Recentemente, a
cantora Lexa anunciou a triste perda de sua filha Sofia, fruto de seu
relacionamento com Ricardo Vianna. Após ser diagnosticada com pré-eclâmpsia
precoce, Lexa precisou passar por uma cesariana emergencial no dia 2 de
fevereiro. No entanto, a bebê, que nasceu prematura, não resistiu e faleceu no
dia 5, três dias após o nascimento. O caso trouxe à tona um tema delicado e
pouco discutido: o luto perinatal.
Aline Rezende
Graffiette, psicóloga clínica, neuropsicóloga e fundadora da Mental One,
ressalta a importância de falar sobre o luto perinatal, um assunto
frequentemente tratado como tabu. Segundo a Fiocruz, a cada 100 mil gestações,
um bebê não sobrevive, e o luto perinatal é reconhecido a partir da 22ª semana
de gestação. "Se pouco é falado, pouco é vivido. E todo luto precisa ser
vivido para que encontre um espaço de elaboração", explica Aline.
A especialista
destaca que, muitas vezes, as famílias enlutadas tendem a se isolar, tornando o
processo de enfrentamento ainda mais difícil. No ambiente hospitalar,
especialmente nas UTIs neonatais, há uma rede de apoio espontânea entre as mães
e familiares que compartilham a mesma realidade. No entanto, ao saírem do
hospital, muitas dessas conexões se perdem, e o sofrimento se torna solitário.
O luto perinatal
não se restringe apenas à perda física do bebê, mas também envolve a
desconstrução do sonho da maternidade idealizada. "É um luto duplo: a
perda do filho real e do filho idealizado. Muitas vezes, cria-se uma fantasia
de que tudo ficará bem, mas quando estamos diante de uma gestação de risco, já
não está tudo bem. É necessário um olhar realista para preparar os pais e toda
a rede de apoio para essa possível perda", alerta a neuropsicóloga.
Aline compartilha sua própria experiência com a perda gestacional e destaca como o acolhimento e o reconhecimento desse luto são fundamentais para que as famílias possam seguir em frente. Além disso, chama a atenção para outro aspecto pouco discutido: o risco de morte materna associado a pré-eclâmpsia. "A condição pode ser fatal não apenas para o bebê, mas também para a mãe. É uma realidade que precisa ser discutida, pois a informação pode salvar vidas."
Diante de uma perda tão significativa, é essencial que as famílias tenham suporte emocional e psicológico para atravessar esse período com acolhimento e compreensão. "Ninguém será substituído, e o luto precisa de espaço para ser vivido", conclui Aline.
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