Pesquisadores brasileiros estão estudando o uso de produtos e
sub-produtos do setor sucroalcooleiro para a produção de hidrogênio. Ao todo,
são três frentes de pesquisas que estão sendo conduzidas pelo Research Centre
for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), centro financiado pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Shell. “No cenário nacional, uma oportunidade brasileira com hidrogênio se
encontra ao redor das usinas de cana-de-açúcar”, disse o pesquisador
do RCGI e professor da Escola Politécnica da USP, Thiago Lopes (foto). “São bastante conhecidas as
rotas que partem da eletrólise da água, um processo eletroquímico que emprega
eletricidade para decompor a água em oxigênio e hidrogênio, seus elementos
constituintes. No RCGI, busca-se explorar rotas alternativas que partem de
insumos gerados pelo setor sucroalcooleiro”, acrescentou.
A pesquisa mais avançada é a que utiliza calor para converter
etanol em hidrogênio, em um processo de reforma térmica. O RCGI disse que, em
junho, uma planta piloto deve ficar pronta na Cidade Universitária da USP para
começar a produzir hidrogênio a partir do combustível. O hidrogênio será usado
para alimentar ônibus que circulam na Cidade Universitária da USP.
O segundo projeto avalia uma tecnologia alternativa para
converter o etanol em hidrogênio via reforma eletroquímica. O projeto Uso
eficiente de etanol para produção de hidrogênio e eletricidade é coordenado
pelo engenheiro químico Hamilton Varela,
professor titular e atual diretor do Instituto de Química de São Carlos da
Universidade de São Paulo (IQSC-USP).
“Enquanto na estação experimental de
abastecimento de hidrogênio é utilizado calor, de uma fonte térmica, para fazer
a conversão, nesse segundo projeto são usados elétrons. Neste sentido, nos
aproximamos dos processos baseados na eletrólise da água”, explicou
Lopes, ressaltando que a ciência ainda está no nível de pesquisa fundamental
para essa rota tecnológica.
“Se for bem-sucedida, teremos, no longo prazo, uma tecnologia
bastante disruptiva, pois habilitará o setor sucroalcooleiro a um ciclo
virtuoso muito interessante”, apontou Lopes. O pesquisador conclui dizendo que todos
esses modelos tecnológicos possuem a vantagem de eliminar os desafios do
transporte e estocagem do H2, que exige compressão ou liquefação para sua
movimentação via carretas (ou, em escalas maiores, via gasodutos), bem como
armazenamentos em cilindros de alta pressão ou criogênicos.
Fonte: https://petronoticias.com.br/pesquisadores-brasileiros-estudam-produtos-da-cana-de-acucar-para-producao-de-hidrogenio/
Nenhum comentário:
Postar um comentário