Depois de pouco mais de um ano desde o início da pandemia do coronavírus, a Grant Thornton entrevistou cerca de 5 mil empresários em 29 países para analisar o otimismo e as expectativas em relação à economia global
Nesta edição, o Brasil caiu duas
posições no ranking do estudo semestral, que avalia o grau de
otimismo dos empresários para os próximos 12 meses. O país foi do 8º para o 10º
lugar entre as 29 economias analisadas, apesar de ter apresentado um índice de
otimismo maior do que o registrado na pesquisa anterior.
Mais
da metade dos empresários brasileiros (66%) estão otimistas com a recuperação
dos negócios, índice muito superior aos 40% que enxergavam um futuro positivo
no mesmo período de 2020 e também dos 40% registrados há seis meses. A
média global ficou em 69%, com crescimento de 12 pontos percentuais (p.p.) com
relação à última apuração.
A
China segue liderando o ranking, com 86% de otimismo, seguida pelos Estados
Unidos (83%), que subiu duas posições, e Indonésia (78%), que caiu uma. A
Índia, mesmo caindo de terceiro para sexto lugar, manteve um alto índice de
otimismo de 74%, contra 71% registrado na última edição. Argentina e México,
outros dois países latino-americanos pesquisados, além do Brasil, aparecem com
30% e 59%, respectivamente.
Entre todos os países, o empresário brasileiro se mostrou o mais
otimista com relação ao crescimento dos negócios no curto prazo. Para 79% dos
empresários pesquisados, haverá aumento de receita nos próximos 12 meses, 28
pontos percentuais (p.p) a mais do que o registrado no mesmo período de 2020
(51%), e muito acima da média global de 57%.
Restrições ao crescimento
A pesquisa
IBR também procurou saber quais as principais restrições ao crescimento nos
negócios em cada país. Para 41% dos empresários brasileiros, o maior entrave é
a falta de financiamento, índice que estava em 52% no mesmo período do ano
passado. A burocracia, segundo os entrevistados, aumentou de 55% para 58% em um
ano, enquanto a falta de mão de obra qualificada diminuiu de 51% para 47%, e o
custo de mão de obra caiu de 50% para 45%. As incertezas econômicas também
aparecem como um entrave para 58% dos empresários no Brasil. Em 2020, o índice
era de 66%.
Para
Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, o fato do otimismo geral com
relação à economia ter crescido mais em outros países do que no
Brasil pode estar relacionado com o avanço da vacinação contra a
covid-19, sobretudo nos Estados Unidos, na China e nos países europeus, abrindo
uma nova perspectiva com relação à retomada dos negócios.
Apesar
das altas expectativas dos empresários brasileiros em relação ao crescimento da
receita e na geração de empregos nos próximos 12 meses, os resultados de parte
da pesquisa – que trata de questões diretamente ligadas aos efeitos da pandemia
– não mostram um cenário tão positivo no curto prazo. O percentual dos que
acreditam que os seus negócios crescerão 10% ou mais este ano é de 16,6%; para
25,3% o crescimento será de até 9%, e 13,8% acham que a receita da empresa
permanecerá a mesma. Com relação à queda no faturamento, 19% dos entrevistados
preveem uma diminuição de até 9% e 12,3% estimam essa perda entre 10 e 19%.
“É
importante ressaltar a tendência das empresas brasileiras explorarem mais o
mercado externo, considerando a taxa de câmbio favorável e o aquecimento
do consumo nas principais economias, pois 57% dos empresários esperam aumentar
suas exportações nos próximos 12 meses e 58% pretendem aumentar também o número
de países com os quais fazem negócios. Com o aumento do volume exportado e
a entrada em novos mercados, essas empresas podem alavancar a oferta de novos
empregos”, avalia Maranhão.
O executivo ressalta,
ainda, que as empresas médias brasileiras tiveram os seis meses mais fortes
entre as dos três países latino-americanos monitorados pelo IBR (Brasil, México
e Argentina). “Atualmente, o Brasil é o país com maior reserva cambial e melhor
preparado para a retomada econômica na região, graças às menores barreiras ao
crescimento e melhores oportunidades proporcionadas pela baixa taxa de juros,
maior busca de recursos e investimentos e o auxílio emergencial do governo”,
afirma.
“Além disso, esse
cenário de otimismo com relação ao crescimento econômico está baseado também no
avanço dos programas de reforma tributária e de privatização, juntamente com a
imunização da população contra a covid-19. Mas, há que se considerar, ainda, a
eleição presidencial de 2022 e os rumos que o país tomara a partir de seu
resultado”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário