O linfoma é um tipo de câncer do sistema linfático, dividido em linfoma de Hodgkin (LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH). As dificuldades no diagnóstico de linfoma podem levar a tratamentos errados. Para alertar e divulgar informações sobre esse câncer é realizada a campanha Agosto Verde Claro, instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma pesquisa realizada pelo Observatório de Oncologia demonstra
que o linfoma costuma ser diagnosticado tardiamente no Brasil: mais da metade
(58%) descobriu a doença em estágio avançado, com diagnóstico mais tardio em
60% dos homens e 57% das mulheres. O levantamento foi feito com pacientes
atendidos pelo SUS entre 2008 e 2017.
Segundo dados do INCA, são aproximadamente 3 mil novos casos de
linfoma de Hodgkin ao ano. Pode acometer pessoas em qualquer faixa etária,
porém é mais comum entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos
(30 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais). Os homens têm maior propensão a
desenvolver do que as mulheres. Já o linfoma não-Hodgkin provoca 12 mil
novos casos por ano e pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. De modo
geral, o LNH torna-se mais comum à medida que as pessoas envelhecem. O LH se
divide em quatro subtipos e o LNH em mais de 80, entre os quais temos os
linfomas de baixo grau, grau intermediário e alto grau.
Sintomas e dificuldades no diagnóstico
De acordo com Ana Carolina Cardoso, médica especialista em
hematologia e transplante de medula óssea, que integra o OncoCenter Dona
Helena, em Joinville (SC), os sintomas mais comuns observados em pacientes com
linfoma são aumento de volume dos linfonodos (gânglios) no pescoço, região
axilar, região inguinal, entre outros; perda de peso; febre inespecífica;
sudorese noturna; cansaço; aumento do volume do abdômen; tosse, falta de ar; e
dor no abdômen ou no tórax. “É importante lembrar que esses sinais e sintomas
não são específicos da doença, por isso uma avaliação médica é essencial para
avaliação da necessidade de coleta de exames complementares”, reforça a
especialista.
Na maioria dos pacientes não se encontra uma causa para o
diagnóstico de linfoma, porém existem alguns fatores de risco para o
desenvolvimento da doença. A profissional menciona que um sistema imune
comprometido por doenças genéticas hereditárias ou uso de drogas imunossupressoras
(usadas nos paciente pós transplantes, por exemplo) pode causar a doença.
“Pacientes HIV positivos, principalmente os portadores da imunodeficiência pela
doença, também têm maior risco de desenvolver linfomas. Alguns vírus como
Epstein-Barr e HTLV1 e da bactéria Helicobacter pylori também têm risco
aumentado para alguns tipos de linfoma. Também pode ser fator de risco a
exposição a agrotóxicos, benzeno, solventes, radiação ionizante etc.”, aponta.
A importância da detecção precoce para o tratamento
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um
tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. “A
detecção pode ser feita através de exames clínicos, laboratoriais ou
radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença
(diagnóstico precoce), ou com exames periódicos em pessoas sem sinais ou
sintomas (rastreamento) mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a
doença”, explica a médica. “Não há evidência científica de que o rastreamento
para linfomas traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento,
ele não é recomendado”, salienta.
Os exames para confirmação do diagnóstico são o histopatológico e
a imunohistoquímica, feitos através da biópsia do local acometido. Segundo a
especialista, após a confirmação do diagnóstico, outros exames podem ser
solicitados, como biópsia de medula óssea, punção lombar, Pet SCAN, tomografias
e ressonância magnética. A estratégia de tratamento dependerá do tipo
específico do linfoma. “A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia
(oral ou intravenosa), associação de imunoterapia (medicamentos que têm um alvo
específico) e quimioterapia, ou radioterapia. No caso dos linfomas indolentes,
as opções de tratamento variam desde apenas observação clínica até tratamentos
bastante intensivos, dependendo da indicação médica”, observa Ana Carolina.
A medicina tem avançado muito nos tratamentos dos linfomas, mas
para que se tenha êxito, é muito importante que a doença seja descoberta o
quanto antes. “As taxas de cura variam de acordo com o subtipo do linfoma. De
forma geral as chances de cura são, em média, de 60 a 70% nos linfomas não
Hodgkin e podem chegar até 90% nos linfomas de Hodgkin”, evidencia. Se
não tratado, as complicações mais comuns são de lise tumoral (espontânea ou
após o início do tratamento), compressão vascular pelo tumor, dor, neutropenia
(geralmente decorrente da quimioterapia), anemia e trombocitopenia.
Como prevenir?
“Assim como em outras formas de câncer, uma dieta rica em
verduras, frutas e pobre em alimentos industrializados e embutidos pode ter
efeito protetor contra o linfoma. Eliminar exposições químicas potencialmente
carcinogênicas, principalmente no ambiente de trabalho, ou substituir por
produtos menos nocivos ou de menor risco também são formas de prevenção”,
aponta Ana Carolina Cardoso, médica especialista em hematologia e transplante
de medula óssea, que integra o OncoCenter Dona Helena, em Joinville (SC).
Onco Center Dona Helena
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