Documentação
organizada, consentimento informado e comunicação clara com o paciente são
etapas fundamentais para a segurança e a proteção jurídica do médico
Garantir a segurança do paciente e proteger o médico
de eventuais questionamentos legais são duas razões fundamentais para seguir à
risca um check list pré-cirúrgico antes de uma cirurgia plástica. A advogada
especialista em direito médico, Ariane Vilas Boas, destaca que
esse documento ajuda a sistematizar informações essenciais e evita falhas que
podem colocar em risco tanto o resultado do procedimento quanto a reputação do
profissional.
“O check list pré-cirúrgico deve conter desde a
identificação completa do paciente, anamnese detalhada e exames pré-operatórios,
até a avaliação do risco cirúrgico e a confirmação das orientações que foram
passadas ao paciente”, explica.
Além disso, é fundamental que o prontuário médico
registre com precisão informações sobre o planejamento da cirurgia, o histórico
de procedimentos anteriores, as técnicas escolhidas e os profissionais
envolvidos na equipe.
“Deve-se registrar as orientações dadas ao
paciente, a avaliação do checklist cirúrgico, o tempo de cirurgia, se o
paciente apresentou alguma instabilidade durante o procedimento,
medicações/anestesia administrada e etc”, avisa a especialista.
Outro ponto de atenção é o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE). “O consentimento deve ser colhido antes do
procedimento. Na prática, em consulta, o médico deve informar detalhadamente o
procedimento, trazendo clareza acerca dos riscos e equilibrando a expectativa
do paciente”, informa a advogada.
A conversa prévia deve ser conduzida com linguagem
acessível, esclarecendo riscos, cuidados no pré e pós-operatório e ajustando as
expectativas em relação aos resultados, diz ainda Ariane.
O TCLE deve ser entregue e assinado pelo paciente
com pelo menos dez dias de antecedência. “Esse prazo é importante para que o
paciente tenha tempo de ler, esclarecer dúvidas e refletir antes de dar sua
anuência ao procedimento”, orienta a especialista.
Pontos de atenção
Segundo a especialista, as principais falhas que
geram processos judiciais ou éticos são relacionadas à negligência — como a
falta de exames, abandono do paciente ou ausência de consentimento válido — e à
imperícia, quando o profissional não possui a qualificação técnica necessária.
Já a imprudência está ligada ao agir de forma descuidada.
“Na prática, vemos que situações de negligência
(onde o paciente não é informado detalhadamente dos riscos ou quando o
profissional não solicita os exames adequados) e imperícia (por despreparo do
profissional ou falta de capacitação), são os principais casos”, esclarece
Ariane.
Para ela, alinhar expectativas do paciente,
revelando todos os detalhes e riscos envolvidos numa cirurgia é o caminho para
médicos e pacientes estarem na mesma página antes do procedimento.
“Criar uma jornada estruturada do paciente dentro
do consultório, manter um prontuário detalhado e estabelecer uma relação de confiança
são atitudes que reduzem significativamente os riscos de responsabilização
ética ou judicial”, analisa a especialista.
Veja o que não pode faltar
antes de entrar no centro cirúrgico
- Identificação
do paciente
Nome completo
CPF e documento de identidade
Dados do acompanhante
- Anamnese
detalhada
Histórico de doenças prévias
Cirurgias anteriores
Uso de medicamentos e alergias
Hábitos de vida (tabagismo, etilismo, etc.)
- Exames
pré-operatórios
Hemograma
Coagulograma
Eletrocardiograma
Outros exames solicitados conforme avaliação
clínica
- Avaliação
de risco cirúrgico
Laudo do cardiologista ou outro especialista, se
necessário
Classificação do risco cirúrgico
- Orientações
pré-operatórias fornecidas ao paciente
Instruções sobre jejum
Uso ou suspensão de medicamentos
Higiene e cuidados no dia do procedimento
Cuidados pós-operatórios antecipados
- Consentimento
informado (TCLE)
Explicação detalhada do procedimento e seus riscos
Documento entregue e assinado pelo paciente com
antecedência mínima de 10 dias
Registro das dúvidas esclarecidas em consulta
- Documentação
complementar
Fotografias pré-operatórias
Termos adicionais (autorização para uso de imagem,
quando aplicável)
Planejamento cirúrgico registrado (tipo de
cirurgia, técnica, materiais, equipe cirúrgica)
- Prontuário
médico completo
Registro de todas as orientações dadas ao paciente
Avaliação e conferência do check list cirúrgico
Detalhes do procedimento: tempo de cirurgia,
anestesia utilizada, medicações administradas
Descrição de eventuais intercorrências ou
instabilidades durante a cirurgia
Fonte: Dra. Ariane Vilas Boas - advogada especialista em Direito Médico e da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário