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terça-feira, 2 de agosto de 2022

Metaverso x LGPD: Um espaço seguro para meus dados?

O impacto comportamental, vigilância e privacidade, roubo de identidade, golpes sofisticados de engenharia social e acesso de crianças e/ou adolescentes são apenas alguns dos tópicos que precisam de discussão urgente


Nos últimos meses, o termo Metaverso tem sido mencionado com frequência e seu desenvolvimento abraçado por grandes empresas. Contudo, pouco se fala sobre o que a terminologia quer dizer efetivamente e quais as implicações práticas na vida.

Em essência, o Metaverso diz respeito a tecnologias capazes de replicar a realidade ou de criar um universo paralelo por meio do uso de dispositivos e de ambientes digitais, como, por exemplo, jogos e até salas de reuniões interativas.

Portanto, o termo não se refere a uma única tecnologia ou a uma única empresa e sim a ambientes virtuais com um grau de imersão tão alto, que conseguem replicar em parte, ou em sua totalidade, as interações possíveis no mundo real.

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou, em outubro de 2021, que o nome da empresa seria alterado para “Meta”, em uma alusão ao Metaverso. A princípio, pensou-se que fosse apenas uma jogada de marketing para dissociar a empresa das controvérsias que envolviam seu nome na época. Contudo, diante da própria apresentação do CEO, foram revelados que os ambiciosos planos da empresa abrangendo o Metaverso iriam muito além de um rebranding da empresa.

Embora possa parecer novo, os termos e conceitos do Metaverso foram usados pela primeira vez no livro do autor Neal Stephenson, Snow Crash, publicado em 1992. Assim como no romance de Stephenson, na prática, o conceito de Metaverso consiste em um ambiente virtual onde os usuários usam seus avatares para interagir uns com os outros e vivenciar uma experiência real.

Imagine poder se mover para quase qualquer lugar da Terra utilizando avatares que se assemelham fisicamente com você na vida real, ou mesmo utilizar um avatar completamente diferente? Poderia até mesmo comprar roupas de marca, acessar seu banco e trabalhar, tudo em um só ambiente. Após o estabelecimento do Metaverso, tudo isso será possível. Grandes empresas de moda como: Nike, Ralph Lauren, Gucci, Balenciaga e outros, Bancos e até mesmos influenciadores digitais já estão apostando e investindo grandes quantias nesse “novo mundo”.

Dadas as mudanças iminentes, a inovação trazida pelo Meta, embora impressionante e futurista para muitos, é de grande preocupação para os países e seus reguladores em todo o mundo, principalmente quanto ao monopólio da Meta no Metaverso. Isso porque, o domínio massivo dessa nova tecnologia por uma única empresa significa assumir o controle das informações pessoais de inúmeros cidadãos ao redor do mundo, portanto, o domínio desses dados proporciona um uso arbitrário e inadequado.

Ainda assim, há um agravante: o Facebook, nome anteriormente dado ao Meta, foi envolto em grandes polêmicas ao longo de sua existência, notadamente relacionadas ao uso indevido dos dados pessoais de seus usuários para fins publicitários e até mesmo eleitorais. Assim, diferentemente da internet, que é uma sociedade sem fins lucrativos e que permite a coexistência de várias redes, neste caso teremos um cenário em que uma única empresa com credibilidade e reputação abaladas controlará o acesso à plataforma.

A engenheira de dados norte-americana, Frances Haugen, em entrevista à The Associated Press após as recentes polêmicas, disse que o Metaverso é "viciante e rouba mais informações pessoais" porque, segundo ela, o Facebook permitirá que grandes empresas de tecnologia tenham maior domínio sobre seus usuários e sobre informações pessoais da natureza de seus ambientes imersivos e compartilhamento de dados entre plataformas web, forçando os usuários a abrir mão de seus dados e privacidade.

Se as informações atualmente rastreadas pelas redes sociais forem contestadas, o Metaverso levantará preocupações ainda maiores. Os ambientes virtuais poderão coletar grandes quantidades de dados e informações monitorando cada ação que os avatares realizam, observando e analisando seus movimentos.

O crescimento na geração de informações é uma tendência que vem sendo percebida nos últimos dois anos, período em que, segundo artigo da Forbes, a quantidade de dados gerados é maior que toda a história da natureza humana. Se já é possível hoje na Internet mapear as preferências e hábitos de consumo dos usuários com base apenas em cliques, curtidas e tempo gasto em publicações, pode-se esperar recursos ilimitados para coletar e processar dados no mundo virtual. Pode haver mais elementos para analisar em novas plataformas, como batimentos cardíacos, expressões e reações a produtos e anúncios, além das interações que existem nas redes sociais atuais.

O impacto comportamental, vigilância e privacidade, roubo de identidade, golpes sofisticados de engenharia social e acesso de crianças e/ou adolescentes são apenas alguns dos tópicos que precisam de discussão urgente para acelerar o aumento da regulamentação. Qualquer uso indevido da infraestrutura Metaverso e a possibilidade de captura de dados fornecidos pela plataforma podem levar a violações graves.

Dessa forma, apesar das vantagens que a plataforma pode trazer, o Metaverso permitirá que a inteligência artificial descreva o comportamento de todos os usuários em uma escala maior do que as redes sociais podem fazer atualmente.

 

Mas afinal, o que é um dado pessoal e como a LGPD traz a proteção de dados?

A Lei 13.709 de 14 de agosto de 2018, popularmente conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), foi criada com intuito de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural, para os dados pessoais que serão tratados, incluindo o tratamento de dados no meio digital.

Afinal, o que seria um dado pessoal? Em seu artigo 5º a LGPD descreve o que considera ser os dados pessoais, sensíveis, anonimizados e banco de dados. Sendo classificado da seguinte maneira:

  • Dado pessoal- informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável. Por exemplo, documento de identidade RG, número de inscrição no CPF, nome e afins;
  • Dado pessoal sensível- toda aquela informação que defina raça, cor, origem, convicção religiosa, opinião política, orientação sexual, doenças e afins;
  • Dado anonimizado- informação utilizada quando não se pode identificar uma pessoa, explicando melhor, essa informação originalmente era usada por uma pessoa, mas passou por etapas para a desvinculação da informação com a pessoa. Esse dado, pela natureza de não identificação da pessoa, não é protegido pela LGPD
  • Banco de dados- conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico.

