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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Como lidar com o conflito de gênero em uma criança



Cada vez mais, a questão da identidade de gênero vem deixando de ser
um tabu para se firmar como um assunto sério a ser enfrentado pela família,
e para isso é necessário o apoio e o acompanhamento de especialistas.
E, muitas vezes, esse tipo de transtorno se manifesta na infância, o que requer dos pais um cuidado especial para lidar com o caso e, assim, garantir um desenvolvimento saudável para os filhos.

Por volta dos 3 ou 4 anos de idade, a criança já tem desenvolvida uma imagem de si mesma, uma percepção de sua individualidade e das diferenças com os outros a sua volta. É nesse período que se estabelece a noção de ser menino ou menina, a partir da identificação com o feminino, representado pela figura da mãe, ou ao masculino, que está relacionado ao pai.

O fato de um menino gostar de brinquedos geralmente vistos como femininos, como bonecas ou utensílios de cozinha, ou de uma menina se sentir bem ao vestir ou usar acessórios ditos masculinos, mesmo após os 4 anos de idade, com essa noção já estabelecida, não indica, necessariamente, um conflito de gênero. Esse comportamento pode ser uma forma de buscar entender as diferenças se colocando no lugar do outro sexo, ou então uma maneira de refletir situações que vivem no dia a dia: as bonecas representam as pessoas que fazem parte do convívio, os fogõezinhos, panelinhas e xicarazinhas reproduzem os objetos que os adultos usam nos cuidados com os filhos, os carrinhos imitam os veículos dos pais ou os que veem nas ruas e assim por diante.

“O conflito se configura, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM V), quando essas manifestações ou atividades passam a ser constantes, persistentes e não esporádicas, quando estão associadas a outros sentimentos como ansiedade, desconforto consigo mesmo, agressividade no trato com as questões ligadas aos papéis de gênero, quando há manifestação de intenso sofrimento por pertencer ao sexo atribuído ao nascimento, quando há um desagrado quanto à sua própria anatomia e quando há um desejo, constantemente manifesto, em ser de outro sexo ou uma certeza de ser do sexo oposto. É preciso estar atento porque esta condição pode estar associada não só a um significativo sofrimento, mas também a um prejuízo no funcionamento social ou em outras áreas importantes na vida da criança, uma vez que coloca em evidência questões muito complexas, frente às quais ainda encontramos muita desinformação, preconceito, pouca compreensão e pouco acolhimento”, explica a psicóloga Vera Ferrari Rego Barros, presidente do Departamento Científico de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

O diagnóstico de conflito de gênero envolve não só a percepção, o entendimento e a aceitação da própria criança como também de seus pais e do seu círculo familiar mais amplo, além dos amigos, colegas e professores. Isso pode envolver, a longo prazo, uma mudança na forma de se vestir, agir, brincar e fazer parcerias, entre outras manifestações.

Com esse novo comportamento, a criança pode ser isolada pelos colegas por puro desconhecimento, preconceito ou receio, e também ser discriminada, o que pode resultar em bullying na fase escolar. A posição da escola a esse respeito, aliás, é essencial para que os pais possam, juntamente com os educadores, encontrar uma forma de trabalhar a questão das diferenças de gênero com os alunos.

“Os pais devem considerar buscar toda a ajuda de que precisarem para lidar com essa modificação que se introduziu na vida de todos, e envolve ações para toda a vida. É um percurso trilhado em conjunto com o filho ou a filha, no qual a própria compreensão e aceitação das diferenças por eles poderá ser transmitida e trabalhada com a criança em prol de que ela se tranquilize com a sua condição, não fazendo disso um entrave para o seu desenvolvimento psíquico e social. O fato de desejar ser de outro sexo com tanta força não é acompanhado necessariamente de tranquilidade para lidar com o seu novo visual, suas novas preferências, sua nova forma de brincar ou se relacionar com seu meio social. As diferenças, de qualquer tipo, sempre podem causar desconforto em quem vive a situação e certa intolerância em quem convive com a criança, gerando reações ou brincadeiras potencialmente muito danosas”, acrescenta a especialista.

Durante todo o período de desenvolvimento e maturação da criança, também é necessário o acompanhamento de um pediatra. Com a ciência desse médico sobre a condição de transtorno de identidade de gênero, é possível uma intervenção com maior sucesso para ajudar a família a expressar e esclarecer suas dúvidas e reassegurar aos pais sua capacidade de criar e educar o filho ou a filha, mesmo com as diferenças trazidas pelo conflito.

