![]() |
| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Cercado de tabus, o suicídio é um tema delicado, mas que precisa
ser tratado como prioridade de saúde pública. Ao contrário do que muitos imaginam,
falar sobre o assunto é essencial para evitar novos casos e auxiliar na busca
por tratamento adequado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de
720 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo, em média, um caso
a cada 40 segundos.
Em 2021, o suicídio foi a terceira principal causa de morte entre
jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, dados recentes do Ministério da Saúde
mostram que, em 2023, foram registrados mais de 16,8 mil óbitos por suicídio no
país, média de 45 casos por dia, número que se mantém em alta e reforça a
urgência de tratamentos eficazes e prevenção. Um levantamento da Unicamp
apontou que 17% dos brasileiros já pensaram seriamente em dar fim à própria
vida e, destes, 4,8% chegaram a elaborar um plano.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os casos de
suicídio no Brasil aumentaram 43% em apenas uma década. Entre crianças e
adolescentes, o crescimento também é alarmante. De 2013 a 2023, houve um
aumento de 42,7% no número de suicídios nessa faixa etária.
Prevenção e tratamento
De acordo com Juliana Souto, psicóloga da Paraná Clínicas, é
possível identificar sinais que podem indicar risco de suicídio, embora muitas
vezes eles passem despercebidos. “Podemos pensar em sinais e sintomas muito
claros em alguns transtornos mentais, como a depressão, ansiedade ,
bipolaridade o Toc. Na depressão quando o paciente está muito
desorganizado: sono com prejuízo, alimentação, esquiva dos relacionamentos,o
desprazer em atividades rotineiras, a fala e o comportamento do paciente,
denotam problemas. Muitas vezes, nesses casos, a pessoa fala sobre não
conseguir continuar na mesma vida, de quanto a vida está difícil, de como é
doloroso viver, o quanto se sente vazio sem prazer”, afirma a especialista.
Frases como “vou me matar” ou “tenho vontade de morrer”, antes desvalorizadas,
hoje precisam ser vistas como um grito de socorro.
A especialista destaca que a escuta ativa e o acolhimento são
fundamentais nesses casos. “Quando a pessoa encontra espaço seguro para falar
da dor, da história e da angústia, há mais chances de prevenção. Esse processo
pode abrir portas para encaminhamento médico, apoio psicológico, prática de
atividades físicas e fortalecimento dos vínculos familiares. Muitas vezes a
família só descobre o sofrimento quando o paciente já tomou uma atitude
extremada, por isso a escuta sem julgamento é essencial”, orienta a
especialista.
A psicóloga da Paraná Clínicas reforça que a depressão pode sim
ser tratada, ainda que não exista uma cura definitiva. “Há possibilidade de
remissão dos sintomas, parcial ou total. Para isso, é indispensável o
acompanhamento de profissionais qualificados, tanto no aspecto medicamentoso
quanto terapêutico, além do suporte familiar. O envolvimento da família
estimula o paciente a manter o tratamento, a retomar hábitos saudáveis e a
enfrentar os sintomas.
Mitos e verdades sobre o suicídio
Apesar do avanço das campanhas de conscientização, muitos mitos
ainda prejudicam a prevenção. Um dos mais comuns é acreditar que falar sobre
suicídio aumenta o risco de que alguém cometa o ato. Na realidade, conversar
sobre o assunto abre espaço para aliviar tensões e ajuda na busca por um
tratamento adequado.
Outro mito recorrente é a ideia de que pessoas que falam sobre a
intenção de morrer não levam isso a sério. Grande parte das pessoas que pensam
em suicídio dá sinais ou verbaliza suas intenções. Ignorar isso é extremamente
arriscado.
Também não é correto afirmar que todos os indivíduos que tentam ou
cometem suicídio têm transtornos mentais graves. Embora seja frequente a
associação, há casos em que não há diagnóstico clínico, mas sim situações de
sofrimento intenso.
Paraná Clínicas

Nenhum comentário:
Postar um comentário