Talvez chova, talvez faça Sol. As previsões para 2019 são, um pouco como todas as previsões, poços de esperança para a gente mergulhar. O que encontraremos só saberemos vivendo, tentando manter a cabeça fora d`água para respirar. O ruim é que quase sempre tomamos um caldo no caminho
Lembro de pequena – na
época era assim, na marra, a tal educação – minha mãe me levar para perder o
medo do mar. Praia de José Menino, Santos, São Paulo. Até hoje penso no medo, e
o que é pior, na forma com que ela, assim agindo, conseguiu foi me dar mais
medo ainda. Num instante, me deu o tal caldo, mergulhou minha cabeça,
certamente contra minha vontade. Foi horrível.
Aquela água salgada que engoli,
mas voltando à tona e reagindo. Levei anos, muitos, para me livrar desse medo,
finalmente aprender a nadar, e mesmo assim não costumo me aventurar muito para
longe do solo mais seguro, a areia.
Mas fiquei esperta para
a vida, as marés, as águas salgadas, os mergulhos, tantos que ao longo da vida
todos nós encontramos, e de onde temos de fazer tudo para sair da melhor
maneira possível, mesmo que com alguns arranhões. Há um paralelo entre esse
fato e tudo o que enfrentamos ano após ano, e que acaba sendo aprendizado de
sobrevivência.
Temos de enfrentar, ir,
mergulhar, percorrer, senão como saber? “Se não fui acho que deveria ter ido”;
depois pode ser tarde. A vida é imprevisível tanto quanto pode ser. Penso se
não é essa angústia que aparece nessa época, de final de ano, entrada de outro.
A gente pensa se vai de
roupa nova, qual cor, a cor da calcinha, faz listas de metas e decisões, e
revisa o que fez exatamente da mesma forma no final do ano anterior. Se alegra
com o que obteve, repete na lista atual o que faltou, acrescenta desafios. Meia
noite, uma hora da manhã por aqui nesse horário de verão que muda o tempo,
depois de saber que o resto do mundo já chegou no Ano Novo. Corre! Depois de
poucos dias, engolidos pela realidade, algumas metas passam a ser de tempos
menores, um mês, uma semana, 24 horas. Nadando para alcançar alguma margem
segura.
Lá vamos nós. Será um
ano de novidades, especialmente pela chegada de um novo governo com muitas
pessoas diferentes das habituais, e das quais temos poucas referências, e
algumas que temos são bem preocupantes para quem já tomou um caldo. Já teve a
cabeça mergulhada. Resta apenas que a gente espere. Mas agora, com mais
segurança, com a sabedoria de quem já viveu para ver e até pouco se surpreender
com o quanto tudo ainda pode ser possível. Pro bem e pro mal. Mais: com
esperança e olhos abertos. Otimismo e olhos abertos. O de sempre e olhos
abertos.
Outro dia me toquei que
logo entraremos nos Anos 20 deste século, quando há pouco falávamos apenas
sobre a história dos Anos 20, 30 do século anterior, sobre aquelas conquistas,
os comportamentos, as guerras, a arte. Como passa rápido a existência!
Vamos a ela.
Que os próximos
trezentos e tantos dias sejam de Paz, boas notícias, que não percamos nunca a
força de enfrentar a maré e voltar à tona. Inclusive fazendo ondas, inventando
modas e nos reinventando.
Marli Gonçalves - jornalista – Um beijo em cada um, e a certeza de que estaremos juntos acompanhando
o horizonte.
São
Paulo, do futuro, e do passado e do presente, 19
https://www.youtube.com/c/MarliGon%C3%A7alvesjornalista (marligoncalvesjornalista – o ç deixa
o link assim)
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