A LGPD em seu artigo 13 traz a chamada pseudonimização, que nada mais é que o tratamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação adicional mantida separadamente pelo controlador em ambiente controlado e seguro.

Vale salientar que o dado anonimizado e pseudonimização, são informações distintas e não devem ser confundidos. O dado anonimizado não é capaz de identificar uma pessoa, já a pseudonimização é considerado um dado pessoal, por ser capaz de identificar uma pessoa através de um dado auxiliar que fica mantido em outro ambiente.

A proteção dos dados é feita através de um processo minucioso e detalhado de tratamento dos dados. Cada vez que navegamos por um site ou informamos algo para emissão de nota fiscal, por exemplo, vários dados são coletados e precisam ser minuciosamente tratados e acompanhados para que não se percam ou não cheguem em locais que não foram autorizados.

Todos os dados recepcionados, independente da maneira de recepção, precisa ter o aceite do titular do dado, sendo que o consentimento deverá referir-se a finalidades determinadas, e as autorizações genéricas para o tratamento de dados pessoais serão nulas. A partir do consentimento, opera-se o tratamento de dados que deverão ser acompanhados até a data de sua exclusão naquela base/banco de dados para que não prejudique a privacidade da pessoa natural.

Para a utilização das redes sociais, como o Facebook (agora nomeado como Meta), são coletados alguns dados iniciais, porém não há uma conferência desses dados, uma vez observadas a quantidade de contas falsas, bem como a quantidade de golpes de roubos de contas. Vê-se urgência na criação de tratamento eficiente para os dados pessoais e sensíveis coletados pelas redes sociais, porém ainda estamos em fase de adaptação, as empresas estão conhecendo e se adaptando a LGPD.

Ocorre que além da fase de adaptação temos o lado das pessoas naturais, que por muitas vezes, não possuem conhecimento de que os dados fornecidos são dados pessoais e sensíveis, que devem ser protegidos para que não haja a violação de privacidade. Se faz necessário que haja uma conscientização dos direitos dos titulares dos dados.

Na LGPD temos o capítulo III denominado como Dos Direitos do Titular, começando no art. 17 e finalizando no art. 22, e nele constam diversos meios de controlar e saber como seus dados estão sendo utilizados, como por exemplo o art. 19, que aborda a possibilidade do titular dos dados pessoais requisitar a confirmação e acesso aos seus dados, sendo possível receber um relatório simples para acesso imediato, ou um mais elaborado no prazo de até 15 (quinze) dias.

E, ainda, se prevê a possibilidade de ajuizamento para manutenção de seus direitos, como se vê no artigo 22 “A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares de dados poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na forma do disposto na legislação pertinente, acerca dos instrumentos de tutela individual e coletiva”.

Se, em caso da má execução de tratamento de dados, houver dano patrimonial, moral, individual ou coletivo, em violação à legislação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. Sendo que, além da reparação dos danos causados, a empresa responsável poderá ser responsabilizada administrativa de diversas maneiras, definidas no artigo 52, como por exemplo, advertência, multas, proibição total ou parcial de atividades relacionados ao tratamento de dados.

Ao observar a realidade das fraudes cometidas nas redes sociais se esclarece a urgência na aplicação de um tratamento mais assertivo e início das aplicações de sanções para que as empresas responsáveis pelas redes sociais passem a cumprir a LGPD e tantas outras legislações sobre proteção de dados.

Diante da atual situação, podemos concluir que as empresas de tratamento de dados não estão preparadas para o desenvolvimento deste novo mundo virtual, ao olhar a perspectiva de proteção de dados.  Entretanto, com a devida aplicação do tratamento de dados e seguindo à risca o disposto na LGPD o metaverso será uma realidade mais segura.

As leis nacionais de proteção de dados incidirão na manipulação de informações pessoais no mundo virtual, e os agentes de processamento precisarão cada vez mais transparência, além da adoção de políticas e garantir o cumprimento de requisitos legais para esses dispositivos, como LGPD do Brasil. Dessa forma, as empresas devem assumir a responsabilidade ao processar os dados de inúmeros usuários, prestando contas e cumprindo os princípios trazidos pelas regras, garantindo o processamento transparente com finalidades legítimas, não excessivas e não violando os direitos dos titulares previstos na lei.

Por isso, será de extrema importância fortalecer as autoridades de proteção de dados, assumir uma postura proativa e preventiva sobre as tendências das novas tecnologias e monitorar as atividades, principalmente para as empresas que se beneficiam da produção de dados no mundo virtual. Além disso, a cooperação internacional entre essas entidades para desenvolver diretrizes, procedimentos e parâmetros para a aplicação de sanções terá um papel importante na padronização das boas práticas de privacidade e proteção de dados no cenário mundial.

Portanto, o Metaverso vai revolucionar a tecnologia e alterar a realidade, com efeitos colaterais positivos e negativos, que podem ser monitorados e fiscalizados por meio de ações conjuntas das autoridades competentes para regular a privacidade e a proteção de dados previsto na nossa LGPD.

 

Cristiano Souza – Sócio e Head de Arquitetura na AP 

Julia Peranovich - Advogada Jr na AP Interactive

Mirian Zampieri - QA Trainee na AP Interactive


segunda-feira, 1 de agosto de 2022

A abordagem holística da sexualidade

É difícil estabelecer o ponto exato na história da humanidade no qual se separou a sexualidade da ideia de autorrealização. O que a arqueologia comprova é que, na pré-história e na Antiguidade, não foram poucas as culturas que uniram o sexo a práticas místico-religiosas para elevar o espírito. Em culturas nas quais não havia tantas especialidades nem o nível de desenvolvimento científico que temos atualmente, eram os esotéricos que acumulavam as funções que hoje damos a um sem número de especialistas que trabalham, de forma direta ou indireta, com a sexualidade humana. 

Depois de anos e anos de repressão e de conflito com a religião, não é de se estranhar que a ressurgência dos estudos sobre a sexualidade acontecesse em meio à comunidade médica. Foi com o fundador da psicanálise, Sigmund Freud, e o seu conceito de libido que resgatamos o papel da sexualidade para o bem-estar psíquico e emocional do indivíduo. Mas engana-se quem acha que durante o período dominado pelos tabus religiosos não se fizeram estudos sobre a relação entre o sexo e a consciência. 

