Advogada orienta
líderes de empresas para desenvolver comportamentos saudáveis e de atenção à
saúde mental dos funcionários a fim de evitar processos trabalhistas
Um estudo realizado com gestores e profissionais de
recursos humanos de 767 empresas do país, constatou que a saúde mental do
brasileiro no ambiente do trabalho não está em seu melhor momento. Das 1.589
pessoas que responderam perguntas elaboradas pela startup, Conexa, um
ecossistema digital de saúde, 87% afirmaram ter ocorrido afastamento em sua
corporação por causa de doenças que afetam a mente do colaborador. Isso somente
em 2023.
Boa parte desses casos acontece quando um líder tem
um comportamento tóxico dentro da empresa. Segundo a advogada Adriana
Belintani, especialista em saúde mental, os sinais são claros, mas nem sempre o
colaborador percebe e só se dá conta dos abusos depois de ficar doente.
“É aquele líder que chega metendo pressão, que
manda mensagens cobrando atividades de trabalho inclusive nos finais de semana
e alguns que chegam a proibir o funcionário de ir ao banheiro”, exemplifica a
advogada.
Belintani diz que estamos em um mundo conectado no
digital e, com isso, as pessoas estão deixando de lado as relações
interpessoais que são muito importantes.
“Quando você não tem apoio do seu chefe ou ele te
humilha, o stress do dia a dia vai ficando cada vez mais difícil de aguentar e
a pessoa adoece, até porque não é só o trabalho, se esse funcionários está com
um problema em casa isso se agrava com um ambiente de trabalho ruim”, reforça
Adriana.
Depois de identificar que está sofrendo abuso por
parte de um superior, a orientação da advogada é que esse trabalhador acumule
provas para conseguir ganhar a causa na Justiça.
“A Justiça funciona com provas, então e-mails,
mensagens, prontuários de psicólogos e psiquiatras e, principalmente, o
testemunho de outros funcionários, podem ajudar muito o trabalhador que entra com
uma ação contra a empresa”, diz.
A especialista explica ainda que saúde mental não
se trata de benefício e, sim, a cultura de uma empresa. “Um chefe assediador e
abusivo normalmente é tratado da mesma maneira por um superior e a corrente
abusiva segue”, afirma.
O papel das empresas
Adriana Belintani tem experiência de mais de 20
anos no atendimento à pessoas que têm a saúde mental afetada por conta de
um ambiente de trabalho tóxico. Depois de suportar situações de humilhação,
anos à fio, o trabalhador procura a advogada pedindo uma reparação financeira
devido aos abusos sofridos nos locais de trabalho.
Além disso, a especialista faz circuito de
palestras nas empresas para evitar que certas situações cheguem em um
ponto em que as corporações precisem enfrentar várias ações
trabalhistas por assédio moral, por exemplo. Segundo a advogada, nessas
palestras ela deixa bem claro o que os líderes podem ou não falar ou como devem
se comportar para evitar futuras ações contra a empresa.
“Uma empresa tem que dar o exemplo, promovendo
ações para proteger a saúde mental desses trabalhadores, falando sobre o tema e
até abrindo um canal de denúncias para que as pessoas possa relatar o que está
acontecendo”, afirma.
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