Sociedade de
Pediatria do RS orienta sobre como apoiá-las durante o momento
O processo de luto, que se inicia após a perda de
uma pessoa próxima, representa uma trajetória emocional complexa, em que os
indivíduos se deparam com diferentes sentimentos, como tristeza, frustração,
desânimo e irritabilidade. Assim como ocorre com os adultos, o luto na infância
envolve uma variedade de emoções e pode levar diferentes períodos para ser
processado. Dessa forma, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS)
oferece diretrizes sobre como apoiar as crianças durante esse período.
Segundo o especialista em Psiquiatria da Infância e
Adolescência, Thiago Gatti Pianca, é importante cuidado ao comunicar à criança
sobre a morte de alguém, já que ela apresenta uma interpretação
diferente.
“A criança não entende a morte da mesma maneira de
um adulto. Conforme a idade e o momento dela em seu desenvolvimento, ela pode
achar que a morte não é irreversível, como em um desenho animado ou um jogo de
videogame, em que o personagem volta logo depois. Por isso deve-se agir com
calma e honestidade, utilizando uma linguagem apropriada para a criança. Porém,
utilizar eufemismos, como dizer que virou estrela, ou foi descansar, podem mais
confundir do que ajudar”, destaca.
Além disso, o psiquiatra pontua que a decisão de
participar de cerimônias, como o velório, enterro, ou a cremação depende de
cada família, além da própria criança.
“Ela pode sentir medo e não conseguir ir, mas isso
pode, por vezes, ser substituído por outros tipos de homenagens, como escrever
uma carta ou fazer um desenho a ser levado para o familiar que morreu, assim
como alguma atividade que ele gostava em sua lembrança”, pontua.
Thiago também ressalta que os adultos podem servir
como modelo para a experiência de luto, demonstrando seus sentimentos e falando
sobre eles de maneira apropriada.
“É fundamental que a criança tenha permissão e
espaço para sentir e expressar suas emoções. É normal passarem por períodos de
tristeza, intercalados com raiva, medo e confusão. Isso pode acontecer por
muito tempo após a perda”, relata.
Ademais, é necessário estar atento a sintomas mais
intensos e duradouros do luto.
“É crucial perceber sinais como mudanças no
comportamento, regressão de marcos do desenvolvimento, insônia ou ansiedade
excessiva. Tais sintomas, especialmente se forem prolongados, podem ser um
indicativo de necessidade de procurar atendimento em saúde mental”, finaliza o
especialista.
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