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sábado, 12 de abril de 2025

Check list pré-cirurgia plástica: o que não pode faltar antes de entrar no centro cirúrgico

 

Documentação organizada, consentimento informado e comunicação clara com o paciente são etapas fundamentais para a segurança e a proteção jurídica do médico


Garantir a segurança do paciente e proteger o médico de eventuais questionamentos legais são duas razões fundamentais para seguir à risca um check list pré-cirúrgico antes de uma cirurgia plástica. A advogada especialista em direito médico, Ariane Vilas Boas, destaca que esse documento ajuda a sistematizar informações essenciais e evita falhas que podem colocar em risco tanto o resultado do procedimento quanto a reputação do profissional.

“O check list pré-cirúrgico deve conter desde a identificação completa do paciente, anamnese detalhada e exames pré-operatórios, até a avaliação do risco cirúrgico e a confirmação das orientações que foram passadas ao paciente”, explica.

Além disso, é fundamental que o prontuário médico registre com precisão informações sobre o planejamento da cirurgia, o histórico de procedimentos anteriores, as técnicas escolhidas e os profissionais envolvidos na equipe.

“Deve-se registrar as orientações dadas ao paciente, a avaliação do checklist cirúrgico, o tempo de cirurgia, se o paciente apresentou alguma instabilidade durante o procedimento, medicações/anestesia administrada e etc”, avisa a especialista.

Outro ponto de atenção é o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). “O consentimento deve ser colhido antes do procedimento. Na prática, em consulta, o médico deve informar detalhadamente o procedimento, trazendo clareza acerca dos riscos e equilibrando a expectativa do paciente”, informa a advogada.

A conversa prévia deve ser conduzida com linguagem acessível, esclarecendo riscos, cuidados no pré e pós-operatório e ajustando as expectativas em relação aos resultados, diz ainda Ariane.

O TCLE deve ser entregue e assinado pelo paciente com pelo menos dez dias de antecedência. “Esse prazo é importante para que o paciente tenha tempo de ler, esclarecer dúvidas e refletir antes de dar sua anuência ao procedimento”, orienta a especialista.


Pontos de atenção

Segundo a especialista, as principais falhas que geram processos judiciais ou éticos são relacionadas à negligência — como a falta de exames, abandono do paciente ou ausência de consentimento válido — e à imperícia, quando o profissional não possui a qualificação técnica necessária. Já a imprudência está ligada ao agir de forma descuidada.

“Na prática, vemos que situações de negligência (onde o paciente não é informado detalhadamente dos riscos ou quando o profissional não solicita os exames adequados) e imperícia (por despreparo do profissional ou falta de capacitação), são os principais casos”, esclarece Ariane.

Para ela, alinhar expectativas do paciente, revelando todos os detalhes e riscos envolvidos numa cirurgia é o caminho para médicos e pacientes estarem na mesma página antes do procedimento.

“Criar uma jornada estruturada do paciente dentro do consultório, manter um prontuário detalhado e estabelecer uma relação de confiança são atitudes que reduzem significativamente os riscos de responsabilização ética ou judicial”, analisa a especialista.

 

Veja o que não pode faltar antes de entrar no centro cirúrgico

  1. Identificação do paciente

Nome completo

CPF e documento de identidade

Dados do acompanhante

 

  1. Anamnese detalhada

Histórico de doenças prévias

Cirurgias anteriores

Uso de medicamentos e alergias

Hábitos de vida (tabagismo, etilismo, etc.)

 

  1. Exames pré-operatórios

Hemograma

Coagulograma

Eletrocardiograma

Outros exames solicitados conforme avaliação clínica

 

  1. Avaliação de risco cirúrgico

Laudo do cardiologista ou outro especialista, se necessário

Classificação do risco cirúrgico

 

  1. Orientações pré-operatórias fornecidas ao paciente

Instruções sobre jejum

Uso ou suspensão de medicamentos

Higiene e cuidados no dia do procedimento

Cuidados pós-operatórios antecipados

 

  1. Consentimento informado (TCLE)

Explicação detalhada do procedimento e seus riscos

Documento entregue e assinado pelo paciente com antecedência mínima de 10 dias

 

Registro das dúvidas esclarecidas em consulta

 

  1. Documentação complementar

Fotografias pré-operatórias

Termos adicionais (autorização para uso de imagem, quando aplicável)

Planejamento cirúrgico registrado (tipo de cirurgia, técnica, materiais, equipe cirúrgica)

 

  1. Prontuário médico completo

Registro de todas as orientações dadas ao paciente

Avaliação e conferência do check list cirúrgico

Detalhes do procedimento: tempo de cirurgia, anestesia utilizada, medicações administradas

Descrição de eventuais intercorrências ou instabilidades durante a cirurgia

 

Fonte: Dra. Ariane Vilas Boas - advogada especialista em Direito Médico e da Saúde

 

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