Comportamentos
nocivos à saúde têm levado ao aumento na taxa de tumores entre adultos nascidos
nos anos 1990
Divulgado em setembro do ano passado pela entidade,
o relatório traz adicionalmente informações baseadas no recorte da população
por gênero, indicando que um em cada cinco homens e uma a cada seis mulheres no
mundo desenvolverá algum tipo de tumor maligno durante a vida.
Diante deste cenário de contínua progressão da
doença, a entidade destaca que é preciso atentar para a perigosa relação entre
hábitos pouco saudáveis da nova geração e o potencial aumento nos índices de
tumores entre o grupo de pessoas formado por aqueles que atualmente têm menos
de 30 anos.
"É preciso rever nossos hábitos de vida – ou a
falta deles – para frear as estatísticas crescentes ano a ano. No Brasil o
número de novos casos de câncer deve ultrapassar a marca dos 600 mil registros
neste ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Por isso, o
incentivo à prática constante de exercícios físicos, dieta equilibrada, consumo
moderado de bebidas alcoólicas, não fumar e outras medidas simples devem ser entendidos
como parte de uma política de saúde pública", diz Andrey Soares,
oncologista clínico do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.
Para o especialista, essas não são apenas
iniciativas essenciais para frear os índices aumentados do câncer como uma
maneira de promoção à qualidade de vida e bem estar geral, mas servem também
como aliadas no processo de tratamento para pessoas diagnosticadas com a doença
e outras condições como diabetes e hipertensão. Para reforçar essa percepção,
Andrey ressalta que sobrepeso e sedentarismo estão no topo dos fatores que
afetam especialmente a saúde da geração de adultos nascidos nos anos 1990.
"Millennials têm o dobro de risco de
desenvolver câncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais
chance de receberem um diagnóstico de câncer no reto em comparação à geração
Baby Boomers, indivíduos com 55 anos ou mais, apenas para citar mais um exemplo
dos malefícios do sedentarismo e da ingestão de alimentos pobres em vitaminas e
fibras", afirma o médico, citando o estudo recente sobre o tema feito pela
Sociedade Americana de Câncer (ACS, sigla do inglês American Cancer Society).
E não são apenas os tumores intestinais que estão
relacionados ao nosso comportamento diário. A obesidade já é tida como
importante contribuinte para o aparecimento de ao menos outros onze tipos de
câncer: esôfago, vesícula, fígado, pâncreas, rins, útero, ovário, mama, mieloma
múltiplo, tireóide e próstata.
"Sedentarismo, consumo aumentado de carne
vermelha, fast food, comida processada, álcool e cigarro são hábitos comuns
entre os jovens que podem trazer malefícios à saúde. Se não atentarmos para os
hábitos que colaboram para a redução do risco de câncer, teremos futuramente um
contingente cada vez mais aumentado de pacientes nos consultórios
oncológicos", finaliza Andrey.
Mudanças de hábito simples
Abaixo, o oncologista Andrey Soares lista os
principais fatores que podem contribuir para o surgimento do câncer:
Tabagismo: Antigamente, o hábito de
fumar era visto com elegância e glamour, sendo incentivado até pelas
propagandas que mostravam atores famosos tragando seus cigarros, o que
estimulava esse costume entre as pessoas mais jovens. O cigarro era liberado
nos restaurantes e até na sala de aula. Hoje, o uso do cigarro pela geração
Millenials, na maioria das vezes, vem acompanhando de bebidas alcoólicas.
Estimativas apontam que 75% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do
uso do tabaco e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a
doença. Além disso, o cigarro também é responsável pelo aparecimento do tumor
na cabeça e pescoço.
Etilismo: O consumo exagerado de bebidas
alcoólicas tem se mostrado um dos hábitos mais frequentes entre jovens adultos.
