Pesquisa desenvolvida pela
Revelo, plataforma de recrutamento digital, analisou mais de 212 mil candidatos
e 27 mil ofertas feitas por empresas na plataforma
A presença da mulher no mercado de trabalho, mesmo
sendo cada vez maior no Brasil e no mundo, ainda é uma questão delicada. Há
muito a ser feito e mudado. De acordo com dados do governo brasileiro, em 2007,
as mulheres representavam 40,8% do mercado formal de trabalho; em 2016,
passaram a ocupar 44% das vagas. Esta realidade, ainda desequilibrada, é ainda
mais acentuada em carreiras de tecnologia, conforme mostra o Retrato de
Desigualdade de Gênero em Tecnologia 2019, estudo desenvolvido pela Revelo,
plataforma de recrutamento digital.
Com o objetivo de investigar os motivos da
desigualdade entre gêneros do mercado de TI, a Revelo identificou duas
situações altamente problemáticas: a baixa representatividade de mulheres em
carreiras de tecnologia e a disparidade salarial entre homens e mulheres nessas
carreiras. A principal conclusão do estudo é a de que as mulheres permanecem
sub-representadas em todos os níveis empresariais, apesar de apresentarem mais
títulos universitários e de graduação do que os homens, sobretudo nas carreiras
do setor.
Para este relatório de 2019, a Revelo analisou mais
de 212 mil candidatos e 27 mil ofertas feitas por empresas na plataforma.
"É importante ressaltar que, neste estudo, expomos análises e dados dos
gêneros feminino e masculino, pois são as informações disponíveis na nossa base
para tal. Reconhecemos todas as outras categorias de gênero, e estamos
trabalhando para que no futuro tenhamos dados significativos para aprofundar
nossa análise neste sentido", explica Lucas Mendes, cofundador da Revelo.
Problema 1: Menor presença de
mulheres em carreiras de tecnologia
Hipótese 1: Existe uma
discrepância entre homens e mulheres no momento da escolha de carreiras?
Com base nos dados levantados pela Revelo, é
possível verificar que existe uma distribuição desigual na escolha de carreiras
entre candidatas e candidatos.
O gráfico abaixo mostra que a distribuição entre
homens e mulheres na carreira de Desenvolvimento, na qual os homens representam
87% dos candidatos inscritos e as mulheres apenas 13%. Por outro lado, as
carreiras de Marketing Online e Negócios apresentam maior tendência a receberem
cadastros do gênero feminino, com 61% contra 39% dos cadastros masculinos.
Distribuição de candidatos
homens e mulheres, por carreira
Hipótese 2: Os recrutadores
privilegiam candidatos homens no momento da abordagem? Esse viés depende do
gênero do recrutador?
Outra hipótese levantada para a desigualdade
identificada é o comportamento enviesado dos recrutadores. Por exemplo: caso
recrutadores homens demonstrem preferência por candidatos homens, isso poderia
explicar uma parte da diferença encontrada no mercado.
O gráfico abaixo sugere que, sim, recrutadores
abordam muito mais homens do que mulheres. Curiosamente, no entanto, esse viés
parece ser independente do gênero do recrutador: seja o recrutador homem ou
mulher, ambos parecem ser igualmente enviesados na escolha dos candidatos.
Proporção do volume de
contatos com candidatos mulheres de acordo com gênero do recrutador
Hipótese 3: Mulheres e homens
têm diferentes níveis de engajamento no processo seletivo? Mulheres abandonam
mais processos ou são mais frequentemente reprovadas em provas técnicas?
Será que existe diferença no modo como eles e elas
se comportam nos processos seletivos? A Revelo levantou dados sobre o
desempenho entre homens e mulheres na busca por emprego. Tempo de disponibilidade
para o cadastro, desempenho em testes e outros critérios foram avaliados.
As primeiras etapas de processos geralmente
envolvem completar perfil do candidato e realizar testes. Vemos pelo gráfico
abaixo que existe uma clara diferença quando o assunto é a realização dos
testes técnicos.