Longe das igrejas, aqueles que questionavam dogmas sempre estudaram a sexualidade. Sob o véu de ordens secretas e seitas restritas a iniciados, o sexo teve amplo espaço de discussão entre os estudiosos de magia e ocultismo. Buscando referências no Tantra e suas influências no Hinduísmo, Budismo e Taoísmo, os ocultistas ocidentais conectaram os dois hemisférios para organizar esse conhecimento em prol do bem-estar e do desenvolvimento psíquico. Assim surgiu a conexão entre os Chakras, os centros por onde circula a energia vital tântrica, e a Cabala, que remete ao esoterismo judaico. 

Seguindo princípios do Hermetismo, os magos ocidentais também estabeleceram correspondências entre linguagens simbólicas, como a Astrologia e o Tarô, com o desejo e a resposta sexual humana. Assim, encontramos diversos conceitos sobre o uso da sexualidade como meio para expansão da consciência em um conjunto de autores ligados às Ciências Ocultas. Em meio a nomes ligadas à Ordem Rosacruz, como Pascal B. Randolph, à Teosofia, como Helena Blavatsky e Ida Craddock, e autores oriundos da Ordem Hermética da Aurora Dourada, como Dion Fortune e Israel Regardie, as bases da magia sexual são firmadas em uma abordagem que é multidisciplinar por excelência. Mais tarde, o controverso ocultista inglês Aleister Crowley desenvolveria seu próprio sistema mágico-sexual e, entre outras coisas, retrataria estágios do ato sexual em seu Tarô de Thoth. Na mesma época, Austin Osman Spare criaria o conceito de “nova sexualidade”. 

É interessante observar que esse resgate de conhecimentos milenares, ocorrido sobretudo entre os ocultistas do século XIX, propagou conceitos que somente receberiam atenção da ciência anos depois. Muito antes da publicação dos relatórios de Alfred Kinsey, considerado por muitos o pai da Sexologia, os magos já propagavam a necessidade da descriminalização de práticas como a masturbação e a homossexualidade. Bem anteriormente a William Masters e Virginia Johnson escreverem sobre a resposta sexual humana, os místicos já haviam relacionado estados de consciência a estágios do desenvolvimento sexual, sensações e fluidos corporais. Mesmo sem o viés científico da fisiologia de hormônios e neurotransmissores, os conceitos baseados em polaridades e arquétipos da magia sexual são de grande valia para trabalhar melhor a sexualidade em homens e mulheres. 

Falar então sobre a necessidade de uma abordagem holística para a sexualidade é olhar o indivíduo como um todo. É perceber as conexões entre corpo e psique em um nível profundo, facilitando o caminho terapêutico para aqueles que buscam uma vida afetiva mais prazerosa e feliz – até porque um indivíduo que se conhece bem e está conectado com sua Verdadeira Vontade se relaciona melhor com as pessoas em geral e com seu parceiro afetivo em particular. E significa também associar o embasamento científico da Sexologia moderna a técnicas milenares de expansão da consciência, integrando elos que se dispersaram ao longo da história para gerar resultados mais efetivos. 

 

Virginia Gaia - sexóloga, psicanalista e terapeuta holística além de astróloga e taróloga. Em sua abordagem terapêutica, une conceitos das áreas de desenvolvimento da espiritualidade, da afetividade e da sexualidade para estimular o estabelecimento e a manutenção de relacionamentos melhores.

 

Por que há mulheres que não se libertam de relações abusivas?

“Insegurança e sentimento de inferioridade podem nutrir uma percepção distorcida da relação, havendo uma excessiva idealização do parceiro”, diz o psiquiatra Adiel Rios

 

A maioria das mulheres brasileiras (86%) percebeu um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante o último ano. A conclusão é da pesquisa de opinião “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher - 2021”, realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência. 

A pesquisa é realizada a cada dois anos, desde 2005. A edição de 2021 revela um crescimento de 4% na percepção das mulheres sobre a violência em relação à edição anterior. O estudo ouviu 3 mil pessoas entre 14 outubro e 5 de novembro. Segundo a pesquisa, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem. 

De acordo com a pesquisa, 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. Para 75% das entrevistadas, o medo leva a mulher a não denunciar. O estudo demonstra, no entanto, que 100% das vítimas agredidas por namorados e 79% das agredidas por maridos terminaram a relação. 

Fica a questão: quais são os elementos e gatilhos que desencadeiam esta problemática? “Um deles é o relacionamento abusivo e tóxico, cujo padrão ainda é exaustivamente estudado, pois há uma série de contextos por trás deste comportamento. Afinal, nenhuma mulher escolhe viver uma relação destrutiva”, pontua Monica Machado, psicóloga pela USP, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

No entanto, segundo ela, muitas mulheres vivem relacionamentos abusivos há anos, desvalorizando aspectos fundamentais como autoestima, amor-próprio, equilíbrio emocional, autoconhecimento, respeito, entre outros diversos, mantendo a relação em uma base totalmente nociva.

 

Como identificar que o relacionamento está tomando essa direção

Para entender um relacionamento abusivo, é necessário saber como funciona uma relação saudável. Para Monica Machado, cabe a ambos nutrir afeto, respeito, confiança, admiração, empatia, tolerância diante de divergências e, acima de tudo, uma comunicação eficaz e assertiva. 

Já a relação tóxica pode começar de maneira sutil, como uma crítica a um comportamento, a maneira da pessoa se vestir, e vai piorando aos poucos, quando o parceiro demonstra claramente que está controlando e perseguindo a mulher, com a pretensão de coagi-la e torna-la submissa a ele. 

Segundo a psicóloga, esse tipo de relação resulta também na humilhação em público. Exemplo disso é a postura de reprovação do homem quando a mulher expressa suas ideias durante um encontro entre amigos ou familiares. Ao notar que o outro não gostou, a pessoa se sente intimidada, envergonhada, acaba se calando e ficando apática. Pior: com medo de desagradar, ela insiste em querer justificar a todos o comportamento do outro. 

