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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Menstruação em idade escolar: desconfortos ainda são tabu para jovens e adolescentes

Falta de absorventes faz com que 1 em cada 4 meninas deixe de frequentar a escola durante o período menstrual, afetando o aprendizado

 

A puberdade é um período de inúmeras transformações, sendo a primeira menstruação uma das mais importantes para as meninas. A menarca pode acontecer entre 10 e 14 anos de idade e depende de fatores hormonais, do histórico menstrual das mulheres na família, da alimentação e do estilo de vida. 

Contudo, embora seja um processo natural para qualquer jovem mulher, a menstruação é cercada de desinformação e tabus que podem levar a uma ausência de diálogo e reforçar desconfortos, especialmente durante os anos escolares. 

Segundo o relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos”, publicado pelo Unicef, mais de 4 milhões de estudantes brasileiras frequentam escolas sem infraestrutura adequada para realizar a higiene pessoal durante o período menstrual — ou seja, encontram banheiros sem papel higiênico ou sabonete para lavar as mãos. 

Além disso, uma em cada quatro meninas falta à escola enquanto está menstruada pela falta dessa infraestrutura básica, ou mesmo por não ter acesso a absorventes, segundo dados da ONU. E isso pode trazer prejuízos no processo de aprendizagem, visto que as faltas podem somar até 45 dias de aulas no ano letivo, segundo o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil, encomendado por uma marca de absorventes e feito pela consultoria Toluna. 

“Apenas uma pequena parcela das meninas se sente bem informada quando chega a primeira menstruação. A desinformação, associada à falta de acesso a instalações e produtos de higiene pessoal, gera desconforto e até bullying, fatores que podem excluir as meninas de suas atividades escolares”, analisa o Dr. Patrick Bellelis, ginecologista especializado em endometriose e colaborador do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

 

Primeiros sinais

Os sintomas da chegada da menstruação podem ser percebidos nos dias, semanas ou meses que antecedem a menarca. Devido às alterações hormonais, os seios começam a crescer, surgem os pelos pubianos e secreção vaginal branca ou amarelada. Outras mudanças possíveis são aumento dos quadris, ganho de peso, surgimento de espinhas e até alterações de humor leves. 

Após a primeira menstruação, é normal que as meninas tenham cólicas menstruais ou dores na região abdominal, que podem irradiar para as costas e pernas e são conhecidas como dismenorreias primárias. “A cólica é causada pela contração da musculatura do útero e pode gerar desde um mal-estar leve até uma dor mais intensa, que também pode impedir a menina de ir à escola”, analisa o Dr. Patrick Bellelis.

 

Menstruação precoce ou tardia exige acompanhamento médico

As meninas também podem encontrar outros problemas quando o assunto é menstruação. Quando crianças com oito anos ou menos têm seu primeiro período menstrual, significa que elas estão passando pela puberdade precoce, uma condição que acelera o processo de amadurecimento do corpo da criança. 

Com a menstruação precoce, a menina pode observar o crescimento das mamas, pelos pubianos e nas axilas, surgimento de acne e até um odor corporal adulto. Além de a puberdade precoce levar a outros problemas de saúde futuros, as meninas podem sofrer problemas emocionais causados pela sensação de desajuste ao se sentirem diferentes das outras crianças. 

O contrário também pode acontecer. Meninas que começam a menstruar depois dos 15 anos podem sofrer de uma condição conhecida como amenorreia primária, que afeta meninas e mulheres que produzem estrogênio em níveis mais baixos. 

“A menstruação faz parte da vida e não deve causar qualquer preocupação ou constrangimento para a menina. Se uma jovem perceber que a menstruação está interferindo em sua capacidade para ir à escola ou fazer qualquer outra atividade cotidiana, é importante que procure um médico”, finaliza o Dr. Patrick Bellelis.

 


Clínica Bellelis - Ginecologia

Patrick Bellelis Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia



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