Brasileiro é o mais insatisfeito com infraestrutura, revela estudo Ipsos



Estudo global também mostra que 76% dos brasileiros concordam que investir na infraestrutura é vital para o crescimento econômico do país


Para 72% da população mundial, investir em infraestrutura beneficiará o crescimento econômico do seu país, segundo pesquisa da Ipsos, realizada em 28 nações. O Brasil segue a linha da tendência global, já que ocupa a quinta colocação neste quesito, com percentual de concordância de 76% para a afirmativa “Investir em infraestrutura é vital para o futuro desenvolvimento do país”. No topo do ranking estão Sérvia (93%), África do Sul (82%) e Colômbia (81%).  

O levantamento ainda aponta que 37% dos entrevistados em todo mundo estão satisfeitos com a infraestrutura de seus países. Sendo Arábia Saudita, Índia e Alemanha os primeiros colocados com 65%, 59% e 53%, respectivamente. Os brasileiros estão em penúltimo lugar, com 19% satisfeitos com a infraestrutura nacional.

Por outro lado, a média global de desgostosos com a infraestrutura de sua nação é 30%. O Brasil (60%) lidera o ranking dos insatisfeitos, seguido por África do Sul (51%), Sérvia (49%) e Itália (43%). 


Fazendo o suficiente?

O estudo também perguntou aos entrevistados se eles acham que seus países não estão fazendo o suficiente para atender as necessidades de infraestrutura e 56% dos participantes em todo mundo concordam com a afirmação.

Os países que mais concordaram que não se está fazendo o suficiente para atender a demanda foram: África do Sul (80%), Sérvia (74%), Peru (69%), Colômbia (67%) e Brasil (67%).


Diferentes tipos de infraestrutura

Quando questionados se classificam positivamente diferentes tipos de infraestrutura, a pesquisa mundial indica que os aeroportos são melhores analisados com 68% de avaliação ótima ou boa. Os países líderes do ranking são África do Sul (83%), Índia (81%), Colômbia (81%) e Nova Zelândia (79%). Na avaliação da qualidade dos aeroportos os brasileiros ocupam a última colocação visto que a aprovação é de 47%.

A qualidade da Internet Banda larga também foi avaliada e o percentual global é de 56% de favorabilidade. No topo da lista estão Sérvia, Coreia do Sul e Índia com 74%, 73% e 72%, respectivamente. No ranking de avaliação positiva pelos entrevistados, o Brasil tem 37% na frente apenas da Itália (35%) e Austrália (32%).

Já sobre abastecimento de água e esgotos, 55% dos participantes em todo mundo avaliam positivamente. Os países melhores colocados são Grã-Bretanha (74%), Alemanha (74%), França (71%) e Nova Zelândia (70%). Neste ponto, 43% dos entrevistados brasileiros estão satisfeitos.

A qualidade das estradas foi bem classificada pelos sul coreanos (73%), sauditas (72%) e franceses (69%). O Brasil totalizou 29%, ficando em último lugar do ranking entre todos os países, bem atrás do penúltimo lugar, a Hungria com 41%.


Experiências

A pesquisa ainda abordou o grau de satisfação da população mundial ao viajar de carro de forma geral. No ranking, o Brasil é um dos últimos colocados com 51% de versus média global de 61%. Neste quesito, os países nas primeiras colocações são Arábia Saudita (78%), Índia (73%) e EUA (72%).

A nação verde e amarela também ocupa as últimas colocações nos rankings de satisfação em viagens feitas de metrô e avião com 51% e 73%, respectivamente. Entre todos os meios de transporte, a melhor posição brasileira é em relação a viagens feita por ônibus, na qual a satisfação é de 50%, bem próxima da média mundial (53%).

Realizada entre 25 de agosto e 8 de setembro, a pesquisa aconteceu em 28 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Rússia, Sérvia, Suécia e Turquia. 






Ipsos





PIB mais PIV, será um novo foco de luz no final do túnel?



Agora além do PIB (Produto Interno Bruto), indicador da macroeconomia que mede o nível da atividade econômica de uma determinada região, o Brasil passará a ter o PIV (Produto Interno Verde). Baseado em um projeto de lei do Deputado Federal Otávio Leite (PSDB-RJ) de 2011, o Presidente da República, Michel Temer, promulgou em 17 de outubro deste ano a Lei 13.493, que institui o novo indicador, tendo apenas um veto.

O PIV será utilizado para calcular o patrimônio ecológico e natural do nosso Brasil e, segundo o artigo 1º da Lei que o promulga, a responsabilidade pelo cálculo e publicação será do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão subordinado ao Ministério do Planejamento, que também é responsável pelo cálculo e publicação do PIB.

Em princípio, o PIV deverá mensurar temas relevantes ao processo de desenvolvimento sustentável do país, como estoques e níveis de utilização dos recursos hídricos, florestas, biodiversidade, energia, emissões, entre outros fatores fundamentais a esta agenda.

