Existe um monstro, bastante
assustador, rondando eleições presidenciais, o noticiário mundial, as redes
sociais e – pasmem! – o franchising no Brasil: as fake news! Sim, elas vêm
ganhando espaço pouco a pouco com um objetivo muito claro para quem as
dissemina: vender mais franquias.
Como as fake news foram detectadas:
acompanho muitas informações veiculadas na imprensa e nas redes sociais sobre o
franchising brasileiro. Participo de muitos eventos, ministro cursos e, por
atuar no sistema há cerca de trinta anos, conheço muitas pessoas que são
franqueadoras, trabalham em franqueadoras ou que investiram numa franquia. E
muito do que leio e escuto nem sempre corresponde à realidade. Muitas vezes,
uma realidade que conheço bem de perto.
Qual é o problema nisso tudo? As fake
news chegam ao investidor. Ele quer abrir uma franquia e sabe que precisa
pesquisar dados e números – não só os que são passados pelo franqueador. Porém,
mais uma vez, em meio a informações corretas, ele também terá acesso a este
conteúdo distorcido, que se misturou e ganhou força de verdade porque as
pessoas aceitam o que leem de forma passiva. Não há uma recepção crítica da
informação. Quase tudo é aceito como verdade. Não há apuração, checagem ou o
mínimo de análise.
Por outro lado, tem também as
franqueadoras que têm na expansão mais um produto da empresa que precisa ser
vendido por sobrevivência. Aí, vendem para quem quiser comprar. Para atingir
metas de vendas, elas falam o que o investidor quer ouvir – nem sempre, a
verdade sobre o negócio.
E quem faz da expansão um vale-tudo, não pensa duas
vezes antes de divulgar números fantasiosos, análises tortas. Mesmo em seus
materiais publicitários, criam falsas ilusões , vendem um sonho que não existe
– e isto é uma irresponsabilidade social. Muita gente, simplesmente, aceita.
Não questiona, não reflete e não troca ideias com outras pessoas para ver se
tudo o que recebeu daquela rede realmente faz sentido.
Talvez, o rigor com as informações
disseminadas, sobretudo pelas franqueadoras, poderia ser uma exigência, por
exemplo, do BNDES, que libera recursos para os bancos oferecerem a novos
investidores em franquias. É responsabilidade do banco que repassa o crédito,
fazer uma análise da franqueadora e de cada solicitação de financiamento.
Porém, muitas vezes, são análises rasas, que averiguam, apenas, se a
franqueadora existe, se tem Circular de Oferta de Franquias, se tem um
contrato. Definitivamente, não é suficiente.
Por outro lado, o investidor também
vê com bons olhos apenas se a franqueadora é associada à ABF. Não dá a devida atenção às demais informações
compartilhadas por ela – especialmente, a análise de viabilidade financeira do
negócio, que merece uma verdadeira investigação. Mas sabemos que a franqueadora
precisa oferecer muito mais que isso. A realidade é que financiamento bancário
e associação à ABF são utilizados como argumentos de vendas que dão muito certo
e, para alguns investidores, já bastam como critério de decisão.
A boa notícia é que as fake news no franchising
podem ser combatidas e o principal agente é o investidor. O primeiro passo é
ter consciência de que elas existem e já navegam pelos mares do sistema. Em
segundo lugar, conforme já citei acima, é preciso avaliar, com critério, todas
as informações coletadas na imprensa, junto às franqueadoras e nas redes
sociais.
Converse com franqueados da rede que lhe interessa,
procure se nortear pelos dados considerados oficiais, se consulte com
especialistas, ainda que sejam de outras áreas do mercado. Faça checagem do
conteúdo recebido. Não é uma tarefa fácil, eu sei, mas é um esforço que precisa
ser feito. E se o que você recebeu ainda parece insuficiente, peça mais
informações, tire dúvidas, pergunte, pergunte, pergunte. Pode ter certeza – e
nesta dica você pode confiar: o sucesso como franqueado começa com uma decisão
consciente, apoiada, sobretudo, na verdade.
Melitha
Novoa Prado - é um dos nomes mais importantes do franchising no Brasil, sendo
pioneira em consultoria jurídica para o sistema. É autora dos livros
“Franchising, na Alegria e na Tristeza” e “Franchising na Real”. Ministra
cursos e palestras sobre franchising e é fonte de informação para a imprensa
sobre o assunto.
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