Envelhecimento dos profissionais e o desinteresse dos jovens em ser professor deve gerar um "apagão" de profissionais até 2040.
Uma pesquisa
realizada pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior
do Brasil, revela que o Brasil terá uma falta de professores em todas as etapas
da educação básica nos próximos anos. Conforme os dados do levantamento, o
déficit de profissionais pode chegar a 235 mil em 2040.
O país precisará
de 1,97 milhão de professores em 2040, mas projeções indicam que o total de
novos professores cairá 20,7% em 18 anos, gerando um déficit de 235 mil
profissionais.
A educadora,
pedagoga, psicopedagoga e especialista em neurociência, Kátia Chedid, comenta
que o envelhecimento dos professores e o desinteresse dos mais jovens em seguir
o magistério fará com que no futuro as escolas tenham dificuldade para
contratar professores. O processo de precarização da profissão, como a baixa
remuneração e a falta de reconhecimento, as condições inadequadas de trabalho,
como infraestrutura ruim das escolas, falta de equipamentos e materiais de
apoio, violência na sala de aula, além de problemas de saúde, agravados pela
pandemia e pelo estresse crônico, afastaram os mais novos da sala de aula.
A pesquisa mostra
também que os professores são a categoria que mais sofrem com burnout— síndrome
de esgotamento físico e mental, apontada como um dos principais motivos de
afastamento da sala de aula.
Para que o professor possa exercer a profissão dele é necessário que tenha
investimento. Se o local de trabalho dele não auxiliá-lo para que ele dê uma
boa aula, não tem como ser professor. A pedagoga Kátia Chedid comenta que para
reverter o cenário e estimular que jovens escolham a carreira de professor, é
necessário tornar a profissão mais atrativa. Melhorar a remuneração, a
segurança dentro das salas de aula, a infraestrutura das escolas e a formação.
“Ninguém nasce sabendo e absolutamente tudo na vida necessita de aprendizado, quaisquer profissão e formação que escolhemos seguir depende de alguém para ensinar: o professor. É na sala de aula e com educadores que se constrói o conhecimento e onde conhecemos os assuntos e entramos em contato com temas importantes das mais diversas áreas para formar a base do nosso saber. É o trabalho nesse ambiente que nos prepara para a vida e nos capacita a exercer uma profissão, com o conhecimento necessário para isso.” afirma Kátia Chedid.
As atividades
escolares mediadas pelo professor também proporcionam o contato com as
habilidades e competências exigidas para a vida profissional do futuro e para a
vida pessoal. A educação, enquanto pilar da sociedade, tem o professor como
agente formador de cidadãos aptos a atuar na sociedade, munidos de conhecimento
e habilidades fundamentais.
"Vamos travar
uma luta contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo. Vamos pegar nossos
livros e nossas canetas, pois são as armas mais poderosas. Uma criança, um
professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única
solução." (Malala Yousafzai -- Discurso, ONU, 2013).
A humanidade
precisa de educadores com visão emancipada, que possibilitem transformar as
informações em conhecimento e em consciência crítica, para formar cidadãos
sensíveis e que busquem um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável
para todos.
“O papel do
professor como mediador nos processos de elaboração do conhecimento é
primordial para que a educação evolua e sirva ao seu propósito social. O
trabalho docente é a base da formação escolar e contribui não só com o
desenvolvimento dos alunos, mas com o progresso da sociedade em geral,
utilizando o conhecimento e a educação como instrumento.” finaliza Kátia
Chedid.
Kátia A. Kühn Chedid - Educadora
e especialista em Neurociência aplicada a Educação. Educadora há mais de 35
anos. Pedagoga, psicopedagoga, especialista em gestão escolar, com extensão em
Neuropsicologia, participou de grupos de estudo em Neurociência na Faculdade de
Educação da PUC-SP, na Escola Politécnica e na Faculdade de Educação da USP.
Finalizando a especialização em Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade
de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Em 2020 recebeu o Prêmio
Special Tribute International, Categoria Best Practices in Education, and
Health, Brazil-Europe, Projeto Cap Sur Ecole Inclusive d’Europe. O prêmio foi
conferido pela European Commission Erasmus+.
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