Nutricionista Adriana Stavro conta como a dieta pode ajudar a evitar tumores.
O Dia Mundial do
Câncer, é uma data importante para incentivar a conscientização sobre
prevenção.Vários fatores ambientais como fumo, sedentarismo, má alimentação e
obesidade estão supostamente associados a doença. Desde 1980, a prevalência da
obesidade dobrou no mundo e é causada por fatores genéticos, neuroendócrinos,
psicológicos e ambientais. A superalimentação com uma dieta rica em gorduras e
calorias e menos atividade física, resulta em um desequilíbrio energético e
adiposidade. Evidências demonstraram que, o excesso de tecido adiposo está
relacionado no início e progressão do câncer. Muitos alimentos contêm compostos
que podem ajudar no tratamento, recuperação e prevenção da doença. Portanto,
nossas escolhas alimentares estão associadas a aumento ou redução de risco de desenvolver
câncer.
O consumo de carnes processadas como salame, mortadela, salsicha e bacon, são
alguns exemplos de alimentos que devemos evitar.
• Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), carne processada é cancerígena
para humanos (Grupo 1), e a carne vermelha como provável cancerígena. O consumo
de carne vermelha está associado ao câncer colorretal. Também há evidências de
ligações com câncer de pâncreas e próstata (CaP). Já a carne processada causa
câncer colorretal. Uma associação com câncer de estômago também foi observada
Já a atividade física e uma dieta estilo mediterrâneo estão associadas a um
risco reduzido de qualquer tipo de câncer.
• A dieta mediterrânea (DM) é caracterizada por uma alta ingestão de alimentos
de origem vegetal como frutas, vegetais, cereais integrais, leguminosas
(feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), oleaginosas (nozes, castanhas,
amêndoas) e sementes. O azeite é a principal fonte de gorduras. Produtos
lácteos magros, peixes e aves são consumidos em quantidades moderadas, e o
consumo de ovos é limitado ao máximo de quatro por semana. Já a carne vermelha
fica para ocasiões especiais e em pequenas quantidades.
• No estudo Dieta mediterrânea espanhola e outros padrões dietéticos e risco de
câncer de mama de 2014, os autores mostraram que o padrão alimentar de estilo
mediterrâneo tem papel protetor contra o risco de mortalidade por câncer de
mama. A ligação entre a ingestão alimentar e o câncer pode ser atribuída ao
efeito indireto de nutrientes específicos sobre o câncer, devido à sua
influência na inflamação, dano e reparo do DNA, estresse oxidativo e
modificações genéticas. Esses nutrientes incluem ácidos graxos, polifenóis
(epigalocatequina-3-galato (EGCG), resveratrol, compostos organossulfurados,
quercetina e micronutrientes (zinco e selênio) comumente encontrados em uma
dieta de estilo mediterrâneo.
• Em um estudo de 2011 com 2.705 homens, que avaliou atividade física (AF) e
sobrevida após diagnóstico de CaP, os indivíduos que se exercitavam três ou
mais horas por semana, tinham risco 61% menor de morrer, em comparação com
homens com menos de 1h de AF por semana.
• Em um estudo de coorte com 4623 homens suecos com CaP localizado, mostrou que
homens com níveis mais elevados de AF foram associados a taxas reduzidas de
mortalidade.
Ácidos graxos ômega-3: Peixes gordurosos, incluindo salmão , sardinha e cavala,
são conhecidos por seus benefícios à saúde incluindo efeito protetor contra o
câncer. Os ácidos graxos eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA) são
mediadores lipídicos importantes, associados à diminuição da inflamação ena
prevenção da doença.
Quercetina: É um pigmento flavonoide encontrado em várias frutas, vegetais e
folhas ( brócolis, cebola, maçã, pimentão, alcaparra, limão, uva, trigo sarraceno).
Além de sua atividade antioxidante, foi relatado que a quercetina exerce
propriedades antitumorais potentes.
• Estudos sugerem que os efeitos protetores da quercetina resultam da morte de
células cancerosas, restauração de genes supressores de tumor e inibição da
expressão de oncogene. Além disso, descobriu-se que a quercetina reverte as
alterações epigenéticas associadas à ativação de oncogenes, e inativação de
genes supressores de tumor. Além disso, a quercetina aumenta os efeitos
quimioterápicos da doxorrubicina contra células de câncer de mama, e reduz seus
efeitos colaterais citotóxicos (a doxorrubicina é um quimioterápico de primeira
linha para câncer de mama). A quercetina também pode inibir a angiogênese em
células de câncer de mama resistentes ao tamoxifeno, o que é um sério problema
terapêutico entre pacientes com a doença.
