Empreender
e navegar são aventuras bem semelhantes - em ambas você sabe onde quer chegar,
mas a jornada esconde riscos e incertezas que podem atrapalhar ou acabar com a
viagem. Tendo isso em vista, para ser um marinheiro/empreendedor bem-sucedido,
você não precisa contar apenas com a sorte de encontrar águas calmas durante
todo o caminho, o ideal é que você aprenda a enfrentar as tempestades, a
ajustar as velas na hora certa, e a ter sabedoria para esperar a onda passar.
Nos
meus anos como “capitão” a frente da Kiwi Superfoods – rede de franquias de
alimentação leve – presente em todo o território nacional, passei por muito
“mar bravo”, as diversas tempestades nacionais e internacionais, e até mesmo,
por gigantescas ondas internas, que qualquer novo negócio enfrenta.
Em
meio à tormenta provocada pelo novo coronavírus, algumas reflexões podem ajudar
os marinheiros de primeira viagem. Em primeiro lugar, é preciso entender que
mar calmo não faz bom marinheiro - ou seja, você só será um bom empreendedor se
conseguir passar pelas dificuldades da jornada. É simples: não existe
empreendedor que sobreviva sem a maturidade de lidar com grandes crises e
dificuldades. Não há MBA, nem mesmo em Harvard, que te ensine a lidar com uma
pandemia e os impactos no seu negócio. Então não desperdice os ensinamentos e a
maturidade que uma boa crise pode lhe dar. Aproveite o momento para aprender e
evoluir com ela.
Mas
antes de zarpar, é preciso ajustar as velas. Você traçou o seu caminho até o
destino desejado para 2020, mas, ao entrar em alto mar, enxergou o furacão no
horizonte. É nessa hora em que o seu plano de viagem deve ser revisado e suas
velas ajustadas.
Provavelmente,
o planejamento e diretrizes estratégicas feitas para o seu negócio em 2020, já
não valem muita coisa. É hora de reunir o seu time para revisar metas e
repensar projetos - por meio da internet e no conforto do nosso isolamento
social. Quanto mais rápido esse ajuste de velas, menor a chance de naufrágio.
Para
acalmar a mente e o coração, também é importante lembrar que toda tempestade,
por mais arrasadora que seja, passa. Não há tempestade que dure toda uma vida.
Normalmente, as tormentas são fortes, rápidas, destruidoras, mas passageiras.
Abandonar o navio não é uma opção.
Depois
da tempestade, vem a bonança. Em tempos de crise, o mercado cria movimentos
excelentes para todo empreendedor. São nestas horas que o poder de negociação
de aluguéis aumenta e o preço de insumos abaixa, além disso, há uma maior
disponibilidade de mão de obra com salários mais justos e pontos comerciais com
melhores localizações.
O
papel do capitão como gestor e líder do veleiro é ainda mais desafiador, e faz
toda a diferença na condução da embarcação. Um gestor calmo, racional, justo e
equilibrado, é capaz de conduzir a equipe com tranquilidade, até mesmo no
momento mais difícil. Enquanto aqueles que possuem uma postura irracional,
desesperada e negativa, dificilmente irá superar uma crise.
Deixar
o veleiro mais leve é outra dica importante. Neste sentido, é importante “jogar
ao mar” tudo que for extra - o ideal é estudar e revisar detalhadamente os
centros de custos para entender o que possui maior impacto no seu negócio.
Estes grupos devem ser reduzidos e adequados ao tamanho da retração de caixa
que acompanha a crise.
A
dica é você sentar com o dono do imóvel, fornecedores, colaboradores e
prestadores de serviços e buscarem um caminho conjunto de redução de custos. Em
casos de calamidade pública, o ordenamento jurídico oferece bases para
renegociações e suspensões dos efeitos da maioria dos contratos. Seja rápido e
contrate uma consultoria jurídica para ajudar na condução das negociações. Essa
medida é essencial para que o negócio não perca o fôlego financeiro e continue
operando.
Por
fim, todo capitão deve cuidar de seus marujos. Afinal, todo negócio é feito de
pessoas - o motor que faz com que a embarcação chegue ao destino traçado. Cuide
bem deles. Comunique-se com frequência e os inclua na solução. Seja
transparente e os atualize das decisões globais tomadas.
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