Consultoria
avalia que situações meteorológicas adversas podem causar de incidentes a
atrasos em voos comerciais; análises em tempo real é um caminho preventivo
Os eventos climáticos
extremos têm se tornado cada vez mais frequentes e impactado diversos setores
da economia e do cotidiano das pessoas. Na aviação, companhias aéreas precisam
se adaptar a esse cenário para garantir a segurança e a eficiência das
operações. Dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Sipaer) indicam 83 ocorrências relacionadas a condições
meteorológicas entre 2015 e 2023, das quais 28 envolvendo pelo menos uma morte.
Para minimizar as adversidades do clima, a Nottus – empresa de inteligência de
dados e consultoria meteorológica para negócios – avalia que o monitoramento e
as análises em tempo real podem contribuir para uma atuação preventiva no setor
da aviação.
“Os eventos
meteorológicos estão entre as principais causas de incidentes e atrasos em voos
comerciais no Brasil. Em 2024, fenômenos como queimadas intensas causaram o
fechamento temporário de aeroportos em diversas regiões do país, o que trouxe
impactos para milhares de passageiros”, afirma Alexandre Nascimento, sócio-diretor
e meteorologista da Nottus. Segundo o especialista, o aumento na quantidade de
raios é um ótimo indicador da maior frequência de tempestades severas o que
contribui para o aumento de ocorrências, reforçando a necessidade de ações
preventivas mais eficazes.
Os voos
comerciais, devido à sua regularidade e ao transporte de muitos passageiros,
são particularmente vulneráveis às condições climáticas. "Outros fenômenos
climáticos, como temperaturas elevadas demais, nevoeiros, turbulências de céu
claro, chuvas de granizo e tempestades severas, podem resultar em mudanças de
rota inesperadas e até em situações de risco caso medidas de segurança não
sejam rigorosamente seguidas", analisa Nascimento.
O monitoramento
das condições climáticas é outro fato essencial para o planejamento operacional
no mercado da aviação. Alterações nos padrões de vento, que influenciam
decolagens e aterrissagens, também têm sido observadas. A National
Aeronautics and Space Administration (Nasa) observa que ventos
desfavoráveis tendem a aumentar o consumo de combustível em até 3%.
Segundo a
Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), o calor pode impactar a
decolagem de aviões porque reduz a densidade do ar e afeta a potência dos
motores, o que exige pistas mais longas para levantar voo. Em regiões muito
quentes, como desertos, os aeroportos possuem pistas estendidas e voos longos
são preferencialmente noturnos. No Brasil, esse fenômeno é raro, mas as
companhias aéreas adotam medidas como ajuste de peso e planejamento de horários
para garantir segurança.
“Os impactos das
condições meteorológicas adversas vão além da segurança e afetam diretamente os
custos operacionais das companhias aéreas”, diz o meteorologista da Nottus.
Nascimento explica que “desvios de rota e alterações nos planos de voo devido a
tempestades ou turbulências resultam em percursos mais longos e,
consequentemente, aumentam o consumo de combustível”. Ele acrescenta que “com a
maior frequência de eventos climáticos extremos, as seguradoras são levadas a
ajustar taxas para cobrir os riscos adicionais e, ou seja, há um aumento de
custos para as empresas do setor e para o consumidor”.
Segundo
Alexandre Nascimento, inovação e tecnologia são fortes aliadas para minimizar
situações meteorológicas adversas no mercado de aviação. “Análises detalhadas de
dados climáticos, previsões de tempestades e monitoramentos em tempo real das
condições atmosféricas permitem que companhias aéreas planejem melhor suas
operações. É uma forma de reduzir riscos, custos operacionais e impactos de
eventos adversos. Como resultado, aumentamos a segurança dos voos”, conclui.
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