Conduzida de forma voluntária pela equipe da Shopper
Experience para a AACD, a pesquisa “Investidores do Bem” partiu do desafio de
identificar perfis de doadores brasileiros, a relação que mantêm com causas e
instituições filantrópicas e os drives que motivam o engajamento – em especial,
financeiro. Em sua terceira edição, a pesquisa traz informações que ajudam a
traçar o retrato dos doadores no Brasil.
Os principais doadores de
instituições filantrópicas creditam a prática ao autocrescimento, associando o
ato de doar a uma oportunidade para se tornarem pessoas melhores. Mais do que
isso, a doação faz com que a vida tenha mais sentido, pois estão ajudando quem
precisa. Há, ainda, brasileiros que doam por gratidão, devoção, engajamento,
cooperação, conexão com valores passados de geração para geração ou por ser uma
decisão racional. Essa é uma das conclusões da pesquisa “Investidores do Bem”,
conduzida de forma voluntária pela Shopper Experience para a Associação de Assistência
à Criança Deficiente (AACD). A pesquisa revela, ainda, quais são as causas
preferidas dos doadores brasileiros; valor médio e frequência de doação;
associações e entidades preferidas; e sugestões para ampliar o número de
doadores no país.
Identificar a relação dos doadores
(permanentes e ocasionais) – e não doadores da AACD e demais instituições
filantrópicas do Brasil; os drives que motivam as doações; e entender o
quanto a comunicação influencia a decisão de doar para instituições foram
alguns dos objetivos da terceira edição da pesquisa coordenada por Stella
Kochen Susskind, presidente da Shopper Experience. Durante o primeiro semestre
de 2015, a empresa conduziu entrevistas qualitativas em profundidade com mais
de 330 pessoas: homens e mulheres de 18 anos a mais de 55 anos com idade média
de 44 anos.
Segundo Stella Kochen Susskind, uma
das inspirações para a pesquisa foi o World Giving Index – um
levantamento da Charities Aid Foundation, que traz uma visão global
sobre o ato de doar, sobre a generosidade. A edição de 2014 aponta que mesmo em
países que enfrentam turbulências econômicas, a generosidade tem crescido. O
Brasil, de acordo com o levantamento internacional, aparece em 90ª posição no
ranking que envolve 135 países.
“Elaboramos uma pesquisa mais
focada na doação em dinheiro, mas seguimos o espírito do Giving Index no
que diz respeito a entender a motivação das pessoas; investigar esse gatilho
que leva à doação. E, podemos afirmar com certeza, que há espaço para ampliar o
engajamento entre brasileiros de diferentes perfis, mas que em comum têm o
interesse em colaborar com causas em prol das crianças”, afirma a executiva,
que há anos colabora com a AACD.
“A AACD, notadamente em 65 anos de
existência – uma Instituição independente, sem fins lucrativos e mantida,
exclusivamente pela sociedade em geral, pessoa física e jurídica – precisava
entender a atual percepção e reconhecimento da população em relação à sua
marca, serviços e programas sociais, entre outros. Graças à disposição da
Shopper Experience em colaborar com a organização, uma vez mais, elaborou pro
bono o rico trabalho que mapeia claramente o posicionamento da AACD, assim
como diversas outras instituições e o próprio relacionamento do segmento
entrevistado com a área da responsabilidade social em geral”, afirma Angelo
Frazão, superintendente de Marketing e Captação de Recursos.
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA PESQUISA
A pesquisa identificou
segmentos de doadores.
-
Autocrescimento, 43%: fazem doações porque acreditam que essa atitude
irá ajudá-los a se tornarem uma pessoa melhor; a doação faz com que a vida
tenha mais sentido por saberem que estão ajudando muitas pessoas.
-
Grata, 22%: pessoas que gostam de fazer doações, pois procuram devolver
à sociedade sucessos e vitórias.
-
Devota, 14%: bastante devotos a Deus, esses doadores gostam de ajudar as
pessoas com mais necessidades do que eles.
-
Cooperativa, 11%: pessoas que gostam de ter o compromisso de ajudar a
comunidade.
-
Tradicional, 6%: para esse segmento, fazer doações é uma atitude
tradicional da família; um hábito que passa de geração para geração.
