O artista
fluminense ganha destaque em exposição individual, concebida em parceria com a
Danielian Galeria de Arte
Em uma parceria inédita para o circuito cultural,
pois transcende o aspecto comercial, a Arte132 apresenta, no piso superior
da galeria, a exposição individual “Abelardo Zaluar: Rigor e Emoção”,
realizada junto à Danielian Galeria de Arte (Gávea, RJ). Em cartaz de 13 de
agosto a 24 de setembro, e com curadoria de Denise
Mattar, a mostra exibe a singularidade do artista fluminense,
que abraçou o abstracionismo geométrico de forma muito particular, incorporando
linhas do barroco à geometria, beirando a sensualidade.
Apesar de sempre ter participado ativamente do meio
cultural, Zaluar nunca se filiou a nenhuma corrente, tornando sua obra única. O
conjunto de obras apresentadas nesta exposição – totalizando 12 quadros –, que
integra o acervo próprio das duas galerias, evidencia o processo criativo de
Zaluar e a hibridação de técnicas que marca sua trajetória, na qual sempre
manteve intacta a presença do giz de cera, óleo, acrílica e colagem; sem
hierarquizar qualquer um dos elementos.
“A originalidade da produção de
Abelardo Zaluar é, ao mesmo tempo, a sua maior qualidade e o motivo do seu
apagamento. Sem nenhum par, sua obra não se encaixa nas gavetas da crítica de
arte até agora disponíveis – mas
oferece ao espectador uma dupla fruição: uma mescla rara de rigor e emoção.”, comenta a
curadora Denise Mattar.
A abstração trazia para os artistas uma completa
libertação da figura e a independência do real, e era, de fato, uma mudança
radical da forma de pensar a arte. Entre 1954 e 1960, Zaluar começa a se
desligar da figura, geometrizando e simplificando as imagens, e faz isso em
aquarela, óleo e desenho. Autor de uma obra geométrico-abstrata fora do padrão,
o artista, desde os anos 1950, até seu falecimento, na década de 1980, mereceu
o reconhecimento de alguns dos mais importantes críticos de arte do período,
como Frederico Morais, Quirino Campofiorito, Roberto Pontual, entre outros.
Entretanto, a partir do final dos anos 1990, a crítica brasileira passou a dar
importância quase exclusiva aos integrantes dos grupos concreto e neoconcreto,
relegando a segundo plano outros representantes do abstracionismo
geométrico.
Na década de 1970, o artista fazia amplo uso da
colagem, incorporando o “trompe l’oeil” (do francês, “engana o
olho”, refere-se a uma técnica artística capaz de criar uma ilusão ótica que
faz com que formas de duas dimensões aparentem possuir três dimensões) ao seu
trabalho. Sempre manteve intacta a presença do grafite e do traço, como um
lastro – mesmo em meio à progressiva irrupção da cor, como bem observa
Frederico Morais, crítico e historiador de arte, em texto sobre a exposição de
1975. “Há momentos em que o quadro dá a impressão de inflar-se como que dobrado
ao peso da cor. A linha insiste em não sair de cena. Se desaparece como
grafismo ou traço, ressurge como barra ou friso, por vezes fazendo o papel de
alavanca ou cunha em relação aos planos de cor. Outras vezes, é puramente
virtual, surgindo da junção de dois planos-quadros, no ponto de articulação dos
dípticos. Finalmente, se as curvas desaparecem de sua pintura atual, os planos
como que se curvam, formando arcos ou cantos virtuais em arquiteturas ou
cenários imaginários.”
Sobre Abelardo Zaluar
Pintor, desenhista, gravador e professor. Nasce em
Niterói - RJ, em 1924; e falece em 1987, em um acidente de carro. Entre 1944 e
1948, frequenta as aulas da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), no Rio
de Janeiro. Na mesma década, cria, com outros colegas, a Escolinha de Arte do
Brasil, tornando-se diretor-técnico da instituição carioca. Em 1959, conquista o
primeiro lugar em desenho do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria
de Artes das Folhas, em São Paulo. Em 1967, ganha prêmio aquisição no 4º Salão
de Arte Moderna do Distrito Federal e menção honrosa na 1ª Bienal
Ibero-Americana de Pintura, na Cidade do México, em 1978. Participa de diversas
mostras coletivas entre 1959 e 1987, como a Bienal Internacional de São Paulo,
o Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo
(MAM/SP), e o Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), no Rio de Janeiro, do qual
recebe prêmio de viagem ao exterior em 1963. Em 1975 e 1979 expõe em
retrospectivas no MAM/SP e no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR),
respectivamente. No ano seguinte apresenta trabalhos em ainda outra
retrospectiva, desta vez no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Faz
parte de comissões de seleção e premiação de salões, como o 7º Salão Nacional
de Artes Plásticas, em 1984, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
(MAM/RJ). Nos anos 1980, recebe título de professor emérito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua obra figura, também, em acervos de
instituições como o MNBA-RJ, MAM-SP, MAC-Niterói e MASP-SP.
Sobre a Galeria Arte132
A Arte132 acredita que o legado artístico de um
país e de um período não é constituído apenas por alguns nomes definidos pelo
mercado, mas por todos os artistas que desenvolveram um entendimento do mundo e
do homem em determinado momento. Dessa forma, expõe e dá suporte à mostras com
o compromisso de apresentar arte relevante e de qualidade ao maior número de
pessoas possível, colecionadores ou não. A casa (concebida pelo arquiteto
Fernando Malheiros de Miranda, em 1972), para além de uma galeria de arte, é um
lugar de encontros, diálogos e descobertas. A galeria Arte132 completa um ano
de atividades em 16 de agosto de 2022; e, ao longo deste período, apresentou
seis mostras de arte. Segue abaixo a retrospectiva de exposições 2021/2022:
- “Alturas”, de Alex
Flemming. De 16 de agosto e 16 de outubro de 2021, com
curadoria de Angélica de Moraes.
- “Entre
Brasil e Japão, Paris”, de Helena e Riokai. De 08 de
novembro de 2021 a 08 de janeiro de 2022 , com curadoria de Madalena
Cordaro e Michiko Okano.
- “São
Paulo, sua, nossa pauliceia desvairada”, de José
De Quadros. De 22 de janeiro a 05 de março de 2022, com
curadoria de Tereza de Arruda.
- “Vários
22”. De
19 de março a 21 de maio de 2022, com curadoria de Lilia Schwarcz.
- “Mulheres
Artistas: nos salões e em toda parte”. De 04 de junho a 30 de
julho de 2022, com curadoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni.
- “Jewels by Brazil's Burle
Marx Brothers”, dos irmãos Haroldo e
Roberto Burle Marx. De 04 de junho a 30 de julho de
2022, com texto crítico de Antonio Carlos Suster Abdalla.
Serviço
Abelardo Zaluar: Rigor e Emoção
Curadoria: Denise Mattar
Local das exposições: Galeria Arte132 - Av. Juriti,
132, Moema, São Paulo - SP
Período expositivo: de 13 de agosto a 24 de
setembro
Horários de visitação: de segunda a sexta, das 14h
às 19h. Sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita
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