A esperada recuperação da economia irá promover
naturalmente também a expansão do uso da certificação digital no País. O
movimento que batizamos no ano passado de Segunda Onda irá encarregar-se de
criar novas utilizações para a infraestrutura, seja como ferramenta de
modernização das empresas, em utilizações que extrapolam as obrigações
determinadas pelo governo, seja na criação de novas formas de uso do
certificado digital.
O intuito será sempre a eliminação de papéis, a
desburocratização, a facilidade de atuação com redução de custos. Nenhuma
empresa poderá, no futuro, atuar sem contar com a certificação digital. No
mesmo sentido, a tecnologia tenderá a estar cada vez mais presente na vida das
pessoas físicas.
A segunda onda na certificação digital, aquela que
dá uso à infraestrutura muito além das obrigatoriedades estabelecidas pelo
governo, associada às políticas de acessibilidade e a futuras inclusões de
segmentos da economia de forma obrigatória, irá se encarregar de promover e
ampliar o mercado da infraestrutura em todo o País. Hoje, o mercado já atende
quase plenamente todo o sistema judiciário, dos advogados aos juízes de última
instância. Já está em boa parte das empresas, já é usado largamente por pessoas
físicas para obter benefícios na declaração do imposto de renda e requisição da
CNH, por exemplo, e, gradativamente, avança sobre a área médica, nos
prontuários eletrônicos de pacientes e controles das atividades de clínicas e
hospitais.
Além disso, a infraestrutura da Certificação Digital
já está presente na modernização das empresas, para ampliar a produtividade e
eliminar custos. Historicamente, no que chamamos primeira onda, a certificação
digital ficou atrelada ao cumprimento de obrigações com o
governo.
Mas é preciso entender que vivemos num mundo movido
pela novidade. O certificado digital, que é a identidade digital de pessoas
jurídicas, é também, cada vez mais, das pessoas físicas.
Na iniciativa privada, a assinatura digital tem
dado nova dimensão à certificação digital. Nós da Serasa, que temos pacotes
específicos para esse tipo de implantação e que há cinquenta anos lidamos com
dados e nos relacionamos com empresas, temos verificado aumento do interesse
nesse sentido. As empresas não querem mais permanecer estacionadas no passado,
apenas cumprir as obrigações determinadas em lei, elas vislumbram as vantagens
de custo e economia de tempo que se pode ter em diversas tarefas do dia a dia e
estão partindo para a troca de seus sistemas de funcionamento.
Por meio da assinatura digital
que o certificado digital permite, a empresa promove uma mudança cultural. Do
controle de acesso de entrada na empresa, à manipulação de estoques, do
relacionamento com fornecedores e clientes, ao simples envio de e-mails, tudo
pode ser feito por meio da certificação digital, de forma segura e sem o uso de
documentos físicos. Com a vantagem de permitir, a qualquer tempo, o rastreio de
operações e a rápida identificação das pessoas que participaram de um
determinado processo.
Desta forma, o planejamento, a gestão financeira de contratos, os fluxos
de pagamentos, tudo pode ser feito de forma prática e segura sem o uso de
papel. O que antes era espaço para a guarda de arquivos e documentos, agora
passa a integrar a atividade fim da empresa. Por isso entendo que a segunda
onda irá promover a convergência do mundo real com o digital, isso será
inevitável.
Nos últimos 15 anos, o setor emitiu em torno de 10 milhões de
certificados digitais válidos, um número que pode ser ampliado de forma
progressiva. O segmento da certificação digital tem, portanto, um espaço
potencialmente muito grande para crescer. Neste momento, quando o setor
possui sistemas implantados, funcionando plenamente, seguros e com baixíssima
possibilidade de fraude, podemos dizer que estamos prontos para entrar em um
novo ciclo, cumprir as aplicações públicas e entrar em novas fronteiras,
ajudando as empresas e as pessoas físicas, e não só os contadores, a dar uma
conotação positiva a esta ferramenta.
Outro ponto que pode ser destacado é a ampliação
gradual do eSocial, que já é exigido a um rol bastante amplo de empresas. Por
que não aproveitar o momento e ampliar o uso, implantar uma ferramenta que
permite reduzir custos e, o que é melhor, atuar em níveis de segurança
altíssimos, que só a certificação digital permite? Com o eSocial, a
certificação digital torna os sistemas informativos entre empresas e governo
mais seguros e menos sujeitos às fraudes, facilita o envio de relatórios, o
pagamento de tributos, entre outras facilidades. Aos poucos, por conta da
própria empresa, o mesmo certificado digital pode agregar novas funções e
facilitar ainda mais seu dia a dia.
Maurício Balassiano -
diretor de Certificação Digital da Serasa Experian
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