Campanha
encontrou pedófilos e indicou tratamentos médicos; Ação ganhou destaques na
América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia
O
Movimento Bandeiras Brancas, ONG fundada em 2012 que busca com ações criativas
de comunicação espalhar a paz, foi premiada com o troféu de Ouro na categoria
Digital e Interactivo, na última sexta-feira (25), durante o "Festival de
La Publicidad Independiente" (FePI), que ocorreu em Rosário, na Argentina.
A campanha “A Última Pesquisa”, idealizada e criada por
Brunno Barbosa e pelos publicitários Ricardo Montenegro e Álvaro Carvalho e ao
programador Lucas Barbosa, realizou uma ação para 'fisgar' possíveis pedófilos,
a partir de uma publicação no site de humor Sensacionalista onde uma notícia
fictícia de uma brasileira de 12 anos teria colocaria silicone para posar nua e
conseguir dinheiro para viajar para Disney, nos Estados Unidos.
Nos primeiros dias, mais de 70 mil pessoas fizeram o acesso, cujo desfecho é
surpreendente. O resultado desse trabalho acabou virando um documentário
internacional, que pode ser assistido em: www.aultimapesquisa.bandeirasbrancas.com.br
Em agosto, a campanha, também foi uma das finalistas, entre mais de 17 mil
concorrentes, no Festival AD STAR 2015, realizado na Coreia do Sul, quando
ficou em destaque ao lado de grandes marcas como Samsung, Heinek.
O trabalho de relações públicas foi realizado pela equipe da Anunciattho
Comunicação.
Relembre a notícia:
São Paulo, março de 2015 - O simples fato de
compartilhar nas redes sociais ou via aplicativos para celulares vídeos ou
fotos com conteúdo sexual envolvendo menores de idade pode resultar em uma pena
de três a seis anos de prisão, além de multa. Segundo dados da Safernet, ONG
que combate crimes virtuais, o
Brasil é o principal consumidor do mundo de pornografia infantil na internet.
O
código penal brasileiro considera crime a relação sexual ou ato libidinoso
contra menores, e isso não é novidade. O artigo 241-B do ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente) também é muito claro quanto “adquirir, possuir,
compartilhar ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma
de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente", passível de prisão para quem tomar essas
atitudes.
Mas
além de crime, você sabia que a pedofilia está entre as doenças classificadas
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os transtornos da preferência
sexual? É o que mostra a campanha mundial da ONG Bandeiras Brancas, que
luta contra todas as formas de violência e a favor da cultura de paz no Brasil.
Informação e reação contra abusos
Brunno
Barbosa, publicitário, jornalista e idealista da ONG resolveu reagir, testar e
informar pessoas de diversos lugares do País sobre o compartilhamento
de conteúdos impróprios que estao circulando nas redes sociais e em
aplicativos de mensagens de celular. Ele decidiu fazer uma campanha contra o
consumo de material pornográfico infantil com usuários da internet para
entender qual é o perfil das pessoas que se interessam por esse tipo de
conteúdo, conscientizá-las e encaminhá-las para tratamento adequado. Mais de
123 mil pessoas foram impactadas na primeira fase da campanha.
“O
maior desafio com esse tipo de campanha é, de fato, impactar os usuários que
possuem algum distúrbio, e diferenciá-los de eventuais curiosos”, afirma
Barbosa.
Noticia falsa e procura por pedófilos
Em
parceria com o portal humorístico Sensacionalista foi publicada uma notícia fictícia de
uma menina brasileira de 12 anos que colocaria silicone para posar nua e
conseguir dinheiro para viajar à Disney, nos Estados Unidos. A curiosa
"matéria" dizia que ela teria feito isso com uma grande promessa de
dinheiro e somente apareceria em uma revista russa local, porém, as fotos
teriam vazado e estavam disponíveis online para usuários brasileiros. No final
do texto, havia um link para as supostas imagens.
Nos
primeiros dias, aproximadamente 60
mil pessoas clicaram no link, que redirecionava para uma
página onde mostrava a foto do usuário atrás das grades, com o seguinte aviso:
“Cuidado, ser voyeur de
criança é crime. Não alimente essa indústria criminosa”.
