Ao
longo da vida, nos deparamos com diversas situações difíceis que nascem da
convivência com as pessoas, como o estresse no trabalho e a crise no
relacionamento. Esses momentos podem gerar diferenças entre valores, crenças,
interesses e objetivos e tornam-se conflitos quando cada indivíduo envolvido
tenta impor o seu ponto de vista, sem ouvir e sem respeitar a outra parte.
Para
entender melhor o que o conflito representa, vamos analisar a origem da
palavra: no latim, confligere é composto por “com” e “fligere”, que
significa “combater, estar em desavença, golpear, atacar” - ou seja, evoca um
conceito negativo de guerra e agressividade. Porém, o termo também possui outro
significado, bem mais positivo, de “fazer encontrar”.
Ao
avaliar esse último ponto de vista, podemos considerar que é, sim, possível se
aproximar positivamente de um conflito, respeitar as diversidades e transformar
o momento em um recurso, em vez de um confronto. Assim, é possível criar uma
evolução e a abertura ao novo. Tudo depende das estratégias utilizadas para resolver
os problemas.
Mas
será que essas táticas são construtivas e de cooperação para, assim, se chegar
a uma solução compartilhada? O primeiro passo é entender que o seu ponto de
vista é diferente do outro. Cada ser humano interpreta a realidade conforme suas
crenças, experiências, educação e convicção. Então, lembre-se: antes de querer
ser compreendido, compreenda o outro.
A
próxima etapa é avaliar os três pontos de vista: a primeira posição é
referente à própria realidade, aos próprios sentimentos, valores, às crenças e
a como enxergar o mundo - é “como eu lido com o conflito”; a segunda posição
refere-se à perspectiva da outra pessoa, a “como o outro percebe essa
situação”; por fim, a terceira posição é a do observador, é o olhar
objetivo da interação entre a primeira e a segunda posições. Nesta fase, é
preciso esquecer por um momento o que você quer e olhar para a situação de
forma mais distanciada e sem julgamentos.
Após
entender as três ações mencionadas acima, é necessário compreender as posturas
corporais do outro. Identificar a forma como ele se comunica permite uma ampla
e correta avaliação da situação, para reorganizar ou corrigir os
comportamentos, redirecionar ações, solucionar conflitos e chegar a um
resultado desejado. Treine a forma de olhar a vida e as situações de pontos de
vista diferentes, para desenvolver uma visão mais aberta e observar os
problemas de diferentes perspectivas e ângulos.
Quando
olhamos o mundo com novos olhos, mudamos velhos julgamentos, enriquecemos o
nosso cérebro com novas experiências, a mente se abre e, assim, os
comportamentos automáticos e repetitivos se transformam. Também é fundamental
desenvolver a capacidade de lidar com as emoções (tanto as próprias quanto as
dos outros) de maneira apropriada, sem se deixar dominar por elas, mantendo o
autocontrole e o equilíbrio. Algumas questões ajudam a fazer a autoanálise:
“quando eu enfrento um conflito, o que é importante para mim?”; “quais são as
minhas intenções?”.
Para
controlar as próprias emoções, um recurso simples e eficaz é a respiração. Na
sua rotina, faça 20 respirações conectadas: respire pelo nariz, de forma mais
lenta e profunda que o normal, com expansão torácica e abdominal. Fazer esse
exercício uma ou duas vezes ao dia ajuda a desenvolver uma maior consciência
corporal.
Para
estar preparado a lidar com as divergências, permita utilizar e colocar em
prática essas atitudes, pois qualquer habilidade precisa ser treinada e
repetida para se tornar natural. O ponto não é evitar o conflito, fechar os
olhos para a realidade, mas saber como geri-lo de forma eficaz e produtiva.
Eduardo
Shinyashiki - presidente do Instituto Eduardo
Shinyashiki, mestre em neuropsicologia, liderança educadora e especialista em
desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal. Com
mais de 30 anos de experiência no Brasil e na Europa, é referência em ampliar o
poder pessoal e a autoliderança das pessoas, por meio de palestras, coaching,
treinamentos e livros, para que elas obtenham atuações brilhantes em suas
vidas. Mais informações: www.edushin.com.br