A Dra.
Camila Quadros Benatti, médica alergologista do Centro Médico Consulta Aqui, dá
dicas de cuidados a serem adotados quanto à exposição a produtos de limpeza em
épocas de quarentena.
“O excesso do uso de produtos de limpeza pode causar
intoxicação, irritando a mucosa ocular, nasal e até mesmo brônquica. Também
pode desencadear ou agravar doenças alérgicas de pele, como dermatite atópica
ou de contato e respiratórias como, rinite e asma”, explica a Dra. Camila
Quadros Benatti, médica alergologista do Centro Médico Consulta Aqui.
As ocorrências de intoxicações com produtos de
limpeza já eram frequentes antes da COVID-19. Agora com os cuidados redobrados
na higienização da casa e objetos, esses problemas podem se tornar mais
perigosos e recorrentes. O Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo
(CCI-SP) atende, anualmente, cerca 8 mil casos de exposição a substâncias
químicas apenas na capital. De 2011 a 2018, o Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (Sinan) do município registrou 46.898 casos. O problema é tão
grave que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), disponibiliza o
serviço “Disque-Intoxicação” para o público elucidar dúvidas relacionadas ao
assunto. O número é o 0800-722-6001.
Os produtos que mais causam estas reações são o
cloro, o amoníaco, os removedores e o hipoclorito de sódio. “Em geral, são os
que apresentam um PH muito alto ou baixo, sendo capazes de lesionar a barreira
cutânea e irritar as mucosas”, diz a médica.
A preferência pelos desinfetantes biodegradáveis,
livres de conservantes químicos e sintéticos é uma boa opção. Os
orgânicos e naturais, como bicarbonato de sódio, vinagre branco, álcool e sabão
de coco também são menos nocivos à saúde, contudo, menos eficazes. “No pior dos
cenários, o mau uso desses produtos químicos pode trazer reações alérgicas
graves, como edema de glote, fechando as vias aéreas e acarretando uma crise de
broncoespasmo grave. Ao apresentar qualquer sinal de dificuldade respiratória,
o indivíduo deve procurar imediatamente o serviço de emergência”, adverte a
Dra. Camila.
Importante ressaltar, em se falando de produtos
químicos, que o uso excessivo de álcool gel no asseio das mãos pode ressecar a
pele, pois, remove a camada lipídica (gordura), deixando-a mais suscetível a
irritação e inflamação por outros produtos. Vale lembrar que é um produto
inflamável e deve-se tomar muito cuidado ao manuseá-lo.
O químico Miguel Sinkunas, responsável técnico da
QUIMINAC e ex-diretor da ABRALIMP (Associação Brasileira do Mercado de Limpeza
Profissional), explica que, tecnicamente, limpeza é a remoção física de
resíduos de origem orgânica ou mineral, enfim, matérias indesejáveis estranhas
ao local. Já a desinfecção é a redução do número de microrganismos no ambiente,
que pode ser através de agentes químicos ou métodos físicos, levando a um nível
que não comprometa a saúde. Por último temos a higienização, que consiste no
processo que compreende a limpeza seguida da desinfecção.
“Hoje, qualquer desinfetante de uso geral,
registrado na ANVISA, serve ao objetivo de eliminar o vírus da COVID-19, pois,
tais produtos têm efeito residual ou bacteriostático”, diz Sinkunas. “Podemos
dizer que todos os produtos registrados na ANVISA não oferecem risco quando
usados corretamente, contudo, os produtos saneantes são sempre para aplicação
sobre superfícies inanimadas. Então, quando utilizados erroneamente sobre a
pele e com exposição prolongada, podem causar danos, alergias nas vias
respiratórias e outros problemas”, complementa o químico.
No mais, a pandemia do novo coronavírus fez com que
o reforço na limpeza e desinfecção de locais e objetos se tornassem mais
necessários do que nunca, porém, os cuidados no manuseio dos produtos químicos
são de extrema importância para a saúde. “Lembrando que os produtos de limpeza,
como qualquer outro produto químico, devem ser mantidos fora do alcance das
crianças”, finaliza a Dra. Benatti.
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