Entenda como a
saúde bucal interfere na performance dos esportistas
Em tempos de Jogos Olímpicos, ao acompanhar
diversas competições com atletas de alto nível de performance, é comum pensar
que seu preparo se limita apenas ao condicionamento físico e técnico.
Para um bom rendimento do atleta, o corpo em sua
totalidade precisa estar saudável, sendo importante o acompanhamento de uma
equipe multidisciplinar. Um dos profissionais que integram essa equipe é o
cirurgião-dentista.
“A saúde bucal do atleta reflete diretamente
na saúde geral que, por sua vez, interfere diretamente em seu rendimento
esportivo. Os riscos da não realização de um tratamento odontológico adequado
flutua desde doenças respiratórias, comprometimento articular e muscular, dor
de dente, dores na articulação temporomandibular, respiração bucal, mastigação
inadequada, todos repercutindo sistematicamente no organismo do atleta”,
comenta a Dra. Neide Pena Coto, cirurgiã-dentista, presidente da Câmara Técnica
de Odontologia do Esporte do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo
(CROSP).
A má posição da mandíbula, por exemplo, é capaz de
interferir no equilíbrio durante a prática esportiva. A mandíbula é a primeira
cintura do nosso corpo. A segunda é a pélvica e a terceira a escapular. Então,
se a mandíbula tiver algum tipo de desequilíbrio, consequentemente o corpo
buscará compensar, o que a médio e longo prazo, pode causar lesões.
“Quando o atleta não realiza visitas periódicas ao
cirurgião-dentista ele também pode ficar suscetível à cárie ou lesões cervicais
não cariosas. Outra coisa, caso o atleta não utilize o protetor bucal
individualizado (confeccionado por seu cirurgião-dentista) ele fica exposto a
choques e colisões podendo fraturar dentes e ossos da
face”, exemplifica.
Outro fator relevante que interfere diretamente no
desempenho do atleta é a rotina alimentar. “É preciso ter cuidado com a
ingestão de suplementos, isotônicos, repositores, e até água com limão, pois
podem interferir maleficamente na saúde bucal”.
Odontologia do Esporte
A parceria entre a Odontologia e o esporte já é
bastante antiga. O primeiro registro conhecido é de 1890, no Reino
Unido, por meio do trabalho do cirurgião-dentista Woolf Krause, que
criou um dispositivo à base de substância vegetal, similar ao látex para
proteção dos dentes superiores da boca dos boxeadores, chamado de
guta-percha.
Em 1913, seu filho Philllp Krause fabricou um
protetor bucal, exclusivamente para o boxeador Ted “Kid” Lewis, também com a
finalidade de proteção dos tecidos bucais durante o combate, mas com a vantagem
de ser reutilizável. O primeiro trabalho relacionado à Odontologia
do Esporte no Brasil foi durante a Copa do Mundo de Futebol, na Suécia, em
1958, elaborado pelo então cirurgião-dentista da Seleção Brasileira de Futebol,
Dr. Mario Trigo. O Brasil foi o único país que levou um cirurgião-dentista
e um psicólogo nesta competição, demonstrando a preocupação em proporcionar uma
estrutura completa para seus atletas. Trigo também acompanhou a equipe em 1962,
1966 e 1970.
A Odontologia do Esporte foi reconhecida como uma
nova especialidade na Odontologia brasileira em 2015, por meio da Resolução
Nº160 do Conselho Federal de Odontologia (CFO).
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo – CROSP
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