O aborto espontâneo acontece em uma a cada cinco
gestações detectadas. No caso daquelas que não chegam a ser percebidas, a taxa
aumenta para uma a cada três. Está entre as complicações mais comuns da
obstetrícia, ocorrendo em aproximadamente 15% das pacientes com menos de 20
semanas de gravidez.
A origem do aborto espontâneo não está, em sua
maioria, nos hábitos ou comportamentos da mãe, contudo, o tabu que existe em
torno desse quadro clínico pode levar muitas mulheres à desinformação e a
traumas emocionais.
Segundo a doutora Rosiane Mattar, professora
titular do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina e
coordenadora científica da área na Associação de Obstetrícia e Ginecologia de
São Paulo (SOGESP), existem várias causas para a perda precoce do bebê. A mais
frequente é a anomalia dos genes e cromossomos durante o crescimento do
embrião, podendo resultar em seu óbito ou em alterações no ovo fertilizado.
Gestantes com condições crônicas como diabetes não controlada e trombofilias
também estão mais propensas a sofrerem aborto.
Porém, a gineco-obstetra chama a atenção para
alguns fatores de risco. A idade materna avançada aumenta a chance de problemas
no desenvolvimento do feto. Aos 45 anos, a probabilidade de perda é 80% maior.
Mulheres que já sofreram abortos anteriores, fazem uso de tabaco, álcool e
drogas ilícitas, estão muito abaixo ou muito acima do peso ou possuem anomalias
uterinas como endometriose também são alvos dessa condição clínica.
“Mas, depois que a mulher engravida, não existe uma
forma de prevenir o aborto. Caso venha a acontecer, o ideal é esperar seis
meses para tentar engravidar novamente. Nesse meio tempo, é preciso repor o
ferro perdido e manter bons hábitos de saúde. O recomendado é que espere, no
mínimo, uma menstruação”, aconselha dra. Rosiane.
A recuperação geralmente é rápida. O cuidado maior
é com a questão psicológica e emocional, visto que é uma perda muito difícil
para o casal e principalmente para a mulher. A equipe médica deve ter a
sensibilidade necessária para conduzir tanto a chamada “espera vigilante”, onde
a paciente libera o material espontaneamente, quanto a intervenção clínica, por
meio de aspiração ou pílula.
É importante que a família esteja ao lado do casal
para dar o apoio necessário. As questões emocionais podem levar a mãe a se
culpar pelo que aconteceu, resultando em problemas psicológicos e insegurança.
Em um momento tão difícil, o melhor é ter paciência e seguir as recomendações
do profissional obstetra que acompanha a gestação.
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