Baixa audição prejudica interação social com amigos
e familiares, podendo levar à depressãoShutterstock
Seja
pela experiência de vida ou simplesmente pela relação afetuosa com os netos,
existe um consenso sobre o papel importante que os avós exercem na manutenção
das famílias. A população 60+ evoluiu e tem um perfil bastante diferente do
conceito do que é a imagem de idoso, muito mais ativo e buscando, sobretudo, a
qualidade de vida.
A
fonoaudióloga Christiane Nicodemo, do Hospital Paulista, alerta para os
sintomas que podem indicar problemas auditivos nesta população. Segundo a
especialista, o mau funcionamento das habilidades cognitivas pode impactar
diretamente na forma com que as pessoas se comunicam e realizam suas atividades
diárias, muitas vezes, inclusive, ainda precisam e/ou desejam estar no mercado
de trabalho.
“No
processo de envelhecimento, a boa comunicação entre os mais velhos e os demais
depende da manutenção das habilidades, como memória e linguagem, o que inclui a
boa saúde e qualidade de vida. É importante que netos e familiares tenham em
mente que o referencial de idade dos avós é subjetivo e variável, a depender de
cada indivíduo”, orienta.
Segundo
a fonoaudióloga, a má qualidade auditiva pode induzir os idosos a quadros
emocionais como o isolamento social, por exemplo. “A não compreensão faz com
que os idosos deixem de participar de reuniões de amigos e até mesmo em
família. Além disso, impacta nas emoções, podendo levar ou agravar quadros de
depressão”, explica.
Entre
outros problemas, a má audição pode interferir no equilíbrio do idoso, além de
provocar a dificuldade de localização da fonte sonora. “Este pode ser um grande
perigo ao atravessar ou andar na rua, acentuando quadros de demência senil, por
exemplo”, alerta.
Prevenção
A
especialista explica que é possível chegar a esta etapa da vida ouvindo bem.
Para a especialista, chegar à terceira idade e conseguir estar atento às
mudanças naturais, bem como praticar o autocuidado, pode ajudar na prevenção de
problemas auditivos.
Christiane
chama a atenção aos sinais que podem identificar a perda auditiva. Em alguns
casos, o idoso pode parecer esquecido, mas, na verdade, não está ouvindo o que
lhe disseram.
“Pedir
para falar mais alto, aumentar o volume da televisão, manter-se isolado e usar
frequentemente expressões como ‘o que?’ ou não ‘entendi’ estão entre as
mudanças de comportamento a serem observadas”, indica Christiane.
Reabilitação
As
perdas auditivas podem ter diversas arquiteturas de curva, diferenciando de
grau e intensidade. No entanto, a reabilitação auditiva deve ser
individualizada.
“Cada
paciente tem o seu processo de reabilitação e/ou adaptação. O trabalho é feito
de forma multidisciplinar, com o apoio de otorrinolaringologistas e
fonoaudiólogos, que trabalham em sincronia para o bem-estar do vovô e da vovó.
Atualmente contamos com diversos dispositivos eletrônicos de alta tecnologia
que minimizam o efeito da perda auditiva”, reitera.
De
acordo com a especialista, a reabilitação fonoaudiológica vai além da seleção e
adaptação do dispositivo eletrônico, e os médicos devem estar atentos ao
processamento das informações recebidas pelos pacientes, já que simultaneamente
ao uso do dispositivo eletrônico, existem outras terapias que auxiliam no
processo de reabilitação e facilitam o uso do aparelho.
Grupo
de Apoio ao Usuário de Aparelho Auditivo
Atualmente
existem muitos programas capazes de identificar um problema auditivo em pessoas
mais velhas, no entanto, a forma mais eficiente é fazendo um check-up para
averiguar a acuidade auditiva (audiometria) e visual, além de um teste de
cognição.
O
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia conta com um programa específico para
orientar pessoas que precisam de próteses, o GAUAA - Grupo de Apoio ao Usuário
de Aparelho Auditivo. Nele, o paciente participa de workshops com uma equipe
multidisciplinar de saúde, que divide informações sobre audição e treinamento
auditivo, explorando ritmos e estimulando a expressão facial. Assim, é possível
ampliar a atenção e melhorar empatia e comunicação.
“Também
devemos ter ciência da grande influência de fatores que podemos modificar no
nosso dia a dia, como alimentação, prática de atividades físicas e bons
pensamentos, que influenciam diretamente na nossa qualidade de vida. Este olhar
sensibilizado pode ser a chave para a qualidade de vida da população que está
envelhecendo”, finaliza.
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