Mais de dois mil profissionais que trabalhavam em startups perderam seus empregos neste ano, segundo um levantamento do Layoffs Brasil. Há poucos anos, em plena era de ouro dessas empresas, pareceria absurdo cogitar ondas crescentes de demissões e a consequente preocupação em trabalhar nestes negócios. Mas, mesmo diante de um cenário indiscutivelmente preocupante, pode haver uma luz no fim do túnel que evite o fim da atratividade destas companhias no mercado.
Por trás destes números questionadores, a queda do
modelo especulativo de negócio destas empresas foi o principal catalisador de
seu declínio financeiro. Ideias sonhadoras e tentadoras que costumavam vender
estes empreendimentos perante investidores e profissionais foram, aos poucos,
exibindo sua perda de eficácia mediante fatores externos que inviabilizaram
esta perpetuidade.
Hoje, de nada adianta uma proposta aparentemente
vantajosa, sem dados que comprovem sua durabilidade e prosperidade caso seguida
em frente – especialmente, neste cenário econômico que, a cada ano, enfrenta
maiores danos impactados por inflações permanentes, altas tributações e a
inevitável redução de dinheiro nos cofres das empresas.
Comprovadamente, dentre as justificativas que
levaram ao fechamento de mais de 1,4 milhão de companhias nacionais em 2021,
segundo dados compartilhados pelo Ministério da Economia, está a falta de
gestão financeira. Transportando essa lógica para o modelo de negócios até
então visto na grande maioria das startups, o aporte financeiro pautado em
poderes especulativos não conseguirá mais se sustentar – redirecionando o foco
para gestões que estabeleçam, em sua matriz, um modelo financeiramente
sustentável.
Em um exemplo claro, o mais recente anúncio do
SoftBank Group sobre a aceleração da venda de ativos do Vision Fund – maior
fundo de investimentos do mercado de tecnologia - mostra exatamente esse
cenário. Após uma onda crescente de prosperidade com um cheque elevado de
investimento, a perda de quase US$ 50 bilhões em seis meses obrigou a venda de
papéis por um valor completamente abaixo daquele arcado em sua aquisição.
Na tentativa de se prevenir contra maiores danos,
as liquidações se tornaram a única alternativa possível, a fim de evitar uma
consequência sem retorno. O caso é uma prova nítida de que, as startups que não
estenderem seus olhares para estratégias que incorporem uma gestão eficaz às
metas estipuladas internamente, apenas estarão fadadas a terem seus empreendimentos
deixados para trás na corrida contra o sucesso.
Mais do que nunca, o business
empresarial deve ser o grande protagonista de comando destas empresas, com
profissionais que se tornem especialistas em termos de negócio e governança.
Nessa nova missão, a inovação deve caminhar de forma conjunta em qualquer ação
tomada, com o propósito de evitar que as startups entrem em uma ruína sem volta
e, ao invés disso, recuperem seu fôlego com uma proposta convergente às
necessidades do mundo corporativo.
Após tamanha crise ainda enfrentada, apenas
estratégias disruptivas poderão trazer seu potencial à tona novamente – mas, é
importante ressaltar que, muito além de ter ideias promissoras, é preciso saber
como colocá-las em prática e geri-las adequadamente. A governança para a
inovação, como a estabelecida pela ISO 56002, é um processo decisivo nesse
sentido, concentrando as energias em prol da realização de valor por meio da
inovação.
É por meio dela que todas as definições de
objetivos, diretrizes a serem seguidas e métricas a serem aplicadas são
estabelecidas – tudo isso, para proporcionar a criação de meios e métodos que
gerem valor ao negócio. Além de proporcionar melhoras contínuas aos processos
aplicados, essa gestão trará a otimização dos resultados estipulados, feito que
é extremamente vantajoso nas startups, mirando uma retomada financeira mais
ágil.
Quando fomentada assertivamente, estas empresas
terão chances elevadas de recuperarem sua competitividade no mercado, o olhar
de investidores globais para seu crescimento e, acima de tudo, atratividade
perante funcionários, para que queiram se desenvolver em conjunto com a
companhia.
Para aquelas que ainda possuem algum fôlego para
driblar as dificuldades enfrentadas, todo o seu core business deve
ser aperfeiçoado o quanto antes possível. A condução da operação empresarial
que, antes, era pautada apenas na conquista de lucro, não conseguirá mais
permanecer igual – exigindo um novo mindset, priorizado por uma governança
de inovação, como forma de evitar que as startups cheguem ao fim.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, físico nuclear e sócio-fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO 56002 na América Latina.
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