Barbosa
conseguiu acesso ao nome, e-mail e fotos dos usuários e, analisando este banco
de dados, encontrou pessoas de todos os gêneros e idades. “Essa primeira
amostra era muito genérica. Eu precisava chegar a quem realmente faz a busca
por conteúdo pornográfico infantil, não somente os curiosos que caíram com a
nossa notícia em sua timeline”, explica o idealizador da campanha. Parte da
missão estava cumprida: informar ao público em geral.
Quem continuou a procurar por pornografia infantil?
Com
a viralização da notícia fictícia, a campanha seguiu conforme a estratégia traçada
e a matéria acabou aparecendo primeiro lugar em sites de buscas quando pessoas
buscavam "fotos de garotas nuas". Isso serviu como carapuça e
finalmente começou a atingir o público alvo. Porém, veio a surpresa, antes de completar 1 mês,
cerca de sete mil pessoas
buscaram, acessaram a matéria e foram atrás do link com as fotos. O perfil
mudou e passou a ser de homens
com idades entre 25 e 55 anos. “Entendi que esse era o
público-alvo da campanha, era para essas pessoas que eu precisava direcionar os
meus esforços”.
Ele
coletou, filtrou os dados obtidos e entrou em contato com essas pessoas através
de uma página que criou no Facebook. Assim, teve a oportunidade de conversar
com mais de 1.600 desses
usuários e endereçou-os para clínicas especializadas ou pessoas que poderiam
tratar esse tipo de distúrbio. As reações foram diversas.
Informação para diagnóstico e tratamento
Além
de crime, pedofilia é um sério transtorno psiquiátrico que precisa ser
diagnosticado e tratado corretamente, explica Antonio de Pádua Serafim,
psicólogo e coordenador do Núcleo Forense do IPq - Instituto de Psiquiatria
HC. “Caracteriza-se por impulsos sexuais muito intensos, fantasias e/ou
comportamentos não convencionais recorrentes, capazes de criar alterações
desfavoráveis na vida familiar, ocupacional e social da pessoa por seu caráter
compulsivo e causam sofrimento ou prejuízo na vida do indivíduo e ao
outro”.
De
acordo com o especialista em psiquiatria, nem todos os portadores do transtorno
são criminosos. “Estudos mostram que a maioria dos portadores de pedofilia pode
manter seus desejos em segredo durante toda a vida sem nunca compartilhá-los ou
torná-los atos reais. No entanto, se transportam a fantasia para a prática,
esta condição se torna potencial fator de risco para a ocorrência de violência
sexual”, orienta.
O
tratamento é interdisciplinar, envolvendo uma equipe de médicos e psicólogos.
“Os médicos vão avaliar a necessidade do uso de medicação, como no caso de
pessoas portadoras de pedofilia que apresentam quadros de ansiedade ou
impulsividade. Já os psicólogos ajudarão os pacientes a desenvolver estratégias
de enfrentamento dos impulsos e desejos sexuais. Mas tudo depende muito da
pessoa ter a noção do crime e da violência que está cometendo, estar disposta a
se tratar, além de receber a participação ativa da família”.
Impacto e reações
Brunno
se diz satisfeito com os resultados que a campanha trouxe. “Tenho recebido até
hoje feedbacks de usuários que procuraram médicos e estão em processo de
tratamento, agradecendo o apoio. A notícia foi a terceira mais lida do portal
em 2014, e um ano após o lançamento da campanha, ainda se encontra em destaque
no Google, pessoas acessam diariamente e continuam sendo impactadas”, finaliza
o idealizador da campanha.
Depoimentos de usuários impactados pela campanha:
“A curiosidade me levou a procurar fotos e vídeos de crianças, após
algum tempo virou obsessão. A campanha me fez repensar essa grande indústria
que traumatiza diversas crianças pelo mundo. Vou repensar meus atos”.
“Nunca soube de fato as origens das fotos, depois da campanha, sei
que por trás de cada foto houve um crime. E até então, eu estava colaborando
para que isso continuar. Parabéns pela grande iniciativa . Vou tentar seguir
as suas recomendações”.
“Eu quase me divorciei por causa dessa doença. Com o tempo e o
acompanhamento que venho levando, estou me curando. Sou muito grato a vocês.
Muito obrigado”.
“No tratamento, acabei sabendo como garantir que não se repita mais
minhas ações e agradeço a Deus por esse evolução mental e espiritual”.
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