Essa prática traz consequências para a saúde física, sendo um depressor do
sistema nervoso central e gerando impactos nocivos a diversos órgãos, como o
fígado, o coração e o estômago. Uma pesquisa publicada no Alcohol and
Alcoholism mostra que as consequências podem ser ainda maiores:
segundo o periódico, basta uma dose de bebida alcoólica por dia para aumentar o
risco das mulheres desenvolverem câncer de mama em 5%. A conclusão é parte de
uma revisão de 113 estudos feita por pesquisadores da Alemanha, França e
Itália. Para mulheres que bebem mais – três ou mais doses por dia – o risco de
contrair a doença aumenta em 50%.
Sedentarismo: Pode
parecer um pouco clichê relacionar a saúde com a prática de exercícios físicos
diários, mas esse é um fator que pode diminuir bastante o risco de aparecimento
da doença. Mais de um terço dos jovens brasileiros está acima do peso, de
acordo com dados do Ministério da Saúde e, esse fato, leva a um risco maior de
desenvolver doenças como colesterol alto, diabetes e hipertensão arterial. Com
o avanço da tecnologia, os jovens passam mais horas em frente ao computador,
plugados no celular ou tablets, deixando de lado as atividades físicas. Mas com
pequenos ajustes na rotina, como pequenas caminhadas diárias e subir e descer
escadas ao invés de utilizar o elevador, é possível dar um salto na qualidade
de vida e prevenir inúmeras doenças, não apenas o câncer. A recomendação da OMS
é que pessoas de 18 a 64 anos pratiquem pelo menos 150 minutos de exercícios
moderados por semana – ou, em média, pouco mais de 20 minutos por dia.
Infecções Virais: A geração
de jovens e adultos com menos de 30 anos preza e valoriza muito a liberdade
sexual. Trata-se de um grupo que nasceu após o "boom" do HIV e,
apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente
transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus
humano – conhecido como HPV. Mais comum tipo de infecção
sexualmente transmissível em todo o mundo, o vírus atinge de forma massiva a
população feminina - 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato
com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na
faixa dos 25 anos.
Após o contágio, ao menos 5% dessas brasileiras irá
desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos, uma taxa
alarmante. O tumor já é considerado um problema de saúde pública no Brasil e
faz parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças
Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no país, o que inclui a vacinação contra o
HPV para meninos e meninas com idades entre 9 e 26 anos. Além do HPV, existem
algumas infecções virais que também podem estar relacionadas ao aparecimento do
câncer. A hepatite B e C, por exemplo, podem desenvolver o câncer de fígado. Já
o HIV pode ser responsável por tumores hematológicos como linfoma.
Exposição Solar: Os jovens
estão acostumados a se prevenir contra o sol quando vão para a praia no verão.
Porém, a exposição solar vai muito além, pois para pessoas que costumam ficar
expostas aos raios solares, é preciso reforçar o uso do protetor diariamente,
principalmente no rosto. Se a exposição for maior, como na praia ou piscina,
por exemplo, é importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e
evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte. Em geral, as
pessoas costumam relacionar os casos de câncer de pele exclusivamente ao
melanoma, mas 95% dos casos de tumores cutâneos identificados no Brasil são
classificados como não melanoma, um índice que está diretamente relacionado à
constante exposição à radiação ultravioleta (UV) do sol.
Obesidade: Obesidade: Embora o aumento da
obesidade ocorra em todas as idades, os jovens foram os mais afetados. Isso
ocorre pela ingestão exacerbada de alimentos ultraprocessados, pobres em
nutrientes e também por conta do sedentarismo.
Em alguns tipos de câncer, o excesso de peso
corporal durante a vida adulta pode ser considerado como um fator para o
surgimento da doença.
Um estudo publicado pela The Lancenet Public Health
sugere que as taxas de incidência de cânceres associados à obesidade estão
aumentando mais rapidamente em jovens adultos entre 25 e 49 anos nos Estados
Unidos.
Dos subtipos existentes da
doença, ao menos 14 têm seus riscos aumentados pelo sobrepeso e obesidade:
mama, cólon, reto, útero, vesícula biliar, rim, fígado, ovário, próstata,
mieloma múltiplo, esôfago, pâncreas, estômago e tireoide.
Grupo
Oncoclínicas
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