A
convite da Inspirali, Dra Marlana Kusama esclarece dúvidas sobre o tema
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um assunto que ainda gera muitas dúvidas entre a população. Como detectar? Quem procurar? Como lidar? Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) existem no mundo cerca de 70 milhões de pessoas com o transtorno, sendo 2 milhões apenas no Brasil.
Pegando como gancho o Dia Mundial da Conscientização do
Autismo, celebrado neste dia 2 de abril, a Inspirali, principal ecossistema de
educação médica do país, convidou a Dra. Marlana Kusama, pediatra com ênfase nos
transtornos do neurodesenvolvimento e professora da UniSul, para responder
algumas dúvidas sobre o tema.
O que significa Transtorno do Espectro
Autista?
R: É um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento,
caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e também de
comportamentos restritos e repetitivos.
Quando ele pode ser detectado?
R: Embora seja detectado, mais frequentemente, por volta
dos 2 anos de idade, hoje em dia conseguimos detectar em algumas crianças de
forma mais precoce entre 12 e 18 meses de vida, sendo que os sinais de alerta
já podem aparecer desde os primeiros meses de vida.
Quais os principais sintomas?
R: Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-TR), precisamos estabelecer os seguintes critérios
diagnósticos:
A) Déficits persistentes na comunicação e interação
social;
B) Padrões repetitivos e restritos de comportamento, atividades
ou interesses;
C) Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do
desenvolvimento;
D) Esses sintomas causam prejuízos clínicos significativos no
funcionamento social, profissional e pessoal ou em outras áreas importantes da
pessoa;
E) Esses distúrbios não são bem explicados por deficiência
cognitiva e intelectual ou pelo atraso global do desenvolvimento.
O que os pais devem fazer quando detectarem
estas manifestações?
R: Durante as consultas de puericultura, já deve ser
comunicado ao pediatra as alterações de comportamento, para que ocorra a
investigação mais precoce possível.
De que forma é feito este diagnóstico?
R: O diagnóstico de Autismo deve seguir os critérios do
DSM-5 TR e existem ferramentas que podem auxiliar no diagnóstico.
Como os pais devem lidar com um diagnóstico
positivo?
R: Acolhimento é a palavra e sempre devemos dialogar
muito com as famílias, para poder esclarecer os mitos que hoje em dia temos com
relação ao Autismo. A aceitação é um processo e como todo processo deve ser
respeitado.
Quais os níveis da condição e o que difere um
nível de outro?
R: São os níveis de necessidade de Suporte.
Existe tratamento? Se sim, como é feito?
R: O acompanhamento do Autismo é realizado de forma
multidisciplinar com terapias, intervenções educacionais, adaptações ambientais
e em alguns casos terapia medicamentosa para que possamos melhorar a qualidade
de vida e ajudar nos desempenhos diários dos pacientes
Existe cura para o espectro?
R: Atualmente não existe cura para o Transtorno do
Espectro do Autismo.
Qual o médico responsável?
R: Médicos que são capacitados, entre eles Pediatras,
Psiquiatras e Neurologistas. Mas sendo médicos que estudam e estejam
capacitados podem e devem diagnosticar o Transtorno do Espectro do Autismo.
Como é feito o acompanhamento?
R: As terapias são focadas com base na necessidade de
suporte de cada indivíduo, ou seja, são individualizadas, o médico deve
acompanhar a evolução dos pacientes com frequência e atualizando o laudo
conforme a necessidade de suporte.
O tratamento precoce garante qualidade de
vida para o futuro?
R: Este é o fundamento. Mas a garantia só virá de acordo
com a adequação de cada família e suas realidades, adesão aos tratamentos,
acompanhando o desempenho escolar, até atingir a maturidade.
Por que o diagnóstico de autismo vem
crescendo tanto?
R: Sempre tivemos pessoas autistas o que não tínhamos
eram os diagnósticos e estudos, ou seja, quanto mais estudamos, mais temos a
capacidade de diagnosticar e melhorar a qualidade de vida das pessoas
É possível que o diagnóstico seja detectado
em adultos? Ou se manifesta desde criança?
R: Hoje em dia temos muitos adultos diagnosticados
tardiamente, mas o diagnóstico deve ser sempre relacionado à primeira infância.
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