness Studies Academy, além de ter diversas certificações em bem-estar e saúde mental no trabalho em Harvard, Penn, entre outras. Também é palestrante e professora do MBA Isec Lisboa de Felicidade Organizacional.



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