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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

NEUROCIÊNCIA aponta os caminhos da educação


Iniciei meus estudos como Doutoranda em Neurociência e muitos me questionaram por que não o fiz na Educação. Então, decidi escrever este artigo para esclarecer alguns pontos fundamentais. “Neurociência” é uma disciplina recente, agrupando neurologia, psicologia e biologia. Os estudos estão relacionados à estrutura do sistema nervoso central e de como ele pode afetar de tal maneira a área cognitiva e a questão da aprendizagem.

Estudos fundamentais sobre a função da percepção, emoções, aprendizagem e memória mostraram significativo progresso, especialmente adotando abordagens da neurociência cognitiva. Aprendizagem e educação podem ser estudadas e estão ligadas, pois não há aprendizagem significativa sem a educação.

Henri Wallon foi um dos primeiros a levar não só o corpo da criança para dentro da sala de aula, mas também suas emoções. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do “eu” como pessoa. O homem é um ser social e que aprende de forma voluntária ou involuntária. Nosso cérebro adquire conhecimento mesmo das maneiras mais estranhas e inesperadas: pode ser apenas focando em uma imagem, observando uma ação, ou mesmo num inesperado flash da mente que traz informações armazenadas ao longo da vida.

A Neurociência tem se preocupado em analisar as causas e efeitos que interferem nestas questões de aprendizagem, analisando tanto a área cognitiva como a emocional. Muitos fatores interferem nas questões de aprendizagem independente do potencial de capacidade de raciocínio.

Algumas crianças que foram estimuladas e estão prontas para adquirir a leitura podem não conseguir, por questões sociais, emocionais e até mesmo por falta de uma alimentação saudável, que pode nutrir o organismo com as vitaminas básicas para o cérebro conseguir trabalhar com equilíbrio.

Depois de muito se ter lutado e a luta continua por muito tempo no Brasil para a garantia da educação infantil - nós, educadores, estamos vivendo um novo momento num processo de construção dos saberes na infância. Precisamos construir um processo educativo capaz de trazer à criança a autonomia e a identidade. Aliás, não só das crianças, mas da sociedade na qual ela está inserida e, portanto, dar mais vida ao viver a infância na escola.

Hoje, não é possível mais se dedicar apenas à Pedagogia para resolver os problemas da sala de aula. O cérebro, principalmente da criança em idade pré-escolar, muito recebeu de contribuições da Neurociência sob o enfoque dos esclarecimentos, das ajudas, das compreensões do aprender, que não eram possíveis há 50 anos e é por isso que devemos repensar nossas ações.

Atualmente, o pedagogo também é um neuropesquisador. As emoções têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e sua vontade. Em geral, são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino. O estado emocional geralmente impede o indivíduo de exercer determinadas atividades cognitivas. O cérebro humano, embora pareça uma massa única, possui divisões - as chamadas áreas cerebrais - que são as grandes responsáveis por atitudes e comportamentos humanos: ver, ouvir, sentir fome, entre outras.

O cérebro realiza várias tarefas incríveis: controla a temperatura corpórea, a pressão arterial, a frequência cardíaca e a respiração. Aceita milhares de informações vindas dos nossos sentidos, e faz as interconexões destas informações. Controla nossos movimentos físicos ao andarmos, falarmos, ficarmos em pé ou sentarmos de forma operacional e controlada, deixa-nos pensar, sonhar, raciocinar e sentir emoções.

Todas essas tarefas são coordenadas, controladas e reguladas por um órgão que tem mais ou menos o tamanho de uma couve-flor: o CÉREBRO.

Algumas coisas que chamam a atenção: a criatividade e o talento ou, a discussão maior: por que algumas crianças, com alta capacidade de raciocínio, não conseguem desenvolver todo o potencial cerebral? Talvez seja o principal motivo que me estimulou a estudar Neurociências, por acreditar que nem tudo que o nosso cérebro tem armazenado é capaz de se reproduzir nas ações diárias.

Estamos vivendo tempos modernos, cheios de tecnologia, e as mesmas crianças e adolescentes capazes de dominar as diversas máquinas com seus mais complicados softwares e hardwares não conseguem muitas vezes acompanhar a escola de maneira adequada, adquirir a linguagem, a interpretação, têm dificuldades nas áreas exatas. Eis aí a indagação, como as pessoas mais velhas, que não nasceram na geração da tecnologia, enfrentam várias dificuldades com as máquinas, apesar de muitas delas serem profissionais de sucesso como advogados, professores, médicos, engenheiros...

