Acolhimento humanizado e multiprofissional complementa tratamento e preserva qualidade de vida do paciente com câncer
O acompanhamento por uma equipe de profissionais se
mostra essencial para fugir de embates com a doença. Mais do que lutar, o
paciente oncológico deve viver
Existe hoje um conhecimento coletivo de que o tratamento
oncológico depende muito da tecnologia. De fato, houve importantes avanços
tecnológicos nas últimas década, que permitem não só o tratamento, mas o
diagnóstico precoce do tumor. No entanto, com o desenvolvimento do
conhecimento, o câncer caminha para se tornar um problema de saúde crônico, com
o qual é possível viver por muitos anos e com qualidade. "Essa mudança de
paradigmas reforça a necessidade de ter um olhar completo sobre os cuidados com
a saúde do paciente. Dessa forma, é essencial contar com uma equipe
multiprofissional que tem como objetivo maior a preservação da autonomia e
felicidade do indivíduo com câncer", explica Dr. Olavo Feher, oncologista
clínico do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês. Somente em 2020 o
Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou mais de 600 mil novos casos no país.1
Enfermagem, psicologia, odontologia, farmácia, nutrição,
fisioterapia, consultoria de imagem, além de outras especialidades como a
estomatologia e a fonoaudiologia, compõem a equipe multiprofissional. "Nós
consideramos esse time de profissionais como o ponto de partida, mas em casos
específicos, em que a doença afeta outras funcionalidades, podemos contar com
outros especialistas", esclarece o oncologista. Confira abaixo como a
equipe multiprofissional atua e os benefícios que promovem.
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Novas forma de cuidar
Ao passo em que oncologistas e o time de profissionais
estabelecem novos protocolos de tratamento e cuidado, a ciência busca entender
seus impactos na qualidade de vida, condição de saúde, adesão ao tratamento e
até no desfecho clínico. A psicologia, por exemplo, é uma das áreas cujos
efeitos têm sido amplamente estudados.
Diversos estudos indicam os benefícios que a abordagem
multiprofissional pode oferecer ao paciente, bem como o impacto de sua
ausência. Os efeitos fisiológicos diretos da doença e do tratamento associados
a carga psicológica, por exemplo, afetam o corpo e eventualmente o cérebro,
levando a mudanças no sistema neuroendócrino e imunológico com consequências
abrangentes na saúde mental e comportamento.2
Cerca de 11% dos pacientes oncológicos têm depressão,
10,2% convivem com a ansiedade e 12,5% tem algum transtorno para se ajustar a
nova realidade. Essas comorbidades psiquiátricas levam a uma redução
significativa na qualidade de vida em pacientes com câncer, e podem ser
associadas a um aumento da dor. Estudos sugerem que a terapia de comportamento
cognitivo, psicoeducação, hipnose, técnicas de relaxamento, ioga e exercícios
podem ser indicados em diferentes estágios da doença pois visam melhorar o
enfrentamento e aceitação por meio da modulação de atividades e mudando o foco
de atenção.2
"A assistência multiprofissional e integrada pode
auxiliar no tratamento específico do tumor, seja imunoterapia, quimioterapia,
radioterapia ou até a cirurgia. A prevenção e o cuidado com as condições
físicas e psicológicas que acompanham o diagnóstico favorecem o fortalecimento
do indivíduo, tornando-o mais preparado para lidar com o momento delicado e
aumentando a adesão ao protocolo", finaliza o especialista.
Referência
• Estatísticas de Câncer. Acesso em 29/01/2021.
Disponível em https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer.
•
Psyco-oncology. Acesso em 28/01/2021. Disponível em https://www.dialogues-cns.org .
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