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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Christiana Kalache é a nova madrinha da Campanha #gravidezsemalcool



Mãe do pequeno Joaquim, de 3 anos, Christiana Kalache, a Kika, é a nova madrinha da campanha #gravidezsemalcool contra a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), edição 2017. A atriz tem seu currículo diversos sucessos do teatro e da televisão brasileira, como a peça Melodrama, o filme Lavoura Arcaica, novelas como América, Ti Ti Ti, Cheias de Charme, O Clone, e as séries Sob Nova Direção e Casos e Acasos.
A campanha #gravidezsemalcool visa conscientizar as futuras mamães sobre o risco da ingestão de qualquer quantidade de álcool durante a gestação. Evidências médicas demonstram que um só gole pode acarretar problemas graves e irreversíveis ao bebê.  
A iniciativa permanente estimula o combate à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) e foi lançada nacionalmente há quatro anos, pela Sociedade de Pediatria de São Paulo. O apoio institucional é da Marjan Farma, com cooperação da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo SOGESP, Academia Brasileira de Neurologia, Associação Paulista de Medicina e Associação Brasileira das Mulheres Médicas. A partir de 2016 a campanha foi endossada pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Kika deu à luz Joaquim com 42 anos. Ela conta as dificuldades e cuidados para seu bebê nascer saudável. “Resolvi ter filho tarde. Toda vez que pensava que era a hora aparecia um trabalho ou uma viagem e sempre acabava adiando o momento de ser mãe. Pensava que nos dias de hoje as pessoas pudessem ter filhos quando bem quisessem, mas não é assim. Aos 39 anos foi difícil engravidar. Recorri a FIV, fertilização in vitro, sofri grande desgaste emocional. para engravidar, minha primeira decisão foi levar uma vida mais saudável. Parei imediatamente de fumar e de beber. O que são nove meses de cuidado conosco para ter uma criança saudável? Tudo que toda mãe quer para o seu filho é saúde e confesso que não me senti privada de nada. O Joaquim nasceu saudável, com quase 4kg. Até parar com a amamentação não tomei uma só gota de álcool”.

Sobre a SAF
A exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica pode acarretar problemas graves e irreversíveis ao bebê. Eles podem revelar-se logo ao nascimento ou mais tardiamente e perpetuam-se pelo resto da vida. A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) apresenta diversas manifestações, desde malformações congênitas faciais, neurológicas, cardíacas e renais, mas as alterações comportamentais estão sempre presentes. Contabiliza, mundialmente, de 1 a 3 casos por 1000 nascidos vivos. No Brasil não há dados oficiais do que ocorre de norte a sul sobre a afecção; entretanto, existem números de universos específicos.
Para ter uma ideia, no Hospital Municipal Maternidade-Escola de Vila Nova Cachoeirinha, um estudo com 2 mil futuras mamães apontou que 33% bebiam mesmo esperando um bebê. O mais grave: 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz.
“É fundamental ressaltar que o melhor caminho é realmente a prevenção” completa a Dra. Conceição Aparecida de Mattos Ségre, do Grupo de Prevenção dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). “Não há qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica que proteja a criança de qualquer risco. Neste caso, a gestante ou a mulher que pretende engravidar deve optar por tolerância zero à bebida alcoólica”.

Características
O conjunto de efeitos decorrentes do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. A frequência dessas implicações varia conforme etnia, genética e até mesmo a quantidade ingerida. Isso não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a probabilidade é alta.
“Bebês com SAF têm alterações bastantes características na face, as chamadas dismorfias faciais. Além disso, faz parte do quadro o baixo peso ao nascer devido à restrição de crescimento intrauterino, e o comprometimento do sistema nervoso central. Essas são as características básicas para o diagnóstico no período neonatal”, comenta Claudio Barsanti, presidente da SPSP.
No decorrer do desenvolvimento infantil, o dismorfismo facial atenua-se, o que dificulta o diagnóstico tardio. Permanece o retardo mental (QI médio varia de 60 a 70), problemas motores, de aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, entre outros. Adolescentes e adultos demonstram problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei (60%); comportamento sexual inadequado (52%) e dificuldades com o emprego (70%).

Diagnóstico e Tratamento
Em São Paulo, o Grupo da SPSP cria ações para conscientizar os pediatras, com distribuição de material em eventos científicos, publicações disponíveis na internet aos associados da SPSP e cursos voltados para equipes multidisciplinares de capacitação para reconhecimento e condutas nesses casos.
Nos Estados Unidos e Canadá, existe um teste que identifica produtos do álcool no mecônio ou cabelo do recém-nascido. É uma técnica de alto custo, que ainda não está disponível no Brasil.
“Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não têm cura, por isso vale a máxima: o quanto antes parar, melhor para o bebê, sua família e a sociedade. O diagnóstico precoce da doença e a instituição de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância podem abrandar suas manifestações”, completa a Dra. Conceição.

 

Marketing de álcool em filmes populares duplica nas últimas duas décadas



 Aumento de inserções das marcas de álcool em filmes  para crianças preocupa estudiosos


Novas pesquisas mostram que as inserções das marca de álcool, em filmes populares, de todas as classificações, quase duplicaram nas últimas duas décadas, mas o aumento foi particularmente maior em filmes indicados para crianças. Os pesquisadores, que apresentaram essas descobertas na Reunião de Sociedades Acadêmicas Pediátricas de 2017, em San Francisco, descobriram que as marcas de álcool presentes nos filmes fazem, muitas vezes, com que os jovens bebam mais.

