Se você sente dores de cabeça com frequência, ouve
um clique quando abre ou fecha a boca, e sente dores na região da mandíbula, e
ainda dorme mal por causa das dores orofaciais (DOF), saiba que todos esses
sintomas podem ser sinal de DTM. A sigla DTM significa desordem
temporomandibular, um transtorno na região da articulação temporomandibular,
pertencente a um grupo heterogêneo de condições musculoesqueléticas e
neuromusculares, que envolvem o complexo articular temporomandibular,
musculatura e componentes adjacentes.
Esse distúrbio pode afetar não apenas o cotidiano
do paciente, como diretamente a qualidade do sono. Muitos dos pacientes
acometidos apresentam privação do sono, como uma das complicações do quadro de
dor e fadiga muscular. Um adulto dorme em média entre seis e nove horas por
noite. Dormir pouco (menos de cinco horas) ou ter um sono de má qualidade leva
a prejuízos físicos e emocionais. E a privação do sono, a longo prazo, aumenta
o risco de complicações mentais, cardiovasculares e intensifica dores.
Logo, se você tem DTM e DOF, quanto menos você
dorme, mais intensos se tornam os sintomas. E, por outro lado, quanto mais
incômodo o distúrbio, mais difícil pegar no sono. Por isso, na presença dos
sinais e sintomas em um período de 30 dias, não hesite em procurar um
cirurgião-dentista especialista na área. “A presença de dores nos músculos da
mastigação e/ ou articulação, dor que pode irradiar para cabeça, pescoço e
ouvido, dor na região auriculotemporal, com ou sem barulhos (zumbidos), dor nos
movimentos funcionais e barulhos articulares. Ou ainda se sente dificuldade de
fechar a boca, travamento mandibular, dor ao acordar, sensação de cansaço e
fadiga nos músculos da mastigação, está na hora de procurar um especialista”,
alerta Simone Saldanha Ignacio de Oliveira, professora associada e coordenadora
da Clínica de DTM e Dor Orofacial da Faculdade Federal Fluminense (RJ),
especialista na área de DTM e Dor Orofacial, com Capacitação na Odontologia do
Sono e coordenadora da disciplina da Odontologia do Sono da FOUFF.
Dor orofacial e DTM
Já a dor orofacial é uma forma frequente de dor
percebida na face e ou na cavidade oral. Pode ser causada por doenças ou
distúrbios das estruturas adjacentes, disfunção do sistema nervoso ou referida
de origens distantes. Ela apresenta uma prevalência de 37% na população
mundial. “Existem dores orofaciais odontogênicas (dentoalveolares) e dores não
odontogênicas (dores músculos esqueléticas, que incluem DTM articular, muscular
e mista e ainda outras dores não odontogênicas, como as neurovasculares,
neuropáticas)”, explica a professora.
Segundo ela, quando o paciente apresentar dores na
ATM (articulação temporomandibular) e limitação dos movimentos, deve procurar
um especialista. Os sintomas se tornam crônicos, quando apresentam
características de frequência por um período de três meses, sem sucesso com
tratamentos iniciais.
A abordagem da DTM e dor Orofacial é
multidisciplinar, e deve ser realizado por um especialista em DTM e Dor
Orofacial, além de outros profissionais. “É importante realizarmos uma
cuidadosa anamnese para entendermos o perfil do paciente, seus hábitos,
história pregressa e medicações utilizadas. O cirurgião-dentista ao identificar
sinais e sintomas de DTM e Dor orofacial poderá encaminhar a um especialista,
por meio de uma triagem de DTM com perguntas específicas (questionário de triagem
do DC/TMD). O especialista fará uma anamnese e exame físico na busca de um
diagnóstico”, explica. Muitas vezes, dependendo dos sinais e sintomas e as
áreas envolvidas, haverá necessidade de uma avaliação complementar de outras
especialidades como otorrinolaringologista, reumatologista, fisioterapeuta,
neurologista, gastroenterologista, ginecologista, endocrinologista, psicólogo e
psiquiatra.
A DTM não tem cura, mas tem controle
Os tratamentos devem ser individualizados e
monitorados por um especialista em DTM e Dor Orofacial, com ajustes de terapias
e redirecionamentos, sempre que for necessário. Eles apresentam atenção a
abordagem biopsicossocial. “A prevalência da doença é maior é em mulheres, com
uma característica de ser flutuante e não tem cura. Por isso, o foco do
tratamento é sempre o controle”, afirma a médica. “Existem terapias
conservadoras como dispositivos interoclusais, fisioterapia, exercícios
terapêuticos, terapias de relaxamento e intervenções minimamente invasivas e
cirúrgicas”, completa.
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