Pessoas com essa condição
são consideradas comprometidas e disciplinadas e podem melhorar ambiente de
trabalho e relação interpessoal nas empresas
Muito
mais do que apenas uma atividade que permite às
pessoas se manterem economicamente, o trabalho tem a função de melhorar as
relações sociais, desenvolver habilidades e trazer realização pessoal e
intelectual. Isso também vale para pessoas com síndrome de Down, que comemoram
seu Dia Internacional neste 21 de março. Para eles, ter uma ocupação
profissional significa receber estímulo para o desenvolvimento e conquistar
mais qualidade de vida.
A
legislação brasileira possui normas para a inclusão das pessoas com
necessidades específicas no mercado de trabalho. Desde 1991, as empresas com
100 ou mais empregados devem manter em seus quadros uma porcentagem mínima de
funcionários com algum tipo de deficiência.
Para
empregadores que oferecem entre 100 e 200 vínculos empregatícios, esse
percentual é de 2%. O número aumenta de acordo com a quantidade de
funcionários, chegando a 5% para empresas com 1.001 empregados ou mais. Desde a
entrada em vigor da Lei de Cotas, a participação dessas pessoas no mercado de
trabalho tem aumentado.
Dados
da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2017 mostram uma tendência de
crescimento de vagas ocupadas por pessoas com deficiência mental/intelectual.
Foram 34.851 mil contratados naquele ano, 2.764 mil a mais do que os 32.087 de
2016. A Rais não engloba dados específicos sobre os subtipos de deficiências,
mas apenas grupos (física, visual, auditiva, mental/intelectual e múltipla).
De
acordo com o chefe da Divisão de Fiscalização para Inclusão de Pessoas com
Deficiência e Combate à Discriminação no Trabalho da Secretaria Especial de
Trabalho e Previdência, João Paulo Reis, auditores-fiscais do Trabalho têm uma
atuação específica para garantir a inclusão produtiva de pessoas com
deficiência mental/intelectual.
Em
Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, por exemplo, os auditores celebram um
termo de compromisso com empregadores para que contratem as pessoas com
necessidades específicas inicialmente como aprendizes. Depois, mais
capacitados, eles devem ser efetivados pelo contrato de emprego por prazo
indeterminado. “Há vários casos de sucesso, de empresas que completaram a cota
por meio dessa metodologia”, afirma João Paulo.
Dia
Internacional - Causada por uma mutação genética, com a presença de três
cromossomos 21 nas células, a Síndrome de Down tem consequências físicas,
intelectuais e psicomotoras específicas, mas nenhuma delas impede o exercício
de atividade produtiva.
Mãe
de Henrique Gurgel, um rapaz de 27 anos com Down, Dirce Gurgel afirma que a
ocupação como auxiliar em uma biblioteca fez muito bem ao filho. Henrique
aprendeu a se comunicar mais assertivamente e a falar melhor. Na escola em que
ele trabalhou foram realizados treinamentos que melhoraram o desempenho dele.
“Não é só contratar para cumprir a cota. É importante fazer essa preparação”,
enfatiza Dirce.
Segundo
ela, por não estar trabalhando atualmente, o filho retrocedeu um pouco em
relação ao desenvolvimento. “Ele se sentia acolhido, e os colegas na escola
aprenderam bastante com ele. É preciso acabar com o preconceito. Contratar um
Down é bom para todos”.
A
presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Lenir
Santos, explica que não há justificativa para não contratar pessoas com essa
condição se elas estiverem bem preparadas e se houver a correta mediação no
local de atuação. Ela afirma que o trabalho empodera, melhora a compreensão de
cidadania, de direitos, de obrigações e também o desenvolvimento cognitivo,
social e afetivo. “A inclusão de pessoas com deficiência intelectual melhora o
ambiente de trabalho, pois exige o exercício da tolerância, da capacidade de
convívio com as diferenças”.
Ministério da Economia
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