A associação Santa
Cannabis explica que a cannabis medicinal auxilia na redução da frequência e a
gravidade das convulsões
Hoje, 26 de março é comemorado o Dia Mundial de
Conscientização da Epilepsia, cujo objetivo é conseguir aumentar a
conscientização sobre a doença. Milhares de pessoas ao redor do mundo usam roxo
- movimento conhecido como ‘Purple Day’ (Dia do Roxo) - para
promover ações que tragam esclarecimento e mais informações sobre a epilepsia.
De acordo com dados Organização Mundial de Saúde (OMS), a epilepsia acomete 2%
da população brasileira e 50 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Caracterizada como uma condição neurológica crônica, a epilepsia se manifesta
por meio da ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas provocados por uma
atividade neuronal anormalmente sincrônica e excessiva no cérebro. A
hiperatividade elétrica desorganiza o funcionamento normal das redes neurais,
resultando em manifestações clínicas como convulsões, alterações motoras,
sensoriais, comportamentais e, em alguns casos, perda de consciência.
O tratamento da epilepsia é, em geral, realizado com medicamentos
anticonvulsivantes que têm como objetivo prevenir a ocorrência das crises. No
entanto, em casos de epilepsia refratária - quando o paciente não responde de
forma adequada aos tratamentos convencionais - outras abordagens terapêuticas
vêm sendo adotadas, como o uso de medicamentos à base de cannabis medicinal. Pedro
Sabaciauskis, fundador e presidente da Santa Cannabis - associação sem fins lucrativos
dedicada ao estudo e à distribuição legal de CBD e THC para pacientes com
indicação médica -, destaca que a epilepsia foi uma das primeiras doenças a
despertar interesse para o uso terapêutico da cannabis.
Segundo Pedro, os primeiros registros do uso medicinal da cannabis remontam a
civilizações antigas, com menções ao tratamento de distúrbios neurológicos, e
hoje em dia, alguns componentes são muito eficazes para tratar a doença. “O
canabidiol (CBD) atua como um potente anticonvulsivante, prevenindo crises
epilépticas e oferecendo efeito imediato. Já o tetrahidrocanabinol (THC)
auxilia no alívio das dores musculares causadas pelos movimentos involuntários
das convulsões, além de ser eficaz no tratamento de enxaquecas, cefaléia e
enjoos associados”, explica.
Essas propriedades tornam a cannabis uma alternativa terapêutica relevante no
manejo da epilepsia, especialmente em casos de sintomas associados. Por essa
razão, diante dos resultados positivos que foram apresentados com o tratamento,
desde 2014 o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamenta o uso compassivo do
canabidiol (CBD) para crianças e adolescentes com epilepsia refratária.
No entanto, independentemente do tipo de epilepsia, é fundamental que o uso de
medicamentos à base de cannabis medicinal seja feito somente com prescrição
médica. Gabriela Kreffta, técnica farmacêutica da Santa Cannabis,
ressalta que, por se tratar de uma doença que pode afetar pessoas de todas as
idades e em diferentes fases da vida, é necessário cautela. O diagnóstico
preciso, aliado à prescrição e à definição correta da dosagem, é essencial para
garantir segurança e promover qualidade de vida aos pacientes.
Para Gabriela, o tratamento com canabidiol (CBD), além de ter um histórico de
uso milenar, mostra-se promissor devido à sua eficácia e ao perfil de segurança
mais favorável em comparação a muitos fármacos tradicionais, que costumam
causar efeitos colaterais significativos. “Com o avanço das pesquisas, a
aceitação médica tem crescido, permitindo uma abordagem mais integrada e
baseada em evidências. No entanto, é fundamental considerar possíveis
interações medicamentosas ao introduzir o CBD na rotina terapêutica, garantindo
um tratamento seguro e eficaz”, pontua.
Neste sentido, os especialistas da Santa Cannabis destacam ser fundamental
ampliar a conscientização sobre como agir diante de uma convulsão. Um dos mitos
mais comuns, como segurar a língua da pessoa durante uma crise, pode ser
perigoso. Da mesma forma, a ideia de que a cannabis causa danos aos neurônios é
equivocada, pois estudos indicam que seus compostos, especialmente o CBD,
possuem efeitos neuroprotetores, ajudando a preservar a saúde cerebral e
reduzir danos causados por distúrbios neurológicos.
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