Francisco Gomes
Júnior, advogado especialista em direito digital, explica como será feita a
implementação da tecnologiaShutterstock
O 5G começa a operar em várias capitais do país. E
com a chegada da nova tecnologia muitas dúvidas começam a surgir. O advogado
especialista em Direito Digital e Presidente da ADDP (Associação de Defesa dos
Dados Pessoais e Consumidor), Francisco Gomes Junior, responde às perguntas
mais frequentes dos usuários de celular.
Qual será o impacto inicial do 5G e como ele será
sentido pela população?
O impacto será real para as pessoas que estiverem
nas áreas em que o 5G já está operando. Será sentida uma velocidade muito maior
do que estamos acostumados e atividades corriqueiras como baixar vídeos,
documentos ou mesmo filmes ocorrerão muitas vezes mais rápido. Quem ainda não
está nessas áreas continuará se utilizando do 4G.
O diferencial do 5G está na velocidade?
Esse é o grande impacto, o que não é pouca coisa,
mas existe uma maior velocidade de latência (tempo resposta às solicitações do
usuário) e maior capacidade de transmissão de dados (de 100 a 900 Mbits/s). Se
a rede 3G permitiu o surgimento de mídias sociais e de chamadas de vídeo e o 4G
permitiu aperfeiçoar tudo isso possibilitando a existência de aplicativos de
transporte, conversação instantânea, dentre outras, com o 5G teremos uma
revolução.
O que será essa revolução e como ela afeta a
sociedade?
A sociedade a médio prazo sentirá o impacto do 5G
em muitos setores. Na área de saúde, teremos o avanço da telemedicina e
procedimentos clínicos e cirúrgicos realizados por meio do metaverso; a área de
agronegócios e varejo poderão controlar online e em tempo real toda a cadeia
produtiva e de suprimentos; teremos carros autônomos, cidades inteligentes e a
denominada internet das coisas, além da realidade virtual em games e
streamings. Muitos desses avanços já começam a chegar ao usuário e outros
chegarão nos próximos anos.
Quais os aspectos críticos que envolvem o 5G?
Eu diria que os benefícios que o 5G propicia
superam qualquer crítica, mas cientistas sociais acreditam que poderá haver um
encarecimento nas contas de celular. Inicialmente, é importante salientar que o
5G não consome mais dados, ou seja, por si só não altera valores de contas.
Óbvio que com maior velocidade de transmissão, há a tendência de que o usuário
consuma mais dados e isso gere um maior valor de conta, mas me parece que as
operadoras já estão lançando planos promocionais para neutralizar esse impacto.
Então a questão a ser elucidada diz respeito ao consumo de energia, pois como o
5G exige uma maior quantidade de sites (antenas) poderá haver um maior consumo
de energia e liberação de dióxido de carbono, com impacto ambiental. Este ponto
merece um maior esclarecimento das operadoras e da Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações).
O 5G traz desigualdade social? Obriga o consumidor
a comprar um novo aparelho de celular?
O 5G é uma tecnologia que, por si só, não gera
desigualdade, mas a forma de implementação poderá gerar. Se apenas regiões
centrais das capitais forem beneficiadas, alijando-se a periferia das cidades
da tecnologia, em tese há uma desigualdade. Como exemplo, em São Paulo, a
região da Paulista, Berrini e Itaim possuem 48,3 antenas por quilômetros
quadrados e a região de Engenheiro Marsilac, na periferia, conta com apenas
0,02 antenas por quilômetro quadrado. Pelo país, temos muitos Municípios que
não possuem nem 4G ainda. Quanto à troca de aparelho celular, quem não tiver
condições para trocar a um aparelho onde o 5G funcione, não terá prejuízo. A
previsão é a de que o 4G irá operar (em conjunto com o 5G) até dezembro de
2028. Mas, se for trocar o aparelho, verifique se aquele a ser adquirido é
compatível para o 5G.
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