Para o psiquiatra Adiel Rios, Mestre em Psiquiatria pela UNIFESP, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); neste relacionamento, crenças relacionadas à insegurança e sentimento de inferioridade podem nutrir uma percepção distorcida da relação, havendo uma excessiva idealização do parceiro, inclusive achando que ele irá mudar. 

Segundo ele, muitas vezes, não é fácil perceber que o relacionamento está se transformando, já que o abusador costuma usar discursos como “faço isso porque me preocupo com você”, ou “estou cuidando do seu bem-estar e da sua segurança”. Todo este comportamento pode ser erroneamente percebido como amor. 

“A pessoa acaba exercendo poder sobre a outra, limitando a sua liberdade, humilhando, denegrindo, impondo sua forma de pensar e ser, de modo que ela acaba perdendo parte de sua identidade e altera a sua existência no mundo. Quando chega a esse ponto de sofrimento psíquico e físico, é hora de rever a relação”, reflete Adiel Rios.

 

Comodismo ou medo?

Além de questões individuais da mulher, como insegurança, sentimento de inferioridade e necessidade de estar com alguém, muitos fatores contribuem para que ela permaneça em um relacionamento abusivo. Algumas tendem a acreditar que não encontrarão outra pessoa. Há também pressões familiares ou sociais, dependência emocional, dependência financeira, medo de se expor e até culpa, pois, muitas vezes, o agressor a responsabiliza pelo comportamento manifestado por ele. 

Quem passa por esses abusos, “finge” já ter se acostumado, e prefere continuar do jeito que está do que enfrentar os desafios que virão pela frente. Essa acomodação pode estar relacionada à própria personalidade da pessoa, alguém que frequentemente se sente frágil e, mesmo sendo abusada, se sente protegida pelo outro. Daí, cria-se uma relação simbiótica, na qual um depende emocionalmente do outro, formalizando um processo de desrespeito e submissão, que é alimentado continuamente. 

Quando chega a extremos de agressão verbal e/ou física, a situação passa a demandar uma mudança comportamental urgente, a começar pela busca de um tratamento psicoterápico, visando a ruptura da relação simbiótica e a busca de equidade e equilíbrio. Para isso, é preciso primeiro reconhecer que é parte de uma relação de abuso. 

“A partir do momento em que a mulher consegue ter consciência da sua realidade e que precisa se libertar da visão que tem sobre amor e respeito, fica mais fácil trabalhar essa distorção em terapia, conseguindo resgatar sua integridade física, moral e psicológica. Uma vez fora da relação abusiva, é importante essa mulher se fortalecer, desenvolver autoconhecimento e saber reconhecer o que define amor”, finaliza a psicóloga Monica Machado.


O agravamento de doenças crônicas após a pandemia

Psicanalista explica que manter o cuidado com a saúde é uma questão de amor próprio e responsabilidade consigo mesmo

 

O universo da saúde no Brasil e no mundo, caracterizado por um período pós-pandemia, descortinam uma triste realidade: o agravamento de doenças sérias que deixaram de ter acompanhamento médico regular, durante o período de isolamento social. Naquele momento de incertezas, o medo paralisante impedia que pacientes de doenças crônicas, em tratamento contínuo antes da pandemia, dessem continuidade ao acompanhamento médico de rotina. Doenças como: a diabetes, hipertensão, obesidades e cardiopatias ganham destaque pela necessidade do controle adequado que, em função do medo extremo do contágio, provocou a paralisação e modificação do dia a dia de algumas pessoas.

Relatos dos especialistas demonstram que esse cenário é muito sério, pois sinais de agravamento de certas doenças foram negligenciados. Um exemplo, são os casos dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) que são, considerados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a segunda maior causa de mortes no mundo. Uma doença, extremamente, grave que exige que a busca pelo diagnóstico e tratamento imediato. Mas, por medo de buscar um estabelecimento de saúde e correr o risco de se contaminar, os sintomas foram sendo ignorados e muitas pessoas morreram por não serem socorridas a tempo. Situação parecida também ocorreu com os casos de pacientes diagnosticados com alguns tipos de cardiopatias.

Essa fobia, caracterizada por pensamentos negativos e uma sensação de terror à exposição extrema ao vírus, alimentou uma tendência a se esquivar do que é temido, omitindo muitas vezes, dos familiares e amigos, dores, sensações e sintomas graves; comprometendo de forma profunda, a saúde. Um medo incômodo que possui bases psicológicas e fisiológicas, afetando o equilíbrio mental e a sobrevivência do paciente.

Atualmente, muitas pessoas estão com seus quadros agravados por essa negligência motivada pela falta de controle do medo. A grande questão é que, omitir as dores e fugir do tratamento contínuo, gera risco para a saúde e alimenta os medos internos. Fato é que, o estresse deve ser eliminado para não fomentar o pânico e não transformar o indivíduo em um refém de seus próprios anseios.

Enfim, psicologicamente falando, os problemas de saúde com risco de vida não podem ser potencializados pelo medo ou pelo pânico. A busca por atendimento médico, em caso de necessidade, passa por uma questão de amor próprio e responsabilidade consigo mesmo, e não devem sofrer qualquer impedimento do cuidado, pois em alguns casos, cada minuto é precioso para o sucesso do tratamento. A necessidade da atenção médica regular não foi abolida pelo vírus.

O que precisa ser abolido, ou pelo menos controlado, é o medo e a angústia que nos impede de seguir a vida. A adaptação a novos modelos de organização diária foi necessária para que possamos mitigar a contaminação. No entanto, devemos aprender a olhar para todas essas modificações com um senso de respeito a nós e ao próximo. Valorizando ainda mais nossa vida e promovendo a saúde mental e o equilíbrio físico adequado ao nosso bem-estar.    

  

Dra. Andréa Ladislau -  Psicanalista

 

Como adaptar o cérebro ao fim das férias


É fácil entrar de férias, mas é na volta que o organismo percebe todas as mudanças. Quando ganhamos horas a mais de descanso nos dias de folga é muito fácil sair da rotina, mas readaptar o relógio biológico e o nosso cérebro para voltar à rotina habitual pode ser um grande desafio! 