Atualmente, não estranhamos se um neto estiver ensinando um avô advogado a usar um celular. As emoções não são criadas pelo coração como muitos pensam e até dizem - “Tenho coração mole”. Isto é uma metáfora! As emoções têm origem na atividade dos circuitos neuronais e determinam como nos comportamos como indivíduos. Segundo Ricardo Valim, autor que define a mente humana como grande enganadora dos nossos sentimentos, é possível que sim, pois se as emoções estão sendo estabelecidas em circuitos cerebrais, ou seja, em encontros dos neurônios, é bem possível que a mente utilize-se destes artifícios para causar nas pessoas uma sensação de bem-estar diante de grandes dificuldades, ou então ao contrário, despertando-lhe o medo, a sensação de incapacidade, de vazio, tristeza...

O cérebro também é o responsável por armazenar informações, lembranças de atividades simples ou complexas e, também, é o responsável por tirá-las lá do fundo quando necessitamos. Não existe uma comprovação de que fazemos um esforço físico para estimular o cérebro de maneira voluntária. Não é comprovado que paramos em um momento para mentalizar atividades cerebrais. Há, todavia, um entendimento entre a atividade cerebral e o momento em que necessitamos da informação, ou seja, é uma atividade involuntária ligada ao psicossocial e ao cerebral.

Aqui, vamos refletir como a Neurociência pode ajudar no desenvolvimento cognitivo e nas questões relacionadas à aprendizagem. Precisamos entender que os estímulos externos ajudam o cérebro a trabalhar na área específica que desejamos. Se conseguirmos conciliar um ambiente agradável com ajuda psicológica e valores morais, o cérebro pode reagir de maneira mais eloquente e transformar o que antes eram apenas funções cerebrais em ações, pois irá transmitir ao corpo toda a aprendizagem que está armazenando quando estabelece as relações entre as atividades cerebrais. Não podemos pensar apenas em Neurônios, trocando informações e mensagens que são ordenadas de fora para dentro, pois o que ocorre é que as ações externas irão comprometer as internas. Então, para que haja aprendizagem, todo o exterior irá contribuir. É por isto que a Neurociência não se propaga como apenas um estudo cerebral, mas o indivíduo como um todo e suas relações familiares e sociais.

Conhecer o papel do hipocampo na consolidação de nossas memórias, responsável pelas nossas emoções, desvendar os mistérios que envolvem a região frontal sede da cognição, linguagem e escrita, poder entender os mecanismos atencionais e comportamentais das crianças com TDAH, terão papel fundamental para despertar a mente humana e ajudar a nortear os passos para a conquista da leitura e da escrita.

As crianças que apresentam o TDAH devem ser estimuladas a interpretar, através de imagens que fazem parte do seu cotidiano, para que não haja uma força contrária entre a função cerebral e as áreas externas, possibilitando um elo entre as formas visuais e a decodificação e os sons.

O cérebro é ainda um grande e complexo mistério, porém somente através dos estudos das reações das crianças e adolescentes aos estímulos da região temporal ligada à percepção é que poderemos ter um diagnóstico mais preciso e encontrar as causas das deficiências de aprendizagem e ajudar a conquistar esta parte do cérebro que está parada, como num estado de letargia, sem querer atender aos estímulos.

Porém, temos que admitir: sem o apoio das famílias, ambiente favorável, estímulos e atendimento adequado ligando a Neurociência em outras áreas educacionais poderá até haver conquistas, mas elas serão lentas e muitas vezes não terá o resultado esperado.

Segundo a pesquisadora Vera Lúcia de Siqueira Mietto, a Neurociência se constitui, assim, em atual e uma grande aliada do professor para poder identificar o indivíduo como ser único, pensante, atuante, que aprende de uma maneira toda sua, única e especial. Desvendando os mistérios que envolvem o cérebro na hora da aprendizagem, a Neurociência disponibiliza ao educador moderno (neuroeducador), impressionantes e sólidos conhecimentos sobre como se processam a linguagem, a memória, o esquecimento, o desenvolvimento infantil, as nuances do desenvolvimento cerebral desta infância e os processos que estão envolvidos na aprendizagem a ele proporcionada.

Tomarmos posse desses novos e fascinantes conhecimentos é imprescindível e de fundamental importância para uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que se mostre atuante e voltada às exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente.

