Vaso de cerâmica da cultura Nasca (100 a.C – 650 d.C) com representação
de ser mítico antropomorfo, da Coleção Ema Klabin.
Foto: Massapê Audiovisual/ Sergio Zacch.
Mostra
exibe mais de 90 peças arqueológicas de antigas civilizações de regiões que
hoje pertencem aos territórios do Peru, Equador, México, Costa Rica, Colômbia,
Bolívia, Brasil e Venezuela
A Casa Museu Ema
Klabin promove até o dia 23 de fevereiro de 2025, a exposição América
pré-colombiana: corpo e território, que apresenta mais de 90
peças arqueológicas de diversas civilizações pré-colombianas que habitaram as
Américas por mais de 15 séculos. Com curadoria de Daniela La Chioma e Emerson
Nobre, a exposição reúne peças da Coleção Ema Klabin, do Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP (MAE-USP), da Coleção Ivani e Jorge Yunes e de coleções
particulares.
A mostra apresenta
peças datadas entre 1800 a.C e 1750 d.C, produzidas em cerâmica, metais,
têxteis, pedra e concha. Muitos destes artefatos são expostos pela primeira
vez. A exposição explora a diversidade cultural e as concepções sobre
corporalidade dos povos originários por meio de três eixos narrativos: corpo,
mito e natureza, e sonoridades.
A representação
dos corpos nas peças era uma característica central na produção de várias
culturas na América indígena. Além disso, as sonoridades desempenhavam um papel
crucial na experiência corporal e mítica. As sociedades ameríndias criaram
diversos instrumentos musicais utilizados tanto em rituais quanto como forma de
comunicação a longa distância.
“A principal
mensagem que queremos transmitir aos visitantes da exposição América
pré-colombiana: corpo e território é que a América, antes da
chegada dos europeus, era um continente extremamente diverso, com grande
sofisticação cultural, ecológica e tecnológica. Os modos de vida destes povos
antigos têm muito a nos ensinar sobre as relações em harmonia com a natureza e
com a sustentabilidade”, afirma a curadora da exposição, Daniela La Chioma,
doutora em arqueologia pelo MAE-USP.
Segundo Emerson
Nobre, a exposição foi planejada levando em consideração a maneira como os
povos indígenas das Américas entendem e vivenciam o corpo humano. “Desde a
concepção desta exposição, percebemos que muitas das temáticas poderiam ser
norteadas pela noção de corporalidade ameríndia, segundo a qual ‘o corpo é o
lugar pelo qual as pessoas são socializadas’. Os povos que produziram esses
objetos são os ancestrais dos povos que habitam o nosso continente hoje e as
histórias desta mostra não dizem respeito apenas ao passado, mas também aos
povos indígenas que há milhares de anos habitam este continente e vivenciam as
suas corporalidades”, analisa o curador da exposição, que é mestre em
arqueologia pelo MAE-USP e especialista em coleções arqueológicas da Amazônia.
Diversas
civilizações
A exposição revela
uma diversidade de culturas da região do atual Peru, abrangendo a costa norte
(Mochica, Chimu, Lambayeque, Vicús), a costa central (Chancay) e a costa sul
(Nasca). A Amazônia também está fortemente representada, com um grande
número de peças, principalmente da cultura Marajoara, além de artefatos das
culturas Santarém, Maracá, Aruã, Caviana e da Tradição Polícroma da Amazônia. Além
disso, a mostra inclui peças de civilizações do Equador, México, Costa Rica,
Colômbia, Bolívia e Venezuela, proporcionando uma visão abrangente do
patrimônio cultural e arqueológico das Américas.
Destaques
Entre as
raridades, destacam-se duas peças andinas do MAE-USP, da Coleção Ivani e Jorge
Yunes, que retratam a figura do felino em transformação, uma da cultura
Cupisnique e a outra da cultura Chimú-Inca. Outro destaque da região Andina são
os vasos escultóricos da cultura Mochica, que representam rostos de guerreiros
e governantes com grande realismo, e os cântaros da cultura Chancay, usados
como peças funerárias para armazenar oferendas, como grãos e líquidos, junto ao
falecido.
A exposição também
apresenta objetos sibilantes, que, ao serem preenchidos com água e
movimentados, produzem som. Um dos vasos da Coleção Ema Klabin é bastante raro
por suas características morfológicas e iconográficas.
Da cultura Marajoara, na Amazônia, a mostra apresenta um pote utilizado para colocar tintas e pigmentos. Além disso, estão em exposição urnas funerárias antropomorfas do estuário amazônico, que mostram a diversidade na representação do corpo dos povos que habitavam aquela região.
Há várias
curiosidades sobre os artefatos e civilizações apresentados. Na coleção de
peças da Amazônia, as tangas de cerâmica da cultura Marajoara merecem atenção
especial. “São peças que apresentam uma diversidade de tamanhos, formatos e
tipos de decoração. Podemos presumir que essa variedade esteja relacionada às
características das pessoas que as usavam e às ocasiões de uso. Essas tangas
eram frequentemente encontradas em sepultamentos, mas apresentavam sinais de
uso, como orifícios por onde eram amarradas ao copo e marcas de desgaste,
mostrando que não foram feitas apenas para acompanhar os mortos”, explica o
curador Emerson Nobre.
Réplicas
interativas
Durante a
exposição, o público tem a oportunidade de manipular réplicas de peças sonoras
produzidas pelo ceramista Carlo Cury, pesquisador de cerâmica dos povos
nativos.
A exposição América
pré-colombiana: corpo e território conta com o apoio de
Klabin S.A.
Serviço
Exposição América
pré-colombiana: corpo e território
Curadoria: Daniela
La Chioma e Emerson Nobre
Até 23/02/2025
De quarta-feira a
domingo, das 11h às 17h
Rua Portugal, 43,
Jardim Europa, São Paulo.
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