“Se você ainda não entrou no ritmo, pode ficar tranquilo: isso é natural. Demora cerca de uma semana, mas aos pouco o cérebro entende que ele precisa voltar a trabalhar”, afirma Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de SP. 

Ele explica que é no hipotálamo, região do cérebro que controla os vários relógios biológicos do organismo, que o composto de um conjunto de células nervosas com cerca de 10 mil neurônios formam um centro de comando chamado núcleo supra-quiasmático. “É nele que estão todas informações de qual ritmo o corpo deve seguir, desde quanta fome vamos sentir, passando pela regulação do sono, a temperatura, pressão arterial, funcionamento do intestino até outras funções vitais como o apetite sexual”, fala. 

Durante o período de férias, é normal acordar e dormir mais tarde, assim, os milhares de neurônios recebem informações diferentes acerca das rotinas do corpo como horários diferentes, padrões alimentares relaxados e até a presença de luz no ambiente em horários em que normalmente seria para estar dormindo. Por isso que na hora de voltar à rotina normal, o corpo reage negativamente e não volta tão rápido ao estado que deveria estar, deixando a sensação de estarmos mais preguiçosos.

Para driblar as angústias de voltar à rotina, o médico fala que é importante entender que as férias não devem ser vistas como um remédio para resolver todos os problemas ou curar, por exemplo, um burnout. Elas são importantes, claro, mas os dias de folga não irão recuperar de um problema sério, como um transtorno depressivo, ou outro abalo na saúde mental. “As férias são indispensáveis, mas não substituem terapias e remédios”, deixa claro o especialista.

Mas, voltando a retomada da rotina de maneira saudável, Dr. Fernando afirma que em poucos dias o cérebro começa a trabalhar a favor da rotina, da carreira e dos estudos, afinal, ele se alegra quando está em pleno funcionamento. “Nada de se atropelar e cobrar mais do seu cérebro do que ele capaz de te dar agora. Ao invés disso, o ajude tentando colocar algumas dicas abaixo em prática para evitar a indesejável ansiedade pós-férias. Afinal, não adianta nada tirar uns dias de descanso, mas ficar com a mente estressada, pensando sem parar no trabalho e temendo nossa volta à rotina”, finaliza o médico que deixa ainda algumas dicas importantes para deixar o organismo perfeitamente readaptado:


Neurodicas:

  • Tente ir deitar uma hora mais cedo do que o horário em que pretende dormir;
  • Evite café ou substâncias estimulantes depois das 17 horas;
  • Não exagere nas refeições noturnas;
  • Evite exercícios físicos após às 21h;
  • Desligue-se da TV, computador e celular mais cedo do que o habitual;
  • Recomece de forma progressiva. Inicie resolvendo os jobs menores, mais simples e mais gostosos. Dê valor aos intervalos e momentos de refeições.

Não se force a ficar muitas horas focado em uma única coisa. Dessa forma, sua mente terá mais chances de se adaptar. 

 

Dr Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores.  Há 12 anos atua como comunicador, já tendo passado pela TV Globo por seis anos como consultor fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (2013 a 2019), por um ano (2020) na TV Band no programa Aqui na Band como apresentador do quadro de saúde “E Agora Doutor?” e dois anos (2020 a 2022) como Corresponde Médico da TV CNN Brasil. É também autor de 8 livros de neurocirurgia e comportamento humano.

drfernandoneuro


Sete benefícios do boxe para uma vida mais saudáve

  Alexandre Brufatto, coordenador da Jab House, é quem explica as vantagens do esporte e porque incorporá-lo em seu dia a dia

 

A Jab House é a marca da rede de Studios do Grupo Smart Fit que traz pequenos circuitos que misturam golpes de boxe com treino funcional - Créditos: Divulgação


A prática de atividades físicas, por si só, faz muito bem à saúde. Porém, nem todos gostam ou se atraem pela rotina da musculação, buscando em outras atividades e esportes algumas alternativas para alcançarem uma melhor forma física e uma vida mais saudável. Nesse sentido, um dos esportes que tem ganhado muitos adeptos é o boxe, considerado uma arte marcial milenar e que proporciona uma série de benefícios para o corpo e a saúde como um todo. De acordo com Alexandre Brufatto, coordenador da Jab House, marca da rede de Studios do Grupo Smart Fit com pequenos circuitos que misturam golpes de boxe com treino funcional, o esporte é democrático, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo, desde que faça uma avaliação médica antes, e traz inúmeros benefícios para os praticantes. 

Em alguns casos específicos, como por exemplo, problemas articulares ou inflamatórios nos punhos, cotovelos e ombros, ou para gestantes em início de gestação, a prática deve ser proibida”, explica. O treinamento atua como um grande aliado na perda de peso, já que é uma atividade que ativa diversos grupamentos musculares, além de realizar trabalhos de velocidade e potência, gerando um alto gasto calórico. “Além disso, o treino traz outros benefícios, como a melhora do condicionamento físico geral e da autoestima do praticante, redução do estresse, tempo de reação, agilidade e, é claro, atua na defesa pessoal”, comenta o profissional. 

No Studio, as aulas funcionam da seguinte maneira: Primeiro, é realizada a parte da técnica, onde são ensinados os golpes; depois, um aquecimento e, na sequência, a parte principal, composta por 10 rounds de três minutos e 30 segundos cada, com um circuito onde o aluno alterna rounds na Aqua Bag - bag de boxe que contém água, o que reduz o impacto nas articulações - e rounds no Step - seguindo uma periodização -, onde são realizados movimentos musculares localizados ou movimento de treinamento funcional. “Uma boa frequência para quem está começando são três vezes por semana, em dias alternados. Para alunos mais avançados, a prática pode ser diária, já que o nosso programa segue uma periodização com ênfase muscular”, comenta. 

A seguir, Alexandre listou uma série de vantagens que a prática do boxe pode trazer para uma vida mais saudável e plena. Confira:


1. Ativa diversos grupamentos musculares

A prática do boxe trabalha diversos músculos ao mesmo tempo, como braços, pernas e abdômen, entre outros, que são constantemente trabalhados durante a repetição dos movimentos rápidos e intensos “Em muitos casos, em um único golpe, é necessário movimentar o corpo todo para obter sucesso. Sendo assim, o esporte é ótimo para trabalhar diversos músculos de uma só vez, ajudando a tonificá-los”, explica Alexandre. “Porém, é importante também que os praticantes mantenham uma alimentação regrada e balanceada, além de se hidratarem regularmente para os resultados serem mais efetivos”, alerta.