Diante deste contexto, para nós, profissionais que trabalham pelo desenvolvimento sustentável, a criação de um índice desta natureza certamente é vista com bons olhos e muitas expectativas. Há anos, muitos acadêmicos, profissionais da área e até economistas tecem críticas construtivas sobre as limitações da capacidade real do PIB em medir sozinho o nível de progresso.

Contudo, a criação da Lei que estabelece o PIV deve ser vista com atenção por todos e arrisco dizer, com algumas ressalvas. Isso porque existem pontos importantes que ficaram em aberto ou pouco esclarecidos no curto texto da lei com somente de três artigos.

Um deles é sobre a periodicidade da publicação do PIV, que segundo a Lei, será calculado anualmente, sempre que possível. Sem dúvidas este é uma questão que exige atenção, porque se estamos avançando a ponto de mensurar fatores ambientais, que são essenciais a verificação das condições do nível de progresso e desenvolvimento de uma sociedade, ter uma definição de periodicidade flexível como estas é, no mínimo, estranho, ou em uma segunda leitura, passa uma mensagem que este será um indicador de importância secundária, ou seja, sendo possível, faremos.

Outro ponto de atenção está em como de fato o indicador será medido, assim como seu processo de mensuração. Neste quesito, a Lei se limita a informar que o cálculo deverá levar em consideração critérios e dados tradicionalmente utilizados sobre o patrimônio ecológico nacional e ainda deverá ser feito com base em iniciativas nacionais e internacionais semelhantes. A lei ainda traz um complemento em aberto com a seguinte diretriz: O PIV deverá possibilitar a convergência com sistemas de contas econômicas ambientais adotadas em outros países, permitindo assim, sua comparabilidade.

Indo um pouco mais além, o texto da Lei ainda informa que a metodologia para o cálculo do PIV deverá ser amplamente discutida com a sociedade e as instituições públicas, incluindo o Congresso Nacional, antes que seja instituído um sistema de contas econômicas ambientais oficiais no Brasil. Desta forma, temos aqui um dos principais pontos de atenção e diria de atuação dos profissionais da agenda do desenvolvimento sustentável, seja na iniciativa privada, instituições públicas, universidades e organizações não governamentais. Isso porque, da forma como a Lei foi promulgada, temos apenas um texto de intenções sobre o que poderá ser o PIV.

 Sua efetivação deverá vir por meio de decreto regulamentador e, neste caso, como profissionais que militam na área, temos o dever e a responsabilidade de acompanhar de perto a evolução deste processo e debate. Acredito que há um nível de consenso sobre a importância de termos um indicador oficial entre os profissionais que trabalham pelo desenvolvimento sustentável, uma vez que será possível medir e entender a relação do progresso das atividades econômicas, associadas ao nível de impactos sobre os recursos e serviços ambientais de uma determinada região.

Além disso, não podemos nos furtar da lembrança que a promulgação da Lei que institui o PIV acontece em meio a turbulências recentes sobre decisões e direcionamentos considerados equivocados na agenda do desenvolvimento sustentável pelo Governo Federal, a exemplo do Decreto Governamental 9.159/2017 de 29 de agosto, que destituí de forma unilateral a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), parte do território amazônico do tamanho do Espírito Santo, sob a argumentação de que na área já havia pequenos garimpos irregulares, uma lógica estranha de resolver o problema legitimando o mesmo.

Recentemente tivemos também a portaria 1.129/2017 publicada em 13 de outubro, pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, revendo critérios de enquadramento do trabalho forçado e análogo a escravo, assim como os critérios de publicação das pessoas físicas e jurídicas na chamada “Lista Suja” do Ministério. Ato que gerou clamores públicos e rejeição na própria pasta, com a publicação da nota técnica da SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho) afirmando que a portaria do Ministro traz dispositivos “manifestamente ilegais” e solicitando a imediata revogação da mesma. Infelizmente é notório que a exploração do trabalho análogo a escravo ou degradante, em muitas situações está diretamente associada a práticas exploratórias e irresponsáveis dos recursos naturais.

Longe de ter um olhar pessimista, mas talvez cético e, por isso, ficam algumas dúvidas sobre a promulgação da Lei que institui o PIV. Será que estamos mesmo diante de uma iniciativa que nos permitirá avistar um novo foco de luz no fim do túnel? Será mais um texto legal, dos quais vamos nos orgulhar por compor o “hall” de um dos melhores arcabouços legais na área ambiental?

Somos um país reconhecido internacionalmente por ter um conjunto de leis ambientais bem desenvolvidas, mas, internamente sabemos que muito ainda está no papel e muitos são os desafios de efetivação deste arcabouço. Portanto, vamos trabalhar para que o PIV seja mais do que uma Lei e isto certamente dependerá do envolvimento de todos os profissionais e pessoas que de alguma forma trabalham em prol de um processo de desenvolvimento mais sustentável da nossa sociedade.






Fabiano Rangel - presidente da Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (www.abraps.org.br)





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