Porém, não podemos desistir, pois sem esforço e estudo não seremos educadores, mas apenas transmissores de conhecimento e iremos deixando para trás aqueles que não conseguem raciocinar e acompanhar o processo educacional. É isto que a Neurociência pretende: não igualar, mas respeitar as fases de maturação cognitiva e os encontros das atividades cerebrais que não são iguais entre cada ser humano, coordenando os estímulos externos com os internos.





Sueli Bravi Conte - educadora, psicopedagoga, doutoranda em Neurociência e mantenedora do Colégio Renovação, instituição de ensino com mais de 30 anos de atividades e que atua da Educação Infantil ao Ensino Médio.




A Arca de Noé do século XXI


A falsa polêmica sobre existir ou não mudança do clima no planeta é assunto que já aborrece os especialistas da área. Afinal, se a grande maioria dos cientistas diz que sim, e essa maioria estuda e pesquisa nos institutos de maior reputação no mundo todo, por que ir atrás daquela meia dúzia que continua negando o fenômeno?  Parece que se há polêmica, então há matéria jornalística, e vale o esforço da cobertura. Aí reside o problema. Dar atenção ao que não é substantivo é apenas uma opção. Portanto, não cobrir os negacionistas que refutam a existência da mudança do clima deveria ser uma alternativa mais relevante para os meios de comunicação - assim como não dar ouvidos aos extremistas na política e na guerra poderia ser uma opção para impulsionar democracias e economias mais saudáveis. Abrir as principais vitrines do mundo na mídia impressa ou virtual é um ato de grande responsabilidade. Quem guarda essa chave poderia pensar mais a sério antes de dar o palco para notícias cujas consequências são destrutivas. Uso esse exemplo para chamar atenção do que considero que deveria ser bem mais exposto na mídia do que a negação do aquecimento global ou sensacionalistas em busca de mídia para sua projeção e busca por poder. 

Se você entende que o cenário das mudanças climáticas é para valer, seja porque leu os estudos publicados aos milhares, seja por ter observado os exemplos recentes de eventos climáticos extremos, como as secas e incêndios na Grécia, Califórnia ou Portugal, certamente vai ficar curioso para entender quais as consequências desse fenômeno. As perdas globais por incêndios atingiram níveis recorde no ano passado - e isso pode piorar à medida que a ameaça da mudança climática cresce. Somos novamente atingidos por uma grande seca no sudeste do país e a escassez hídrica começa a bater em nossa porta, sem que tenhamos agido suficientemente para combater o problema no curto e longo prazo. Quebrar recordes de diferentes safras agrícolas no país também são sinais a que precisamos ficar atentos. 

Vale a pena ir um pouco além e investigar as consequências disso para as diferentes formas de vida no planeta. Há cientistas que alegam que estamos vivendo a 6ª maior extinção de espécies da história, numa fase chamada de Antropoceno – a época geológica em que humanos se tornam a principal causa de alterações do planeta. Estamos perdendo espécies de plantas e animais em grande escala, muitos dos quais sequer chegamos a conhecer. Com esse processo acelerado, tornam-se ainda mais urgentes as ações de conservação ambiental, principalmente aquelas em terras públicas (áreas protegidas) e privadas (reservas legais ou áreas de preservação permanente obrigatórias nas propriedades). Além de conservar, é fundamental também restaurar áreas degradadas, a fim de resgatar a capacidade de produção de alimentos, promover segurança hídrica, reter carbono no solo e estocá-lo nas plantas.

O lado bom da história é que vivemos um grande despertar de atores que têm se dedicado à restauração florestal (ou de outros tipos de vegetação) e à produção agropecuária sustentável, convencidos que ainda temos oportunidade de salvarmos algumas regiões e espécies no planeta de uma devastação ainda maior. Do lado da conservação, sofremos também com a falta de investimento em parques e áreas de conservação, pois o que é considerado bem público não tem recebido a devida atenção, muito menos investimento. E o mais irônico disso tudo é que é justamente nessas áreas que reside a nossa esperança: milhões de espécies de fauna e flora que podem nos salvar das situações extremas em que o aquecimento global está nos colocando. De onde virão as sementes para o reflorestamento de áreas degradadas, se nossas áreas preservadas pegarem fogo ou sucumbirem às secas? De onde virá a água para abastecimento e produção, se comprometermos as áreas protegidas?

Para sairmos da ação de alguns poucos voluntaristas, o ideal seria que, além dos governos, houvesse um forte engajamento do setor privado, para que pudéssemos dar escala às ações para salvar espécies relevantes de fauna e flora para as futuras gerações. Muitas das ações necessárias podem acontecer na forma de negócios, de micro a grande porte, gerando economia relevante. Os negócios de impacto social e ambiental, neste momento da história, tornam-se peça chave para os desafios planetários. 