 

2.Gera alto gasto calórico e auxilia na perda de peso

Com treinos intensos, o boxe favorece o emagrecimento e é um esporte muito dinâmico, com diversas movimentações em todo o corpo, o que auxilia não só na definição dos músculos, mas também na perda de peso e redução de gordura, sendo possível perder, por aula, de 600 a 1000 calorias, sendo um ótimo aliado no combate à obesidade. “O gasto calórico em um treino da Jab House, que une o boxe convencional ao treinamento funcional, pode chegar a até 700 calorias, pois existem momentos nos quais realizamos trabalhos de velocidade e potência, gerando um alto gasto calórico”, comenta Brufatto.

 

3. Melhora o desempenho cardiorrespiratório e o condicionamento físico geral

Além da perda calórica que o esporte proporciona, o que é muito benéfico para o coração, antes da prática do esporte, existe todo um preparo e condicionamento físico realizado antes da parte técnica, que envolve força, equilíbrio, coordenação, velocidade, resistência, entre outros fatores. Tal preparo melhora o desempenho cardiorrespiratório do praticante e, consequentemente, ajuda a melhorar também o seu condicionamento geral, se tornando mais resistente. “Além disso, o boxe é um exercício aeróbico, mantendo os batimentos acelerados durante a prática, elevando a taxa de bombeamento do sangue e, assim, auxiliando em uma respiração mais profunda durante a atividade, o que melhora, significativamente, todo o sistema respiratório”, comenta o coordenador da Jab House.

 

4. Reduz o estresse

A prática de atividades físicas, por si só, libera hormônios como a endorfina, ocitocina, dopamina e serotonina, que melhoram o humor, reduz o estresse físico e mental e contribui para o bem-estar das pessoas. “No boxe, os movimentos repetitivos, como os socos em sacos de pancadas, ajudam muito na redução de estresse e promovem uma sensação de bem-estar que perdura por horas depois da prática. Além disso, o combate promovido pela luta ajuda a extravasar raivas e angústias, ajudando a acalmar a mente após o treino”, explica Alexandre.

 

5. Aumenta a autoestima

Uma vez que o estresse diminui, a partir da liberação de hormônios que proporcionam prazer, a prática também proporciona, consequentemente, o aumento da autoestima das pessoas. “Além disso, a perda de peso e o tônus muscular deixam o corpo com um melhor aspecto, reduzindo medidas, o que também aumenta a autoestima do praticante”, explica Brufatto. “E, indo além da questão física, a autoestima está relacionada também ao comportamento das pessoas. Com o boxe, as pessoas aprendem a se defender melhor, o que também é uma forma de se sentir bem consigo mesmo, gerando mais confiança e bem-estar”, ressalta.

 

6. Aumenta a resistência e a força

A prática do boxe exige muita força e resistência, uma vez que, durante as aulas, são feitos diversos movimentos repetitivos e o corpo está sempre em movimento. E, na Jab House, isso vai além, já que as aulas são compostas por pequenos circuitos que misturam golpes de boxe com treino funcional. “Ou seja, incorporamos outros treinamentos de força e intensidade no treino, que conferem ainda mais resistência e força para os praticantes, além de ajudar na melhora da flexibilidade e coordenação por meio dos golpes ensinados”, comenta o profissional.
 

7. Ajuda na defesa pessoal

Além de todas essas vantagens, o boxe ainda é ótimo e muito procurado por pessoas que querem aprender com a luta uma forma de se defender em alguma situação de risco, ainda que não seja o objetivo principal da aula. “A defesa pessoal é um dos benefícios do esporte e ajuda muito os praticantes, especialmente mulheres, a se sentirem mais seguros diante de determinadas situações e adversidades no dia a dia. Tudo o que é aprendido na prática pode ser utilizado a seu favor”, explica.

 

Por fim, Alexandre ainda ressalta que, apesar de não ser fácil no começo, e de gerar um certo desconforto, a longo prazo, a prática trará muitas vantagens para uma vida mais saudável. “Não tenha medo ou vergonha de iniciar a prática! Em nossas aulas, os professores são treinados para ensinarem desde uma pessoa que nunca praticou atividade física até os mais experientes. Lembre-se: é saindo da zona de conforto que você evolui e conquista os melhores resultados”, finaliza.

 

 Grupo Smart Fit

Race Bootcamp, Vidya, Jab House e Tonus Gym

Instagram: @racebootcamp, @vidyastudio, @jabhouse e @tonusgym


Sociedade igualitária começa na infância

Pediatra alerta para a necessidade de dialogar sobre a diversidade com as crianças 


A intolerância contra gênero, raça, religião e orientação sexual tem sido cada vez mais combatida e repelida pelas sociedades de todo o mundo. No entanto, ainda temos muito a trilhar para podermos ter uma sociedade mais igualitária para todos. 

“E o que estamos fazendo para que nossos filhos cresçam em uma sociedade mais justa e igualitária?”, essa é a pergunta do Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria que lembra uma frase importante de Nelson Mandela: “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. 

Não existe receita pronta, quando se trata da criação de filhos, mas cabe aos pais conversar, discutir e até mudar sua postura para dar exemplos positivos aos pequenos. O primeiro passo, segundo o pediatra, está em reconhecer que existe o problema. 

“Muitas vezes noto que o problema ainda não está escancarado. Ainda ouço que se trata de ‘mimimi’, quando, na verdade, estamos falando de um crime! Reconhecer a falha é essencial para que a sociedade se organize e tenha condições de achar soluções. Todos precisam deixar de lado os preconceitos para que possamos evoluir.” 

E o assunto não precisa ser abordado de forma sisuda. Mesmo nas mais tenras idades, as crianças são capazes de compreender e o pediatra sugere explicar conceitos de racismo, xingamento, injúria e estereótipos de forma lúdica. “Também temos que dar o exemplo e colocar os conceitos na primeira infância, no núcleo familiar e dentro das escolas”, afirma. 

