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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Professor: Uma Espécie Que Entrará em Extinção?

Envelhecimento dos profissionais e o desinteresse dos jovens em ser professor deve gerar um "apagão" de profissionais até 2040.

 

Uma pesquisa realizada pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, revela que o Brasil terá uma falta de professores em todas as etapas da educação básica nos próximos anos. Conforme os dados do levantamento, o déficit de profissionais pode chegar a 235 mil em 2040. 

O país precisará de 1,97 milhão de professores em 2040, mas projeções indicam que o total de novos professores cairá 20,7% em 18 anos, gerando um déficit de 235 mil profissionais. 

A educadora, pedagoga, psicopedagoga e especialista em neurociência, Kátia Chedid, comenta que o envelhecimento dos professores e o desinteresse dos mais jovens em seguir o magistério fará com que no futuro as escolas tenham dificuldade para contratar professores. O processo de precarização da profissão, como a baixa remuneração e a falta de reconhecimento, as condições inadequadas de trabalho, como infraestrutura ruim das escolas, falta de equipamentos e materiais de apoio, violência na sala de aula, além de problemas de saúde, agravados pela pandemia e pelo estresse crônico, afastaram os mais novos da sala de aula. 

A pesquisa mostra também que os professores são a categoria que mais sofrem com burnout— síndrome de esgotamento físico e mental, apontada como um dos principais motivos de afastamento da sala de aula.
 
Para que o professor possa exercer a profissão dele é necessário que tenha investimento. Se o local de trabalho dele não auxiliá-lo para que ele dê uma boa aula, não tem como ser professor. A pedagoga Kátia Chedid comenta que para reverter o cenário e estimular que jovens escolham a carreira de professor, é necessário tornar a profissão mais atrativa. Melhorar a remuneração, a segurança dentro das salas de aula, a infraestrutura das escolas e a formação.

 “Ninguém nasce sabendo e absolutamente tudo na vida necessita de aprendizado, quaisquer profissão e formação que escolhemos seguir depende de alguém para ensinar: o professor. É na sala de aula e com educadores que se constrói o conhecimento e onde conhecemos os assuntos e entramos em contato com temas importantes das mais diversas áreas para formar a base do nosso saber. É o trabalho nesse ambiente que nos prepara para a vida e nos capacita a exercer uma profissão, com o conhecimento necessário para isso.” afirma Kátia Chedid. 

As atividades escolares mediadas pelo professor também proporcionam o contato com as habilidades e competências exigidas para a vida profissional do futuro e para a vida pessoal. A educação, enquanto pilar da sociedade, tem o professor como agente formador de cidadãos aptos a atuar na sociedade, munidos de conhecimento e habilidades fundamentais. 

"Vamos travar uma luta contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo. Vamos pegar nossos livros e nossas canetas, pois são as armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução." (Malala Yousafzai -- Discurso, ONU, 2013). 

A humanidade precisa de educadores com visão emancipada, que possibilitem transformar as informações em conhecimento e em consciência crítica, para formar cidadãos sensíveis e que busquem um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. 

“O papel do professor como mediador nos processos de elaboração do conhecimento é primordial para que a educação evolua e sirva ao seu propósito social. O trabalho docente é a base da formação escolar e contribui não só com o desenvolvimento dos alunos, mas com o progresso da sociedade em geral, utilizando o conhecimento e a educação como instrumento.” finaliza Kátia Chedid.

Kátia A. Kühn Chedid - Educadora e especialista em Neurociência aplicada a Educação. Educadora há mais de 35 anos. Pedagoga, psicopedagoga, especialista em gestão escolar, com extensão em Neuropsicologia, participou de grupos de estudo em Neurociência na Faculdade de Educação da PUC-SP, na Escola Politécnica e na Faculdade de Educação da USP. Finalizando a especialização em Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Em 2020 recebeu o Prêmio Special Tribute International, Categoria Best Practices in Education, and Health, Brazil-Europe, Projeto Cap Sur Ecole Inclusive d’Europe. O prêmio foi conferido pela European Commission Erasmus+.


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