-
Engajada, 3%: as pessoas desse segmento são engajadas socialmente, têm
legitimidade e visibilidade na comunidade e, por isso, gostam de ajudar; dessa
forma, servem como modelo para outras pessoas.
-
Racional, 2%: além de se sentirem bem com a doação, esses doadores
acreditam que os benefícios fiscais são bons incentivos.
- A pesquisa
confirma que causas envolvendo crianças tendem a ter maior apelo para doadores.
Entre os entrevistados, além de doadores da AACD, 68% doam para a ABRINQ; 39%
para ActionAid Brasil; 21% para a APAE; 13% para o GRAAC; 7% para o Instituto
Ayrton Senna; 5% para os Médicos sem Fronteiras; e 32% doam para outras
instituições.
- Ao responder
“como chegou até as instituições que colabora?”, entre os doadores da AACD, 52%
dos entrevistados creditam a anúncios e mídia o motivo de conhecer e colaborar;
17% por meio de site; 16% por canais diversos; e 15% por meio de amigos e
parentes. Na análise de indicação de parentes e amigos, o maior índice é de 39%
– respectivamente referente a doadores da ActionAid Brasil, seguido de APAE
(38%), GRAAC (37%), Instituto Ayrton Senna (20%) e Médicos sem Fronteiras
(25%).
- A comunicação feita para
mobilizar a população para a causa da AACD tem surtido efeito – 52% doam por
terem visto anúncios na mídia –, mas há um grande desafio de
potencializar o envolvimento da população.
Sobre a frequência das
doações e os valores…
-
AACD: 83% doam mensalmente; o valor médio é de R$ 37,8.
-
ABRINQ: 76% doam mensalmente; o valor médio é de R$ 44,1.
-
ActionAid Brasil: 68% doam mensalmente; valor médio é de R$ 44,6
-
APAE: 41% doam mensalmente; valor médio é de R$ 42,3.
-
GRAAC: 84% doam mensalmente; valor médio é de R$ 44,1.
-
Instituto Ayrton Senna; 100% doam mensalmente; valor médio é de R$ 52,1.
-
Médicos sem Fronteiras: 100% doam mensalmente; valor médio é de R$ 57,6.
- As percepções sobre as causam que
mais mobilizam – os drives motivadores de doação – mostram que 67% são
motivados pelo combate à violência; 64% causas envolvendo idosos carentes
abandonados; e 49% crianças carentes. Entre as outras causas: crianças com deficiência
(18%); crianças com câncer (14%); combate à fome (34%); crianças precisando
estudar/educação infantil (25%); e carentes portadores do vírus HIV (43%).
- Na opinião
de 81% dos doadores, uma forma de estimular a prática entre a população seria
mostrar o trabalho, a seriedade e a credibilidade da organização filantrópica;
para 72% os resultados alcançados pelo trabalho da organização são a melhor
forma de estímulo. Uma prática relevante para 45% é estimular a visitação às
instituições. Programas como o Teletom e o Criança Esperança aparecem como
essenciais motivadores para 39% dos entrevistados.
- Quando o tema é
“estimular as empresas a contribuir”, 68% e 67% acreditam que mostrar o
trabalho e mostrar os resultados alcançados, respectivamente, são as melhores
práticas de estimulação. As visitas e eventos são, na opinião de 43%
(cada), boas alternativas. Interessante notar que a divulgação nas redes
sociais e por e-mail é mais eficaz – na opinião de 28%.
- As
informações sobre os benefícios fiscais estão lentamente entrando no repertório
da população, mas ainda persistem dúvidas sobre o tema. Na questão “o quanto
estaria disposto a contribuir com alguma instituição, doando parte do Imposto
de Renda?”, 25% revelam que estariam dispostos; 20% extremamente dispostos; 13%
nada dispostos; e 29% não souberam responder. Na questão “sabe que pode doar
parte do Imposto de Renda aos trabalhos das instituições?”, 68% responderam
sim; 22% não sabiam; e 10% não se lembravam da possibilidade.
- Sobre as
melhores formas de contribuir, 54% apontaram o boleto em casa para pagamento no
banco ou pela internet; 19% preferem o débito automático; 18% via internet
(boleto online); e 9% via internet (cartão de crédito).