Epigalocatequina-3-galato (EGCG): Esta substância presente no chá verde, foi
amplamente estudado por seu potencial efeito protetor de vários tipos de
cânceres em humanos. Em comparação com outros chás, ele contém a maior
quantidade de compostos bioativos que pertencem ao grupo dos polifenóis. Há
evidências de que o EGCG exerce efeitos protetores contra a tumor gênese,
devido ao seu principal polifenol, a epigalocatequina-3-galato (EGCG). A
maioria dos dados experimentais mostrou que os polifenóis podem modular várias
vias de sinalização, e regular o crescimento, a sobrevivência e a metástase de
células cancerosas em vários níveis.
Ervas e especiarias: Salsa, alecrim, orégano, tomilho, cúrcuma, curry e
gengibre, contêm compostos vegetais que podem ajudar a proteger contra a
doença. Estes incluem vitaminas, ácidos graxos e antioxidantes. O orégano é
fonte de vitaminas A, C, K e zinco, ferro, magnésio, cálcio e potássio. Além
disso, possui propriedades antioxidantes (ácido rosmarínico) que ajudam a
combater doenças degenerativas como o câncer. Ele também possui propriedades
antibactericidas, anti-inflamatórias e diuréticas.
Curcumina: A cúrcuma é uma especiaria amarela com um sabor específico, usada na
culinária asiática. A curcumina , o principal composto ativo na cúrcuma,
demonstrou propriedades anticâncer significativas. O uso da curcumina como
agente terapêutico e preventivo no câncer de mama é apoiado por extensas evidências
derivadas de estudos laboratoriais e com animais, demonstrando atividade
biológica diversa contra células de câncer e tumores, muitos dos quais
permanecem inexplicável. A administração concomitante de piperina aumenta em
até 20 vezes a absorção, concentração sérica e biodisponibilidade da curcumina
em humanos.
Piperina: Ao estudar o efeito anticâncer de fitoquímicos bioativos, combinados
com terapias convencionais de câncer, descobriu-se que a piperina potencializa
a citotoxicidade de drogas anticâncer, e até mesmo reverte a resistência a
múltiplas drogas que prejudica a eficácia da quimioterapia.
Compostos organossulfurados: Alho , cebola, cebolinha e alho-poró são vegetais
que possuem inúmeros nutrientes, incluindo compostos organossulfurados, antioxidantes
flavonoides e vitamina C.
Folato (vitamina B9): Os feijões, lentilha, ervilha, grão de bico, ovo, carne e
vísceras. Não é difícil conseguir um bom aporte da vitamina se o cardápio
incluir estes alimentos.
• Uma análise conjunta de 23 estudos prospectivos envolvendo um total de 41.516
casos de câncer de mama e 1.171.048 indivíduos, foram incluídos para
meta-análise. Descobriu-se que a ingestão de folato está associada a uma
redução de 18% no risco de desenvolver câncer de mama. Por fim, a ingestão
alimentar relativamente alta de folato, foi inversamente associada ao risco de
câncer no útero e nos ovários. Mulheres com folato no quartil mais alto tiveram
um risco menor de câncer endometrial, que aquelas com níveis de folato no
quartil mais baixo, com redução de risco de 48%. Mulheres no terço superior
para ingestão de folato tiveram menor risco de câncer de ovário, do que aquelas
no terço inferior, com redução de risco de 61%.
Vitamina B6: É encontrada com maior frequência em alimentos de origem animal,
como carnes bovina, suina, leite e ovos. Entre os alimentos de origem vegetal,
as principais fontes são, batata inglesa, aveia, banana, gérmen de trigo,
abacate, levedo de cerveja, cereais, sementes e nozes. A B6 está envolvida em
muitas reações bioquímicas, e pode desempenhar papel importante na proteção da
carcinogênese.
Indol-3-carbinol: é outro fitoquímico produzido pela quebra dos glicosinolatos,
que também são encontrados em vegetais crucíferos. O indol-3-carbinol
demonstrou ser um potente agente quimio-preventivo.
Adriana Stavro - Nutricionista Funcional e Fitoterapeuta - Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis - Mestre do Nascimento a Adolescência pelo Centro Universitário São Camilo.
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