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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Transformação da mobilidade urbana passa pelas cidades inteligentes

A transição para energias limpas é um pilar fundamental na transformação da mobilidade urbana e das cidades inteligentes. Soluções como o etanol e os veículos elétricos estão ligadas à melhoria do transporte e à redução de emissões de carbono, criando ambientes mais sustentáveis.

No Brasil, a mobilidade urbana enfrenta desafios significativos. O crescimento populacional, o excesso de veículos e a infraestrutura inadequada resultam em congestionamentos, poluição e transporte público ineficiente. As cidades inteligentes oferecem soluções promissoras ao integrar tecnologia e inovação em suas estratégias de desenvolvimento.

O transporte público sofre com superlotação, atrasos e falta de manutenção. Segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), em 2022, os brasileiros gastaram, em média, 1h20min no trânsito diário, chegando a mais de duas horas em São Paulo. O uso excessivo de veículos particulares gera congestionamentos e um custo anual de R$ 267 bilhões, conforme o IPEA. A integração entre transporte público e soluções tecnológicas ainda é fragmentada, dificultando avanços significativos.

As cidades inteligentes propõem uma mobilidade integrada, combinando ônibus, metrô, bicicletas e carros compartilhados por meio de plataformas digitais. Conceitos como Mobilidade como Serviço (MaaS) ganham destaque, integrando vários meios de transporte em um único serviço digital. No Brasil, essas tendências emergem nas grandes cidades, mas carecem de incentivos e políticas públicas robustas.

O país, líder na produção de etanol, utiliza esse combustível como alternativa sustentável aos fósseis. Veículos híbridos movidos a etanol são uma solução enquanto a infraestrutura de recarga de veículos elétricos se expande. Cidades como Campinas já instalaram estações de recarga, mas a cobertura ainda é insuficiente. Investimentos públicos e privados e o uso de energia solar nessas estações podem trazer mais eficiência.

Uma inovação recente é a rodovia eletrificada de Detroit, nos EUA, equipada com bobinas magnéticas que carregam carros elétricos em movimento. Embora o custo inicial seja alto, espera-se que os valores diminuam com a ampliação da rede. Projetos assim podem inspirar soluções no Brasil, especialmente em corredores de transporte de alta demanda, como o eixo São Paulo-Rio de Janeiro.

Outro avanço é a micromobilidade, como bicicletas elétricas e scooters. Em São Paulo e Rio de Janeiro, o uso de bicicletas compartilhadas aumentou 32% em 2023, segundo a Tembici. No entanto, é necessário integrar melhor esses meios com transporte público. Exemplos como o de Fortaleza, com sua rede integrada de ciclovias, mostram que iniciativas locais podem ser ampliadas.

Em 2023, a China inaugurou sua primeira linha de monotrilho suspenso em operação comercial: o Projeto Fase I do Trem Aéreo de Guanggu. Localizada no Corredor Ecológico de Wuhan Guanggu, a primeira fase tem 10,5 quilômetros de extensão e seis estações. Operando em um modo não tripulado totalmente automático e alcançando uma velocidade máxima de 60 km/h, a solução demonstra como inovações podem transformar o transporte urbano, promovendo sustentabilidade e eficiência. No Brasil, projetos semelhantes poderiam ser explorados em grandes cidades com infraestrutura saturada, como São Paulo, oferecendo opções para reduzir congestionamentos e melhorar a qualidade de vida.

Além dos benefícios ambientais, a mobilidade inteligente traz vantagens econômicas e sociais. Um estudo da Deloitte aponta que a integração de serviços de mobilidade pode reduzir os custos de transporte em até 30% ao ano. Essas soluções também tornam o transporte mais acessível para idosos e pessoas com deficiência, promovendo a inclusão social. Contudo, sem políticas públicas claras, os avanços podem se limitar a áreas mais desenvolvidas.

Cidades como Singapura, Barcelona e Copenhague têm sido pioneiras em transporte inovador. Singapura utiliza precificação de congestionamento para reduzir o tráfego em 20%. Em Barcelona, as superquadras reduziram o uso de carros em 42%. Copenhague, onde 62% da população usa bicicletas, promove transporte mais saudável e sustentável. Estocolmo avanza com ônibus elétricos e autônomos, reduzindo emissões em até 75%.

No horizonte, os carros voadores, como o eVTOL (aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica) da Eve, da Embraer, prometem reorganizar o tráfego aéreo em grandes cidades. Testes estão previstos para 2025, com operações em 2026, oferecendo uma solução futurista para a mobilidade urbana.

A transformação da mobilidade no Brasil é urgente. Iniciativas como carros elétricos, uso de etanol e o trem intercidades São Paulo-Campinas são passos importantes. O sucesso depende de planejamento robusto, investimentos em infraestrutura e colaboração entre governos, empresas e sociedade. Com compromisso adequado, o Brasil pode liderar a mobilidade inteligente na América Latina, melhorando a qualidade de vida e destacando-se na inovação global.

 

Thomas Law   - Advogado, Doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, presidente do Instituto SocioCultural Brasil China (Ibrachina)    e do Instituto Brasileiro de Ciências Jurídicas (IBCJ) e fundador do Ibrawork, hub de Open Innovation especializado em Smart Cites 

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