Estamos inseridos em uma sociedade que se estruturou a partir de ideias preconceituosas, com atitudes de discriminação e relações que se estruturaram a partir da ideia de superioridade de um grupo sobre o outro. Mudar isso é essencial e começa com a convivência com a diversidade e isso também passa pelas histórias que contamos aos nossos filhos.

O médico também cita algumas maneiras preconizadas pela Unicef para contribuir para uma infância livre de discriminação: 

1. Eduque as crianças para o respeito ao que é diferente. A diferença está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos costumes entre amigos e pessoas de variadas culturas, raças e etnias e enriquecem nosso conhecimento. 

2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja certo se isso acontecer! 

3. Não classifique nunca o outro pela cor de pele -- o essencial você ainda não viu. Lembre-se de que racismo é crime. 

4. Se seu filho foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada. 

5. Denuncie! A discriminação é uma violação de direitos. 

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula em casa e em todos os lugares. 

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito. 

8. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra. Ajude a escola de seus filhos a adotar essa postura.

 

“Como pediatra, sigo esperançoso de que crianças bem orientadas e educadas conseguirão fazer esta diferença e mudar o final da história. Cabe a cada pai iniciar essa mudança dentro de sua casa para que tenhamos uma sociedade melhor para todos”, conclui.

 

 Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles

 

Saiba quais são as atitudes que estragam qualquer relacionamento

Internet
Ao ler o artigo, seu relacionamento com certeza será melhor e deixará de ser o mesmo!

 

Quando começamos a namorar, a vontade é que o relacionamento dure para sempre, não é mesmo? No entanto, com o passar dos anos, algumas ações podem se tornar cansativas, especialmente quando se tornam constantes entres os parceiros. 

Uma pesquisa realizada com base de dados das redes sociais demonstrou que o primeiro “auge” dos términos de relacionamento surge logo depois do dia dos namorados, nas semanas anteriores às férias de primavera no hemisfério Norte. a segunda onda de términos de namoro começa a aparecer em novembro e chega ao auge duas semanas antes do Natal.

A pesquisa mostra ainda que a cada segunda-feira há um pequeno aumento no número de pessoas que terminam relacionamentos.

Em muitos casos, elas se tornam tão comuns na vida do casal que é impossível consertá-las. Já em outros, com um pouco de diálogo e esforço, ainda existem grandes chances de resolver o desgaste, mas é necessário identificar quais são os pontos responsáveis por isso. 

No geral, as relações amorosas exigem bastante esforço, mas no final, sempre compensam, especialmente quando você está acompanhado do amor da sua vida. Por conta disso, é importante estar ciente de suas atitudes e evitar qualquer arrependimento no futuro. Veja abaixo quais atitudes estragam qualquer relacionamento.


  • Não dialogar

É inevitável: a base de todo relacionamento saudável e duradouro é a conversa. Caso os dois estejam dispostos a se ouvir, é bem provável que consigam resolver boa parte de seus problemas, abrir concessões e reduzir muitos desgastes. Além disso, todo mundo gosta de se sentir importante e compreendido em qualquer relação, pois é um cuidado que faz total diferença. Logo, é muito importante trabalhar as habilidades de comunicação, que são muito importantes para se expressar e transmitir o que se sente com delicadeza e clareza.


  • Passar pouco tempo junto

Esse é um ponto essencial e muito delicado na vida de muitos casais, especialmente para aqueles em que um dos parceiros transmite afeto através de tempo de qualidade. Caso essa não seja uma característica levada a sério, pode causar diversos ruídos para os amantes, muitas vezes deixando o relacionamento cair na rotina. Por conta disso, é importante investir nos jantares românticos, noites de filmes e até aquele hobby em comum.

Embora levar um relacionamento seja difícil, sempre há tempo para melhorar! 


De pai para filho: uma vida de aprendizado

Perceber o que seu filho pensa e sente com certeza é um dos melhores presentes de dia dos pais. O psicanalista Paulo Bueno esclarece essa comunicação saudável em sua obra 'Coisas que Pedro Me Ensina'

 

Digo que Pedro me ensinou porque, no começo, eu tentava ler as histórias, preservando a literalidade do texto. Mas rapidamente percebi que longos parágrafos se tornam verdadeiros obstáculos diante de uma plateia que ainda usa fraldas. – psicanalista Paulo Bueno

Contador de histórias, marceneiro, professor, disponível para consertos em geral são novas facetas de um homem quando se torna pai. Participar de cada momento e tentar fazer com que as frustrações desnecessárias não alcancem seus filhos é uma meta para todos eles.

No Dia dos Pais, o maior homenageado é o filho, afinal, faz parte da trajetória contar tudo sobre aquele ser que o tornou o homem mais feliz do mundo. E é isso que o autor e psicanalista Paulo Bueno expressou em seu lançamento ‘Coisas que Pedro Me Ensina’, publicado pela Editora 106.

Bueno apresenta nesta obra literária a facilidade com que a criança desenvolve seu lado perspicaz, emocional e curioso, quando há estímulo para que isso aconteça. Com divertidas conversas com seu filho, Pedro, registradas ao longo de três anos, o autor mostra a crescente interação da criança com relatos carregados de uma sabedoria singela, ao mesmo tempo em que ensina aos pais o lado enriquecedor dessa ligação e convívio.

Além de proporcionar uma leitura prazerosa em família, e dar a ideia para que cada pai faça um diário com as pérolas de ensinamento dos filhos, o psicanalista faz um convite à reflexão de como às vezes no calor do acontecimento os pais nem sempre podem dar a atenção necessária para o que cada criança quer expressar. Mas com anotações, tempo e paciência para rever os fatos, o lado paterno estará mais aflorado e conseguirá entender de que forma o filho impacta o mundo dele e de que forma o mundo o impacta.

‘Coisas que Pedro Me Ensina’ traz uma nova perspectiva da visão do que é ser um pai determinado a mostrar o mundo com outros olhos para os seus filhos, respeitando a identidade e entendimento de cada criança. Trazer ao enredo percepções da própria criança que foi ou aquela que permanece em seu interior, faz crescer a história entre pai e filho, que será passada por gerações.  

