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segunda-feira, 26 de julho de 2021

Dia Mundial de Luta contra Hepatites Virais: Especialista alerta para as formas de contágio e tratamento da doença

 Entre 2000 e 2018, 670 mil brasileiros morreram em decorrência da doença

 

Em 2017, aos 45 anos, Paula Lopes se assustou ao descobrir que portava o vírus da hepatite C. "Não sei como me contaminei. Sempre me cuidei e nunca apresentei nenhum sintoma. Soube que estava com hepatite C durante exames de sangue de rotina", conta.

O tratamento da empresária demorou um pouco para acontecer, pois, na época, o governo só disponibilizava o tratamento para pessoas com doença mais avançada. Após a mudança na legislação, porém, o medicamento passou a ser oferecido gratuitamente para todas as pessoas com a enfermidade, e Paula pôde dar início ao tratamento.

Depois de dois anos de acompanhamento médico, ela finalmente poderá seguir uma vida normal. "Foram três meses de tratamento com o remédio oral, fornecido pela farmácia de alto custo, e mais dois anos de monitoramento. No final do ano terei alta", relata, já aliviada.

As hepatites virais são doenças inflamatórias do fígado. Julho Amarelo, como é chamado o mês dedicado à luta e à prevenção da doença, teve o dia 28 instituído pela Organização Mundial da Saúde como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.

Entre as hepatites, as do tipo C estão entre as que mais preocupam, por não terem vacinas para prevenção e sua prevalência ( 3% da população). De acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde, entre os anos 2000 e 2018, aproximadamente 74,8 mil pessoas morreram da doença. Um total de 76% das 670 mil vítimas de hepatite no país. De acordo com a Dra. Vera Rufeisen, por ter sintomas inespecíficos, ela pode se desenvolver por anos e levar à morte se não tratada. "Algumas pessoas apresentam cansaço, indisposição, fraqueza, mas isso não é regra. Por ser silenciosa, a doença pode evoluir sem ser percebida e levar a complicações graves, como cirrose hepática ou câncer de fígado", alerta.

No Brasil, as principais hepatites são classificadas como A, B, C, D e E, e podem ser divididas em dois grupos: agudas ou crônicas. As agudas são causadas pelos vírus A e E, e o contágio acontece pelo consumo de água ou alimentos contaminados. Entre os sintomas estão dor abdominal, febre, calafrios, indisposição, olhos e pele amarelados (também chamados de icterícia). Nestes casos, não há tratamento específico, e o próprio corpo, com repouso e hidratação, consegue combater a infecção. A infectologista Vera Rufeisen, do Vera Cruz Hospital, esclarece que a vacinação é a melhor forma de prevenção das hepatites A e B. "As vacinas são eficazes, seguras e estão disponíveis no programa nacional de vacinação. É importante que todos mantenham a imunização em dia para combater o vírus".

Já as hepatites crônicas são causadas pelos grupos B, C e D. O vírus é transmitido pelo contato com sangue. Não apenas em transfusões, como também pelo manuseio de objetos cortantes, tais como alicates de manicures, objetos perfurocortantes não descartados adequadamente, piercing, tatuagem e relações sexuais desprotegidas. "Além da recomendação de não compartilhar agulhas e seringas e da utilização de preservativos em relações sexuais, também orientamos às grávidas a aderirem ao pré-natal, pois também pode haver a transmissão vertical, que é quando a doença da mãe passa para o bebê", esclarece a médica.

"Para hepatite B, ainda não podemos falar em cura, somente controle, com tratamento seguro e eficaz com antivirais. Já no caso da hepatite C, tivemos um avanço imenso nos últimos anos e, hoje, temos drogas chamadas ‘antivirais de ação direta’ que, têm taxa de cura de 96% a 98%, além de poucos efeitos colaterais", adiciona.

A OMS tem como meta a eliminação da Hepatite C até 2030, mas a infectologista explica que, para que isso aconteça, todos precisam ser testados e tratados. "É importante que as pessoas procurem por um médico para saber como está a saúde, se precisam se imunizar ou para ter um tratamento e acompanhamento seguro e adequado. Nós sabemos que o tratamento é muito eficaz e consegue prevenir o agravamento e as complicações tardias tão temidas", conclui.

 


Dra. Vera Rufeisen  - Infectologista do Vera Cruz Hospital


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