Estaríamos vivendo um momento "Arca de Nóe"? O que falta para a sociedade despertar? Além da oportunidade de uma nova economia como aqui descrito, temos opção ímpar a cada eleição. Nosso voto na urna pode ser a diferença entre ter políticas que negam os problemas aqui relatados ou ter gestores responsáveis e comprometidos com as atuais e futuras gerações e com soluções para esses desafios que afetam a todos nós.







Rachel Biderman - diretora-executiva do WRI Brasil e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza



quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Cães e gatos em condomínios: a higienização correta



Alguns cuidados se fazem necessários para a saúde do homem e dos seus bichinhos


Não há adulto ou criança que resista à alegria de um animal de estimação, afinal, não é por menos que eles são considerados excelentes companhias, inclusive para benefícios na saúde de seus donos, como: aliviar o stress, a ansiedade, a solidão, diminuindo a pressão arterial e os riscos de doenças cardíacas. Além é claro, da interação social. Porém, dividir a casa e os espaços com o "amigo bicho" exige cuidados com eles – que se tornam praticamente parte da família – e com todos os humanos que convivem direta ou indiretamente com o animal.

Nos condomínios horizontais ou verticais, há ainda maior necessidade de cuidados. Uma delas é cumprir as regras estabelecidas nos estatutos, como evitar que os animais façam muito barulho, destruam móveis dos locais comuns, invadam o espaço privado de outros moradores e incomodem ou ataquem pessoas. Afinal, a maioria das pessoas respeita quem tem animais, porém nem todos gostam ou querem ser chateados por eles.

Uma das maiores polêmicas é a limpeza, já que muitos desses bichos de estimação não foram educados para defecar no local correto e fazem suas necessidades em qualquer lugar. Mas, além dos donos terem que retirar as fezes dos locais - por onde os melhores amigos passaram - para não terem que pagar multa, o condomínio precisa dar uma especial atenção na limpeza, para que isso não se torne um risco à saúde dos condôminos ou visitantes.

Além de causar incômodo por causa do cheiro desagradável, as fezes deixadas nos locais compartilhados nos condomínios - como parques, jardins, ruas, calçadas, estacionamentos, salões sociais, elevadores e corredores - podem transmitir doenças. Os especialistas alertam que os dejetos são eliminados com ovos de parasitas, que podem provocar doenças como o bicho geográfico, lombrigas, entre outros males. Com isso, os homens e até mesmo o próprio animal correm riscos com a saúde. As crianças correm ainda mais, pois nem sempre têm noção de higiene e pegam em areia, grama e qualquer coisa ou lugar.

Além da consciência dos donos dos animais, as equipes de higienização dos condomínios precisam estar atentas para eliminarem qualquer tipo de resquício de contaminação. Para isso, a higiene deve ser redobrada para que a limpeza possa reduzir ao máximo a incidência de doenças, já que elimina contágios com ações adequadas, como lavagem e produtos higienizadores apropriados.

Para locais de grande circulação, como nos condomínios, é recomendável a contratação de serviços profissionais, em que as pessoas encarregadas da limpeza tenham conhecimento sobre a melhor forma de higienização geral – incluindo resquícios de fezes de animais - e qual frequência ideal para o serviço. Para isso, o mais indicado é a contratação de empresas especializadas, que trabalham com a terceirização do serviço e oferecem serviços de limpeza para pequenos, médios e grandes condomínios, tanto residenciais como comerciais. Empresas confiáveis possuem funcionários treinados especificamente para este tipo de trabalho, como os auxiliares de limpeza e auxiliares de serviços gerais. Esses profissionais recebem um treinamento com instruções teóricas e práticas sobre atendimento a clientes, postura profissional, cronograma das atividades diárias e programadas, tipos de produtos e suas finalidades e, principalmente, conhecem técnicas de higienização de ambientes. E para garantir o bom resultado, esses profissionais possuem encarregados que fiscalizam se o trabalho está sendo desenvolvendo de acordo com as instruções.

O síndico e os responsáveis pela manutenção do condomínio devem ficar atentos às áreas mais necessitadas de limpeza, porém também é dever de todos os condôminos contribuir com a organização e a higiene, tanto de seus apartamentos quanto das áreas sociais, para que o local esteja limpo e bem apresentável.




Amilton Saraiva - especialista em condomínios da GS Terceirização www.gsterceirizacao.com.br


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