Ao contrário do que muitas pensam a osteonecrose também pode afetar pacientes jovens, entre 30 e 50 anos, tendo como principais fatores de risco o uso de corticoides e consumo em excesso de álcool.
Histórico de doenças sanguíneas, uso de antiretrovirais e traumas como a fratura ou luxação do quadril também podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença, alerta o médico ortopedista especialista em cirurgia do quadril e joelho, Dr. Thiago Fuchs.
A osteonecrose é caracterizada pelo infarto ósseo na cabeça femoral, onde
ocorre a morte das células ósseas o causa falta suporte ósseo para a cartilagem
articular, gerando sintomas como dor e perda de mobilidade, podendo evoluir
para deformidades e artrose do quadril. A doença pode ser silenciosa em sua
fase inicial, mas geralmente o sintoma mais comum é a dor intensa que aparece
de forma súbita e sem história de trauma.
A doença acometeu recentemente o youtuber PC Siqueira, de 34 anos, que
surpreendeu seguidores ao aparecer no ano passado utilizando uma bengala e ao
afirmar que estava com o quadril completamente necrosado. Ele foi submetido a
uma cirurgia substituição da articulação (prótese total do quadril) no início
de fevereiro e está em recuperação.
"Eu troquei metade do meu quadril. E eu de fato vou ficar mais alto. O
nível de destruição dos ossos tava tanto que eu encolhi. [...] Daqui dois meses
farei a outra perna. Hoje estou me sentindo eufórico por estar sentindo 50%
menos dor. É uma sensação indescritível. Mal posso esperar pra zerar essa dor,
aí vou experimentar um pouco do paraíso", publicou.
Diagnóstico e tratamentos - O diagnóstico é feito geralmente com uma
avaliação clínica completa sobre a história e tipo da dor, exame físico
detalhado e muitas vezes pesquisa de fatores de risco, que inclui o uso de
corticoides, doenças prévias, ingestão excessiva de álcool, histórias de trauma
no quadril, doenças sanguíneas e outros tratamentos prévios. Também devem ser
solicitados exames de imagem complementares, como a radiografia e ressonância
magnética com avaliação dos dois quadris, para estabelecer o estágio da doença
e qual o tratamento adequado. Quando um quadril tem osteonecrose o outro
quadril também está em risco.
"Geralmente é uma dor intensa, com dificuldade de mobilidade e
incapacidade funcional do quadril. Alguns pacientes só descobrem a osteonecrose
em uma fase mais tardia da doença, quando o quadril já sofreu o colapso da
articulação. Nesta fase mais avançada da doença , já ocorreu a morte celular,
evoluindo com absorção desse osso embaixo da cartilagem e afundamento, com
deformação da cabeça do fêmur", explica o cirurgião Thiago Fuchs.
Segundo o ortopedista, o tratamento varia de acordo com o estágio da doença e
pode ser preservador ou de substituição da articulação. O que define a escolha
é a presença ou não do colapso da articulação. Osteonecrose pré-colapso podem
ter tratamentos preservadores. Após o colapso, o tratamento indicado é a
prótese total do quadril.
"Entre os tratamentos preservadores está a descompressão da cabeça femoral
associada, ou não, à terapias biológicas que estimulam a cicatrização e o
reparo ósseo, buscando a preservação daquele quadril. Já a osteonecrose que
evoluiu para um quadro de artrose, tem indicação de tratamento cirúrgico, com
artroplastia total de quadril, para tratamento da doença, melhora dos sintomas
e da qualidade de vida. A maioria dos pacientes são jovens, praticantes de
atividades físicas, que possuem uma grande demanda funcional", reforça o
especialista.
Artroplastia total de quadril - A cirurgia consiste na substituição da
articulação do quadril por componentes metálicos, de polietileno ou cerâmica,
com o objetivo de restabelecer uma articulação com bom movimento e melhora da
dor, melhorando a qualidade de vida do paciente. Pacientes com artroplastia
total do quadril tem uma taxa de satisfação acima de 95% com a cirurgia,
retomando suas atividades sociais, de trabalho e lazer, e a prática esportiva.
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