A psicóloga
Valeska Bassan comenta quais os cuidados e atitudes que os colaboradores e
gestores devem ter ao retornar as atividades
Pouco mais de um mês e meio após o início da
quarentena, o governo começa a estudar um possível relaxamento do confinamento
com a reabertura parcial das empresas. Mas você já parou para pensar no impacto
psicológico que o retorno ao trabalho irá causar? São muitas as dúvidas
que pairam sobre o pensamento de grande parte da população sobre os mais diversos
aspectos, sendo a maioria voltada ao impacto econômico e sanitário deste
momento.
Muitas empresas optaram por manter as atividades
home office, mas essas mudanças abruptas trazem muito desconforto e insegurança
a curto e médio prazo. “Está sendo uma transformação significativa para todos.
Trabalhar de casa não é uma tarefa fácil, exige disciplina, organização, espaço
físico adequado. A situação se agrava para quem tem filhos ou que mora com
muita gente no mesmo local”, comenta a psicóloga Valeska Bassan.
A especialista alerta ainda que esse estresse
causado pela pandemia cause ansiedade além do comum, num ambiente em que as
pessoas estão rodeadas de insegurança sobre o amanhã, e podem trabalhar além da
conta, sem perceber, tendo o que chamamos de Síndrome de Burnout, um distúrbio
emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico
resultante de situações de trabalho desgastante.
Segundo levantamento feito pela International
Stress Management Association (Isma-BR) estima-se que 32% dos trabalhadores
brasileiros sofram com esse tipo de stress. De oito países analisados, estamos
à frente da China e dos Estados Unidos – e perdemos apenas para o Japão, onde
70% da população apresenta os sintomas do burnout, segundo ranking elaborado
pela Isma-BR.
Para Valeska, é importante que empresas e
colaboradores entendam que é completamente normal apresentarem distúrbios
emocionais após esse período. E como a prevenção é sempre o melhor remédio, não
espere que colegas e colaboradores estejam apresentando os sintomas para buscar
ajuda. Faça isso antes, preventivamente. Assim, além de manter a equipe mais
tranquila e motivada, haverá um ponto de apoio profissional.
Se você lidera uma equipe, vale a pena buscar um
profissional da psicologia para acompanhar esse retorno de uma forma mais leve.
E se você é um colaborador, que tal conversar com os superiores e levar esta
ideia?
Neste momento, a volta ao trabalho vai muito além
de compartilhar um espaço físico e entregar resultados. Será um momento de
novos aprendizados e um esforço comum na busca de motivação e positividade.
Não há como afirmar que tudo voltará ao normal,
pois talvez surja um “novo normal” por meio da adaptabilidade incrível que o
ser humano tem. Para isso, vale a pena refletir sobre o assunto desde já, para
que a nova rotina seja mais leve e não gere nenhum trauma ou cause distúrbios
emocionais. Será um momento onde todos precisarão ter empatia com o próximo e
respeitar os medos e as emoções alheias.
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