Comparação de engajamento
durante as fases de cadastro
Hipótese 4: Mulheres e homens
têm diferentes comportamentos ao aceitar/recusar ofertas de empresas?
A última hipótese é a possível baixa
representatividade das mulheres em tecnologia estar relacionada ao aceite de
propostas. Um dos motivos que poderia explicar a menor presença de mulheres nas
carreiras analisadas seria uma discrepância na taxa de aceite de ofertas das
empresas por parte das candidatas. Entretanto, a Revelo nota que isso não
ocorre de forma geral: a taxa de aceite de ofertas de mulheres é muito similar
à dos homens.
Taxas de aceite de oferta
entre gêneros
Problema 2: Mulheres recebem
salários menores do que homens em carreiras de tecnologia
Os dados da Revelo mostram que, em média,
candidatas na área de tecnologia recebem 15,8% a menos do que os homens.
Conforme apresentado no gráfico abaixo, a mediana de salários oferecidos para
mulheres é de R$ 5.200, e para homens é de R$6.200
Média do salário oferecido H X
M
Hipótese 1: As mulheres são
menos sêniors ou optam por tipos de carreira que são mais mal remuneradas?
Uma das hipóteses que poderia explicar a diferença
gritante observada acima seria uma disparidade em termos de senioridade ou
escolha de carreiras entre homens e mulheres. Analisando os dados, a plataforma
conclui que isto não se observa, pois a diferença salarial é consistente na
maior parte das carreiras e senioridades.
Média de salários oferecidos
pelas empresas por carreira
Média de salários oferecidos
por senioridade
Hipótese 2: Mulheres ancoram
suas pretensões salariais mais baixo do que os homens?
A Revelo analisou a existência ou não de
disparidade nos valores de pretensão salarial entre candidatos e candidatas.
Existe um forte efeito de ancoragem entre os valores oferecidos e os valores
pretendidos - ou seja, estatisticamente, as ofertas feitas por recrutadores
tendem a seguir os valores apresentados como pretensão. Desta forma, caso haja
disparidade no salário pretendido, isso poderia influenciar os salários
oferecidos negativamente - dados do estudo mostram que a pretensão média das
candidatas nas carreiras de tecnologia é, em média, 15% menor do que a dos
homens. Enquanto estes últimos têm pretensão salarial média de R$6.900, a média
da pretensão salarial das mulheres é R$5.900.
Pretensão salarial requerida
pelos candidatos participantes
Hipótese 3: Recrutadores
oferecem salários diferentes para homens e mulheres com a mesma experiência e
qualificação? Esse viés depende do gênero do recrutador?
A plataforma comparou os salários oferecidos aos
candidatos homens e mulheres segundo o gênero do recrutador. O resultado mostra
que o viés de gênero é preponderante tanto em casos quando quem recruta é um
homem ou quando é uma mulher.
Recorte de acordo com o gênero
do recrutador da média de salários oferecidos por carreira
Hipótese 4: Mulheres aceitam
ofertas com salários mais baixos? Há diferença de comportamento para ofertas
abaixo da pretensão salarial?
A próxima pergunta a ser feita é: essas mulheres
que inicialmente pedem salários abaixo da média do mercado, também aceitam
ofertas salariais menores do que sua pretensão?
A Revelo observou que o comportamento de aceite de
ofertas salariais abaixo da pretensão e identificou que as mulheres as aceitam
com maior frequência do que seus colegas homens.
Conclusão e visão geral das
causas-raiz de diferenças salariais:
São dois os principais problemas diagnosticados
pelo relatório da Revelo: as mulheres são menos presentes em carreiras de
tecnologia e ganham menos do que os seus colegas homens.
"Esperamos que nossos estudos sobre
desigualdade de gênero possam ampliar a percepção da necessidade de debatermos
o tema e estabelecermos medidas completas para encurtar a distância entre
homens e mulheres nas carreiras de tecnologia" conclui Lucas Mendes.
Confira aqui o eBook na íntegra: http://bit.ly/2tUka3Q
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