Crianças
que aprendem em ambientes livres de pressão têm, em média, 40% mais criatividade,
aponta um estudo do Instituto Ayrton SennaAs telas convidam à individualidade, escola
é lugar para a construção do coletivo.
Unsplash
Nos últimos anos, o movimento sem telas nas escolas tem ganhado
força globalmente, motivado por preocupações sobre o impacto do uso excessivo
de dispositivos digitais na saúde mental e no desempenho acadêmico dos alunos.
Uma tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Medicina Molecular da UFMG
indica que o uso excessivo de telas está associado a uma deterioração da saúde
mental, afetando usuários de todas as idades.
Na Catalunya, uma escola proibiu o uso de celulares durante o
horário escolar, resultando em um aumento de 30% na concentração dos alunos e
de 25% no aproveitamento escolar em apenas um semestre, segundo uma pesquisa do
Instituto de Pesquisa Educacional da Catalunya. Esses dados reforçam a ideia de
que eliminar distrações digitais pode beneficiar o aprendizado.
Em um movimento semelhante, escolas na França também têm
implementado restrições ao uso de celulares, com 54% dos professores relatando melhorias
significativas no desempenho dos alunos após a adoção de políticas sem telas,
segundo a pesquisa da Universidade de Harvard.
Terezinha Fogaça de Almeida, fundadora da Escola Ágora em Cotia, São Paulo, defende o
movimento sem telas, ressaltando que a tecnologia deve auxiliar o aprendizado.
“A escola foca no desenvolvimento da atenção e da interação pessoal, promovendo
habilidades sociais como comunicação e empatia. A restrição ao uso de celulares
tem gerado resultados positivos, estimulando a curiosidade e criatividade das
crianças”, disse Terê que adota essa abordagem há quase 40 anos, em meio à Mata
Atlântica.
De acordo com um estudo do Instituto Ayrton Senna, crianças que aprendem em ambientes livres de
pressão têm, em média, 40% mais criatividade. A Ágora realiza projetos de reciclagem
e possui uma composteira que transforma resíduos orgânicos em adubo,
incentivando a responsabilidade ambiental. Os alunos participam do plantio de
árvores nativas da Mata Atlântica, como Pau Ferro e Bago de Macaco,
contribuindo para a recuperação da vegetação local. Na escola, os alunos, sem o
uso de telas, constroem cabanas, espadas e até uma moeda própria, cuja forma
mais valiosa é uma semente de olho-de-cabra. Eles desenvolvem um ecossistema de
cooperação, aprendendo a conviver com as diferenças e negociar regras.
Neste contexto, a fundadora da Ágora, Terê, menciona mais 5
atividades escolares “sem telas”:
- Oficina
de artes: promova uma atividade de
artesanato onde os alunos possam criar obras usando materiais variados,
como papel, tecido, tinta e objetos reciclados. Essa atividade pode ser inspirada
em artistas ou movimentos artísticos;
- Teatro:
os alunos podem preparar uma peça de teatro. Isso
estimula a criatividade e a expressão oral, além de ser divertido!
- Roda
de leitura: organize uma roda de leitura
onde os alunos escolhem livros e compartilham trechos ou ideias principais
com os colegas. Isso incentiva a leitura e a interpretação de texto;
- Aula
de música: explore os ritmos, comece com uma breve introdução sobre diferentes ritmos.
Toque padrões rítmicos simples no piano e peça aos alunos que os emitem,
tanto no piano quanto batendo palmas. Varie os tempos (rápido, lento) e as
acentuações;
- Debates
e discussões em grupo: Escolha um tema
relevante e promova um debate. Os alunos podem se dividir em grupos e
preparar argumentos, desenvolvendo habilidades de oratória e pensamento
crítico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário