Historicamente composto por uma maioria masculina, o setor de Tecnologia da Informação (TI) tem avançado na inclusão de mulheres, com a participação feminina crescendo de forma constante. Segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e Tecnologias Digitais), nos últimos cinco anos, a presença feminina em cargos de diretoria e gerência no setor de tecnologia atingiu 35,6%.
Esse avanço não ocorre de forma abrupta, mas é
resultado de um progresso contínuo que começa na formação das meninas e vai
além do mundo empresarial. Felizmente, temos presenciado um número cada vez
maior de mulheres ingressando de maneira significativa nas áreas de STEM
(Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Para que isso se torne uma
realidade mais ampla, é essencial que, desde a infância, meninas sejam
incentivadas a explorar as diversas possibilidades de carreira, com pais e escolas
assumindo um papel ativo na ampliação de horizontes e no estímulo ao interesse
por essas disciplinas.
Nesse sentido, programas de incentivo à entrada de
mulheres no setor de tecnologia atuam como catalisadores para a criação de um
cenário mais plural e inclusivo. Essa iniciativa é apoiada por grandes nomes da
indústria, como a Microsoft, que oferece cursos gratuitos direcionados
exclusivamente para mulheres de forma recorrente. Players que buscam reduzir o
déficit de profissionais de TI – que, segundo a Brasscom, podem ultrapassar 500
mil vagas até 2025 – terão um papel fundamental nesse processo. A diminuição
dessa lacuna será possível à medida que os movimentos de inclusão se
intensificam, gerando impactos positivos na representatividade e ampliando os
efeitos dessa transformação, como já tem ocorrido nos últimos anos.
Além do incentivo à entrada das mulheres no
mercado, outro aspecto substancial para o crescimento feminino no setor de
tecnologia é a compreensão de que a diversidade não é apenas uma questão de
inclusão, mas também um fator estratégico que impulsiona a inovação e o avanço
das empresas. A presença de diferentes perspectivas acelera o amadurecimento
dos negócios. Esse ponto é reforçado pela recente pesquisa “Sem Atalhos”
realizada pela Bain & Company no Brasil. O estudo confirma que a
diversidade de gênero é reconhecida como um tópico crucial para melhores
resultados. Mais de 80% dos entrevistados, independentemente de gênero,
orientação sexual ou raça, concordam que organizações com lideranças
diversas têm maior potencial de êxito, destacando a importância do tema no
cenário corporativo atual.
De acordo com a pesquisa, essas empresas são, em
média, 1,8 vezes mais reconhecidas como organizações proativas, voltadas para a
geração de valor e a diminuição de burocracias. Outras vantagens incluem a
consideração da opinião dos clientes no processo decisório e uma maior
capacidade de atrair talentos, aspectos que fortalecem sua competitividade e
impulsionam a inovação no mercado.
Já o estudo "Ações Afirmativas no Mundo
Corporativo", conduzido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR),
revela ainda que uma adição de 10% na diversidade de gênero está associada a um
crescimento de quase 5% na produtividade das empresas. Observa-se também uma
maior diversidade de competências e habilidades nas equipes, o aprimoramento do
clima organizacional e a redução da rotatividade de funcionários. Este último
ponto é especialmente relevante no setor de TI, onde a disputa por
profissionais qualificados é acirrada devido à escassez de talentos.
Apesar dos avanços, a luta contra os estereótipos
de gênero entre os profissionais de TI ainda enfrenta desafios significativos.
A evolução da diversidade no setor de tecnologia representa um desenvolvimento
notável, mas a busca por equidade precisa continuar. Não basta apenas garantir
a equidade no número de mulheres. É preciso, cada vez mais, garantir a
existência de um ecossistema no qual elas se sintam bem-vindas, respeitadas e
valorizadas.
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