“Crianças e jovens olham para estrelas de cinema como modelos. Para as empresas de álcool, quando uma estrela consome uma certa bebida, essa marca se liga a todas as características que os jovens admiradores veem no ídolo. Por isso, não é surpresa que as marcas comumente exibidas nos filmes sejam as marcas mais anunciadas e as mais consumidas entre menores de idade”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Analisando os 100 filmes com as receitas brutas de bilheteria mais altas dos EUA, a cada ano, durante o período de estudo de duas décadas, os pesquisadores determinaram que a inserção das marcas de álcool aumentou anualmente, em média, de  5% ao ano a 92% em geral.

Outras descobertas do mesmo estudo:

·         O uso de álcool foi retratado em 87% (1.741) de todos os filmes, em geral. Marcas específicas de álcool apareceram em 44% (867) deles;

·         Os personagens beberam álcool em 85% (1.108) de todos os filmes indicados para crianças durante o período de estudo;

·         As marcas de álcool apareceram em 41% (533) dos filmes indicados para crianças durante o período de estudo;

·         Apenas três marcas de álcool (Budweiser, Miller e Heineken) representaram quase um terço (33%) de todas as inserções, com a Budweiser aparecendo na maior quantidade de filmes indicados para crianças (15%).


“O álcool continua a ser a droga de escolha entre os jovens, responsável por 4.300 mortes nos Estados Unidos a cada ano, entre pessoas menores de 21 anos. Esta pesquisa sugere que a crescente exposição ao ‘marketing do álcool’ em filmes, a cada ano, é preocupante, porque  tem sido repetidamente associada  a maiores taxas de consumo de álcool”, diz Chencinski.






Moises Chencinski




Os malefícios do álcool para o feto



O consumo de álcool por mulheres grávidas pode causar inúmeros problemas de saúde no bebê, mas um deles, a síndrome alcoólica fetal (SAF), certamente é a mais perigosa. “Ela leva a criança a apresentar várias alterações em diferentes órgãos do corpo, inclusive faciais, bem como desordens de comportamento, que não têm cura. Como os efeitos do álcool duram toda a vida, a solução está na profilaxia, ou seja, se estiver grávida, não beba, e se beber, não engravide. Tolerância zero para álcool na gravidez”, adverte Conceição Aparecida de Mattos Segre, pediatra e coordenadora do Grupo de Estudos Sobre os Efeitos do Álcool no Feto da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

“É preciso salientar ainda que a SAF completa é apenas o que poderíamos chamar de ‘a ponta de um Iceberg’, pois a cada caso da síndrome completa há, pelo menos, 10 casos da síndrome parcial que somente vai ser percebida com o crescimento da criança”, explica a médica. Ou seja, o bebê pode ter apenas um dos problemas citados ou vários.

Segundo Conceição Segre, não há quantidade conhecida de consumo de bebida alcoólica durante a gravidez que seja segura para o bebê. No corpo da gestante, o álcool entra na circulação sanguínea, atravessa a placenta e chega ao líquido amniótico (fluido que envolve o embrião) e ao feto.

O diagnóstico da SAF não é fácil e é basicamente clínico. “Há uma tríade de sinais característicos da SAF que podem ser reconhecidos ao nascimento: dismosfirmos
faciais como pálpebras pequenas, ausência de filtro nasal, a parte vermelha do lábio superior muito fina, a deficiência de crescimento e as alterações do sistema nervoso central”, explica a pediatra.

“Os danos para o sistema nervoso central são os mais importantes e os que apresentam consequências mais graves. Ocorre atrofia cerebral, o que significa a presença de microcefalia. Além disso, há várias outras alterações estruturais, como alterações na forma e/ou no tamanho, diminuição do volume dos gânglios basais, que são as estruturas do corpo relacionadas ao movimento, desenvolvimento defeituoso ou incompleto do cerebelo e do hipocampo”, informa.

O diagnóstico precoce da SAF é fator determinante para o futuro desenvolvimento
dessa criança. “Ela deve ser assistida por equipe multiprofissional e, além disso, é necessária adaptação das escolas, com capacitação dos professores em relação à doença, pois elas apresentam problemas sociais, emocionais, cognitivos e de comportamento. Os pais ou cuidadores responsáveis também necessitam de apoio psicossocial por toda a vida”, explica.

As crianças com a síndrome se tornam adultos com problemas de saúde mental em 95% dos casos, e ainda apresentam outras complicações como: confinamento em prisões, em centros de tratamento de drogas ou álcool e em instituições para doentes mentais (55%), problemas com a lei (60%), comportamento sexual inadequado (52%), incapacidade de viver de forma independente (82%), dificuldades no emprego (70%), e abuso de álcool e drogas (em mais de 50% dos doentes do sexo masculino e 70% do sexo feminino).

A SAF é 100% atribuída ao álcool e, portanto, totalmente evitável. O conselho da especialista é simples: grávidas não podem beber e se as mulheres quiserem fazer uso do álcool, não devem engravidar.





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