    COISAS QUE O PEDRO ME ENSINA
Paulo Bueno
Selo: 106 Crônicas
Páginas: 144
Formato: brochura, 14 x 21 x 0,9cm
Peso: 215g
Preços: R$ 39,90 (versão impressa); R$ 28,00 (ebook)
ISBN versão impressa: 978-65-88342-03-9
ISBN versão ebook: 978-65-88342-00-8
Gênero: Crônicas, Nacional, Paternidade, Memórias


Paulo Bueno: é pai do Pedro, paulistano, colunista do Papo de Mãe do portal UOL, psicanalista, psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Social (PUC-SP). Docente do Instituto Gerar de Psicanálise, é pesquisador do Núcleo Psicanálise e Sociedade (PUC-SP) e professor convidado do Programa Fellowship/2021 da Columbia University.


Pedro Klinkby Bueno: tem 6 anos, cursa a Educação Infantil, está aprendendo a ler e em breve poderá escrever suas próprias histórias. Seus brinquedos preferidos são o Lego e o tablet. Adora o Pantera Negra. Ama pizza, mas apenas de calabresa sem queijo.


O perigo de quedas e a prevenção de acidentes domésticos com idosos


O aumento da expectativa de vida nos últimos anos aumentou, e como consequência, tivemos um crescimento significativo de idosos. Pelo fato de alcançarem uma vida mais longeva, requer-se mais cuidado com esse público, que passa a conviver com mais debilidades em razão do avanço natural da idade. 

Nessa fase da vida é comum que ao menos uma vez ao ano o idoso sofra uma queda, sendo a maioria delas dentro do próprio lar. Fraqueza muscular, diminuição do equilíbrio e reflexos mais lentos, problemas de visão, entre outros problemas, ajudam a explicar alguns acidentes domésticos, responsável por ser a quinta principal causa de óbito nessa faixa de idade. 

Uma frase clichê, mas que serve muito bem para esse tipo de situação, é que a prevenção é o melhor remédio. Além de manter hábitos saudáveis com atividades físicas regulares, sempre acompanhadas por um médico profissional, é fundamental adaptar os cômodos da casa para manter o idoso seguro no local. 

Deixar o ambiente favorável com a remoção dos móveis que estejam atrapalhando a circulação da casa, instalar corrimão nas escadas, utilizar pisos ou tapetes antiderrapantes, instalar barras de apoio no box, colocar os utensílios em posição de fácil acesso – para que sejam alcançados sem a ajuda de escadas e cadeiras e manter a luz acesa, são pequenas mudanças que fazem grande diferença na hora de evitar uma queda. 

Esses e outros cuidados adotados nas residências não substituem a necessidade das consultas de rotina com profissionais de saúde, por ser uma fase da vida que exige maior cuidado. 

O efeito colateral de um medicamento de uso contínuo ou uma dificuldade de enxergar devido a idade são alguns exemplos de situações que colaboram e facilitam para a incidência de quedas, que são mais perigosas e suscetíveis a complicações graves. 

Uma fratura de fêmur geralmente acarreta um grande comprometimento do quadro de saúde, com grandes chances de desenvolver complicações cardiorrespiratórias e embolia pulmonar. 

É importante salientar que em casos de queda, recomenda-se breve avaliação médica para examinar minuciosamente possíveis lesões e causas que ajudaram a concretizar o ocorrido. 

Em sua maioria, quedas são inesperadas e difíceis de serem previstas. Após o diagnóstico clínico e autorização para retomada da rotina dentro e fora de casa, é fundamental que os parentes apoiem o familiar, apontando os cuidados e atenção necessárias no dia a dia, pois a idade avançada não implica em nenhuma incapacidade para realização de qualquer atividade. 

 

Lucia Palma - formada em Gestão de Marketing pela Anhembi-Morumbi, CEO e fundadora do Portal Casas de Repouso.

 

A fórmula do amor

Para muitas pessoas a paixão passa a ser a única razão de viver e acabam aprisionadas por esse sentimento. Ao sermos tomados pelo sentimento da paixão dividimos espaços entre o que somos e o que estamos sentindo.

A paixão passa a ser parte de nossas vidas e caminha pelo nosso interior. É algo maior do que satisfazer apenas os desejos do corpo e do ego, a humanização da paixão. Se vista por outro prisma é a porta de entrada para algo maior em nós – o amor.

Nos faz entender que o outro é muito mais do que corpo. Seria muito fácil reduzir a paixão à satisfação simplista do corpo, banalizando o sentimento da paixão, um final muito triste para um sentimento tão bonito e importante para os seres humanos.

A única solução para que a paixão cumpra de fato o seu papel é entender que existe uma força maior que nos criou e sem essa conexão com o criador, a sua existência se reduz ao que o mundo lhe apresenta como real a cada momento da história.

Quando a paixão passa a ser apenas desejos, surge o pecado, ocorre um desequilibro e tudo fica desigual. Na relação a dois, um acaba usando o outro em benefício próprio.

Ao escolhermos aproveitar o sentimento, o dominamos. Mesmo com as dificuldades que ele nos apresenta. Dominar a paixão é uma questão de sobrevivência. Podemos nos habituar com o sentimento da paixão tornando-o corriqueiro e agradável, seja qual for a situação. Isso só é possível se em dado momento de nossas vidas, optarmos pelo sentimento, por sua pureza e não simplesmente pelo objeto da paixão.

O sentimento da paixão é a porta de entrada para o amor, mas são duas coisas completamente diferentes.

Dentro de uma relação à dois, a nossa relação pessoal com o criador (Deus) tem influência direta em como lidamos com o sentimento da paixão e se ela vai nos levar ao amor ou não. Como viemos para o mundo sozinhos e assim vamos deixá-lo, quando encontramos alguém que nos completa no contexto de nossa existência, precisamos, sim, manter nossa ligação com Deus. O amor a dois em hipótese alguma pode substituir o amor para com o criador.

Fazer com que a fórmula do amor chegue ao maior número possível de relacionamentos é o que proponho com a publicação da fórmula do amor e assim viverem a paixão em suas vidas de forma verdadeira. 

 

Renato Paulo Schmidt - Especialista em desenvolvimento pessoal e profissional, com ênfase na definição de seu propósito de vida e a materialização de sonhos muitas vezes tidos como impossíveis. Autor do livro “O lado doce da paixão”, pela Literare Books International.


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