Entre tantas revoluções pelas quais o dinheiro já passou, desde
as moedas de ouro e prata ao cartão de crédito, voltamos agora a atenção para
um movimento de mudança radical. Graças aos avanços tecnológicos, chegamos às
criptomoedas. Tal qual as convencionais, as criptomoedas podem ser compradas e
negociadas, e, a partir daí, serem utilizadas para adquirir desde serviços
online até apartamentos, matéria-prima etc. No Brasil os estabelecimentos
comerciais ainda resistem, mas ao redor do mundo alguns países já estão
inclusive regulando a utilização da moeda.
A criptomoeda é considerada uma moeda fiduciária, ou seja, não
possui lastro em metal, não tem representação física e é controlada por meio da
tecnologia blockchain, que garante a segurança do sistema. Especialistas
estimam que até 2027 cerca de 10% do PIB mundial estará armazenado em
tecnologia blockchain.
Exemplo das criptomoedas, os bitcoins são virtuais,
independentes e sem regulação de qualquer entidade, não existem em locais
virtuais, como correios eletrônicos ou armazenamentos em nuvem, e muito menos
em locais físico/virtuais como hard drivers ou pen drivers. Para “materializar”
um bitcoin ou visualizar o balanço de sua conta corrente é necessário
relacionar diferentes registros de transação dispostos em uma rede de bloco
virtual (blockchain), que só podem ser consolidados mediante uma chave privada.
No Fórum Econômico Mundial de 2017 as criptomoedas e o blockchain foram
relacionados com temas como confiança nas negociações, mudanças nos serviços
financeiros e outros impactantes para o cenário econômico mundial. A discussão
se iniciou principalmente pelo potencial que essa tecnologia tem para dificultar
tentativas de esconder ou disfarçar transações.
Apesar de uma pesquisa da consultoria PwC apontar que menos de
5% dos bancos estão bem familiarizados com o assunto, em agosto de 2016 os
bancos Bank of America e HSBC revelaram ter construído uma aplicação para
melhorar transações com letras de crédito. A atenção das instituições
financeiras tem motivos, pois o blockchain permite que grandes volumes
monetários sejam arrecadados, sem taxas ou desvios e em tempo real. Sem dúvida
o blockchain irá impactar bancos, seguradoras e intermediadoras de pagamentos,
mas existem infindáveis possibilidade em marketing, serviços sociais, vendas, a
exemplo do que ocorreu como Uber, Airbnb e eBay.
Se esse modelo for aplicado, atividades hoje muito presentes
tendem a desaparecer. Muitos dos especialistas que anteciparam e antecipam
movimentos do mercado, como Don e Alex Tapscott, autores do livro Blockchain
Revolution, apontam grandes mudanças em modelos de negócio que exigem
intermediação, como os cartórios, que realizam atividades para garantir que as
informações apresentadas por cada uma das partes em uma negociação sejam
verdadeiras.
Em breve ao adquirir um imóvel, automóvel ou uma laranja
orgânica poderemos consultar um blockchain que possuirá todas as informações
históricas, sem a necessidade de uma entidade intermediadora. Será possível, a
partir de um smartphone, realizar a leitura de um QR Code que detalhará todas
as manutenções realizadas no imóvel, todas as vezes que o seguro de um
automóvel foi acionado e até mesmo se a fazenda que vende orgânicos realizou
recentemente a aquisição de agrotóxicos.
Como se não bastasse, a criptomoeda já é uma possibilidade
disseminada de investimento, e vemos o reflexo disso nos seus preços. A cotação
da moeda virtual bitcoin em comparação com o real, saiu do patamar negociados
abaixo de R$ 1 mil reais, em 2015, para a cotação de R$18.000, mais de 1.800%
em apenas dois anos. Ao que tudo indica, o título deste artigo não contém
exageros.
Christian Geronasso e Patrick Silva - são membros do Comitê
Macroeconômico do ISAE - Escola de Negócios
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