A proliferação de bactérias e vírus
durante o verão é maior, facilitando a ocorrência de quadros de infecção e
intoxicação
O verão, época com altas temperaturas, exige mais cuidados com a
ingestão de água. Por ser uma temporada que demanda uma boa hidratação, as
pessoas precisam ficar atentas à qualidade do líquido que estão usando para
consumo. A proliferação de bactérias e vírus nessa época é maior, facilitando a
ocorrência de quadros de infecção e intoxicação.
Segundo Jaqueline Aparecida Miranda Ferreira, técnica em Química
do laboratório da Culligan, líder mundial em tratamento de água, o
armazenamento correto da água é algo essencial para evitar complicações. “Caso
esteja levando água para ingerir ao longo do dia, o mais indicado é optar pelas
garrafas térmicas de inox, que conseguem manter a água mais fresca e limpa.
Porém, se for escolher o recipiente de plástico, priorize as que são livres de
BPA, um composto químico que serve de matéria-prima para a produção de diversos
tipos de plásticos, como policarbonatos, por exemplo”, explica.
O formato da garrafa também é um ponto de atenção. “Escolha
aquelas com o mínimo de cantos possível, pois são locais preferenciais para a
formação de biofilmes (contaminação microbiológica em superfícies)”, relata Jaqueline.
A especialista recomenda, ainda, que a água não passe mais de três
horas armazenada no recipiente para evitar contaminações.
“A higienização da garrafa deve ser realizada com uso de água
potável corrente e detergente neutro, para garantia da eficiente limpeza
interna, externa, do bocal e da tampa do recipiente. Esse processo deve ser
feito diariamente, se possível, duas vezes ao dia, dentro do expediente de
uso”, complementa.
Cuidados com água envasada comprada em mercados
Em épocas de extremo calor, em que a proliferação de vírus e
bactérias é maior, até mesmo a água comprada já envasada precisa de inspeção.
“No momento da aquisição de água engarrafada, todo cuidado é
pouco. Deve-se consultar a fonte onde foi coletada, a marca responsável pelo
envase (que deve ser de referência), e a data de envase do fluído”, indica a
técnica em Química da Culligan.
No caso de viagem, Jaqueline recomenda que toda água destinada
para consumo durante a viagem seja levada do local de origem do consumidor. “Ou
então, sempre prefira a água de marcas de referência que a pessoa já tenha o
costume de consumir”, complementa.
Verificação de caixas d’água
No caso de a pessoa ir para uma chácara, por exemplo, que conta
com caixa de água, também deve-se tomar cuidado, visto que a mesma pode estar
destampada, com a tampa quebrada ou suja.
“O recomendado é o inquilino utilizar essa água para higiene da
residência, nas descargas, banho e não consumir ou mesmo cozinhar com ela,
visto que pode estar contaminada”, alerta.
O cuidado também vale por conta da dengue, pois muitas cidades já
estão registrando alta nos casos neste começo de 2025. Devido ao difícil
acesso, por estarem localizadas nos telhados, a falta de cuidado pode
transformar esses reservatórios em ambiente de proliferação do mosquito Aedes
aegypti, transmissor da dengue e outras doenças, como gastroenterites,
hepatite A e leptospirose.
"A caixa d'água é o principal reservatório da casa de uma
família e está diretamente relacionada à qualidade do líquido para nosso
consumo. A responsabilidade da qualidade da água dentro das casas é do cidadão,
que deve garantir um ambiente controlado de acordo com a recomendação dos
fabricantes das caixas", alerta a química.
Segundo Jaqueline, a higienização das caixas deve ser realizada a
cada seis meses ou quando o morador perceber a presença de um material
‘gelatinoso’ nas paredes. "A presença deste material indica a formação de
biofilme, ou seja, impregnação microbiológica na superfície do reservatório, o
que representa um comprometimento da qualidade da água para consumo",
ressalta.
Um dos fatores que levam a proliferação deste material nas paredes
da caixa d'água é a diminuição da concentração de cloro na água. O especialista
explica que, se a concentração de cloro é inferior a 0,2 mg/L, permite a
proliferação de microrganismos que oferecem riscos ao organismo humano.
A química conta que a concentração de cloro diminui quando a água
fica muito tempo parada, sem consumo. Por isso, diz ela, quando a família fica
alguns dias fora de casa, é recomendado que o registro de abastecimento da
caixa seja desligado para evitar que ela encha.
"Ao retornar, essa água não deve ser utilizada para
hidratação ou para cozinhar, apenas para a higienização. Apenas depois do
esvaziamento completo, a caixa d'água deve voltar a encher e o consumo
continuar", conclui a especialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário