As doenças hipertensivas
na gravidez (em especial a pré-eclâmpsia) têm impacto significativo na
mortalidade maternal e perinatal. Mundialmente, estima-se que ocorram quase 80
mil mortes fetais e 500 mil mortes maternas anualmente, decorrentes dessas
condições que contribuem também na mortalidade neonatal, pelos altos
índices de prematuridade envolvidos na resolução dos casos.
No Brasil, estima-se que
a pré-eclâmpsia acometa cerca de 1,5% das gestantes1. A depender da
localização geográfica em nosso país, a prevalência e taxa de mortalidade
estimadas variam amplamente, sendo a prevalência de 0,2% e mortalidade materna
de 0,8% nas regiões mais desenvolvidas, e de até 8,1% de prevalência e 22% de
mortalidade materna nas regiões menos desenvolvidas2.
O risco de
desenvolvimento da pré-eclâmpsia é de 2 a 3 vezes maior em pacientes portadoras
de hipertensão arterial, diabetes e doenças renais pré-gestacionais, e
aumentado em gestações múltiplas, idade maternal avançada, e obesidade.
Assim, ao celebrar esta
data, durante maio, período em se comemora o Mês Mundial da Hipertensão, a
Sociedade Brasileira de Hipertensão, em conjunto com outras sociedades médicas,
quer ressaltar a importância da identificação dos sinais e sintomas, e
conscientizar as gestantes sobre a importância da aferição adequada da pressão
arterial e da identificação dos outros sinais clínicos que podem auxiliar na
identificação precoce das doenças hipertensivas da gestação que podem gerar
complicações para elas próprias e também para os filhos.
Os sintomas/sinais
precoces da pré-eclâmpsia ocorrem, em geral, após a 20ª semana da gestação e
podem persistir até seis semanas após o parto, e justificam um contato com os
médicos que fazem acompanhamento das gestantes para uma melhor avaliação. Estes
incluem a elevação da pressão arterial (em geral ≥ 140/90 mmHg) , dor de
cabeça, alterações visuais (tais como visão turva, manchas oculares, ou perda
visual), inchaço, ganho de peso súbito em um curto período de tempo,
dificuldade para respirar, dor na região superior do abdômen, espuma na urina,
entre outros .
A estimativa de risco no
pré-natal, seja por dados epidemiológicos, de exame físico ou exames
laboratoriais permite atenção maior à população de risco, detecção precoce dos
casos mais graves, com melhor desfecho materno e perinatal.
Nesse momento, em que a
pandemia COVID-19 tem limitado ações populacionais, cabe às sociedades médicas
e multiprofissionais chamar a atenção para as condições que têm um grande
impacto na saúde desta população em especial, e reforçar as orientações para
manutenção de um estilo de vida saudável , dieta adequada, evitar o
tabagismo e fazer medidas domiciliares da pressão arterial desde que
possível, além de manter um controle rigoroso de pré-natal visando o bem
estar da gestante e do feto.
Referências
1. Abalos E, Cuesta C,
Grosso AL, Chou D, Say L. Global and regional estimates of preeclampsia and
eclampsia: a systematic review. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol
2013;170(01):1–7 Review.
2. Giordano JC,
Parpinelli MA, Cecatti JG, et al. The burden of eclampsia: results from a
multicenter study on surveillance of severe maternal morbidity in Brazil. PLoS
One 2014;9(05):e97401
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